SONIA GONÇALVES ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA O AFORISMO 850 /**PERPETUA-SE O EQUÍVOCO**/
Perfeito Manu... De fato, a solidão que domina a humanidade d'uma forma
sombria, consiste sim no fator primordial, ausência de amor no coração humano.
Eu nem vou entrar no mérito da questão, pois poderia até ser mal
interpretada...Amo os animais de uma forma geral... excetuando as serpentes
talvez rsrsr porque tenho pavor, contudo meu querido vejo tanta gente lutando e
falando em amor pelos animas, porém não ama um milimetro seu semelhante, ai
você poderá dizer, mas Soninha os animais são bem melhores que os humanos,
podem ser, devem sê-lo, mas... eles não falam com você, não te retrucam quando
não gostam de algo, não gritam, não atiram em você , não te xingam... O maior
desafio não é amar um cão que depende de você para alimentá-lo ou um papagaio
que só vai dizer o que você ensina, o maior desafio é amar outro igual, igual
sim porque ninguém é perfeito, muda apenas os defeitos entre um ser e outro
porém somos imperfeitos, e seu texto me arrancou esses pensamentos à medida que
é um texto super reflexivo Manu... Você mesmo questiona o tal paradoxo do ser
ambíguo onde permanece a dúvida...Acho que sim apesar de não perceber você tece
sim ideias e considerações primordiais... adorei muito seu texto Manu a negligência
para com o criador é o motivo do caos.O Homem sem um ideal sem Deus, é um
naufrago no mundo. Bjos querido amigo. Té...
Sonia Gonçalves
(10 DE JUNHO DE 2017
Você, Soninha Son, intuiu, percebeu, visualizou, compreendeu e entendeu
com perfeição e excelência o "eidos" deste Aforismo: "Paradoxo
do ser ambíguo onde permanece a dúvida". Não sou ateu, mas no Deus das
religiões, sobretudo no da Igreja Católica, não acredito mesmo. O paradoxo é
justamente este: a humanidade reverencia um Deus e vive plenamente à parte
d´Ele. A humanidade canta, decanta, recita, declama o Amor, mas nada ama, nem
mesmo os animais. O aforismo traz em si a pretensão da definição, da
conceituação, deseja reger a vida. Este aforismo define os paradoxos humanos.
Defini-los apenas seria o suficiente? Defini-los e regenciá-los,
gerenciá-los, desejar superá-los, suprassumi-los, con-templar as águas de
outros lugares, onde ec-sistir com dignidade e honra, construir a cada passo
este mundo, ser homem por inteiro. Isso denomina-se consciência-ética, a
auto-ética, e só o amor pode trans-formar, re-modelar, artificiar a
ec-sistência, mas é preciso conhecer o amor que habita em si mesmo para
transmiti-lo ao outro. Só definir o amor não adianta coisa alguma, ele precisa
vir de dentro.
Perpetuam-se os equívocos, mas são outras sementes para orquídeas
brancas ainda mais belas.
Té, querida!
Manoel Ferreira Neto
(10 DE JUNHO DE 2017)
#AFORISMO 850/
PERPETUA-SE O EQUÍVOCO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Deus tem pleno sentido, Deus só tem sentido existencial se for resposta
à busca radical do ser humano por luz e por caminho a partir da experiência de
escuridão e de errância, de solidão e sombras. Ou simplesmente pela experiência
iluminadora de sentido que deriva da vida, da majestade do universo, da
inocência dos olhos da criança.
Deus olhou suas criaturas e com divino e paternal cuidado constatou que
a solidão não lhes faria bem, não realizaria suas vidas. Olhou-as com olhar
preocupado, sentimento de alguém que só quer o melhor para elas, pois na
vontade divina não cabe a solidão. Con-templo agora nós, geração marcada por
estar assim, tão só. Mergulho em alguns temas procurando respostas... Vejo a
solidão com três faces: a primeira, espiritual. Quanta gente só, diante do
mistério, diante do inefável, diante da Vida. Não escuta Deus, não fala com
Ele, não o encontra, não o pensa, e ainda tem a petulância de ser ateu, o maior
inconsciente é aquele que negligencia a inconsciência. Falar de Deus os homens somos
capazes mesmo sem palavras, mas falar com Deus é necessário haver palavra que
possa Ele ouvir, e esta só poderá ser dita através do Amor e da Compaixão. Que
solidão terrível, esta: a criatura desencontrada do seu criador, semente sem
campo para germinar, alma que não encontrou o caminho da própria casa.
Quem sabe devesse tecer considerações que penso e sinto serem
primordiais no sentido de tornar lúcido o que dentro trago em mim, o paradoxo,
que, por vezes, não encontro modo de definir, as situações indecorosas em que
me envolvo, muitas vezes tendo de calar-me, nada dizendo, deixando-me exposto a
todos os ventos e sibilos deles de entre serras e montanhas. Há quando penso
comigo que questiono a natureza da arte, expressá-la de modo exemplar e único, estilo
particular e singular, tendo de carregar a tinta no que há de contraditório,
sem senso, quem sabe atingindo o efeito pretendido, o que requer submissão às
constantes análises sobre a produção. A idéia assume o papel de motor que faz a
arte.
E, em me referindo ao ambíguo, não posso deixar de registrar, ainda que
penso não devesse estar tecendo tais considerações, para que irão servir,
pergunto-me, angustiando-me, pois que não saberia responder por elas. O ambíguo
se me apresenta num campo aberto de sentidos, revelando ou sugerindo diversos
significados, às vezes até opostos, sem confirmá-los jamais, se o fizesse,
creio, perderia a originalidade, pois que intencionam ser imagem do mistério.
Como o objeto ambíguo aponta aspectos e valores múltiplos!...
Perpetua-se o equívoco, que não se extingue, mesmo quando, por instante,
penso que encontrei o sentido verdadeiro.
Manoel Ferreira Neto
(10 DE JUNHO DE 2017)
(**RIO DE JANEIRO**, 10 DE JUNHO DE 2018)
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