#GRAÇA MENINEIRA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: POEMA



Meu nada enchendo meu tudo,
Entre meus erros linguísticos,
Semânticos, metafísicos,
Imprevista verdade
Brilha aos serafins,
Na consciência abismática
A graça menineira,
Qual inédita alvura!


Dor
Mirar o chão de folhas secas,
Sombras nas lápides do campo santo,
Poeira nas estradas longínquas
Cujas margens são de pedregulhos feitas,
Entulhos na superfície das bocas de lobo,
Treva à soleira da caverna,
Poesia nos discursos sombrios
Na maré de ciências ordinárias
Alfim superadas
Alguém colocar bandeiras com enigmas
Nas letras apagadas.


Ando para a luz levando o fardo de desejos,
Esperanças de ver-me “ser” nas linhas
Do espírito e eterno,
Esforço-me para não ruir, seco e falido.
Fracas possibilidades de letras reais
Nos sentimentos verdadeiros,
De vozes imaginárias nas emoções re-criadas,
In-ventadas,
Esboçam-se e des-aparecem
– quase verto lágrimas pujantes! -,
Roendo entranhas,
Re-vezando mordaça,
E a escuridão em que tateio o trajeto
arrasta correntes,
mas sigo na busca des-esperada
De me ver sendo.


Dor
Mirar a morte e a prisão,
Além dos desertos,
Sou varado pela noite
Onde o lume do vaga-lume pisca,
Onde resolvo embriagar-me de reservas
Colossais do futuro, pós-futuro, pretérito,
Ondas de água salgada,
Absorvo epopéia,
Resisto e penso,
Durmo agora.


(#RIODEJANEIRO#, 16 DE SETEMBRO DE 2018)


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