#AFORISMO 856/ O DESEJO É ORIGEM DA VERDADE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
I - VIOLINO
Sentinelas
Espírito de verbos em ritmos, melodias. Corpo de baile, performances de
gestos. Aliterações, prosaicas sin-estesias. Mãos vazias, nasce uma
poética-pensante. Homens diferentes só são encontrados no xeque-mate, onde é a
sua igualdade.
Arranjos líricos con-figurando pers-pectivas de estética uni-versal,
re-versando de imagens místicas águas coloridas de arco-íris, neblinas regando
de níveas solidões longínquas sarapalhas do in-fin-itivo efemerizando
in-fin-itudes finitas do tempo divagando entre sibilos de vento, entre trinados
de pássaros, entre as três margens do rio da floresta esplendida aos raios de
sol, perpassando as frinchas de árvores frondosas, oliveiras, palmeiras,
pinheiros, flamboyants, in-versando, ad-versando, con-versando de luzes
mitológicas a areia banhada de ondas do oceano à mercê da lua cheia, às quiças
dos planetas a percorrerem longínquas docas, frente à efígie e a esfinge
re-fletidas na imagem do espelho.
II - HARPA
Gaivotas dormem o sono de sereias, sonham os deuses lusiádicos do mar,
re-festelando à soleira de ilhas perdidas, versejando in-lúdios, pre-lúdios,
fin-itudes in-finitas de aquéns, plen-itudes eruditas de alhures, emoldurando,
na face de espelho lendário, a essência do verso-uni ad-vers-ificado de
nostalgias sinuosas nas linhas de éritos, sonhos esquecidos, ilusões simuladas,
quimeras imaginadas, melancolias, saudades lusitanas, mister pagar pela
eternidade e morrer várias vezes, enquanto for livre, enquanto viver, Inês de
Castro desenhada de fluidos ad-vindos da profundidade do oceano, a serpente
paradisíaca no seu instante de preguiça, estremecendo as linguísticas
metafóricas dos sentidos do genesis envelados de ideologias temporais, na
consumação do espírito eterno, movimentará sua língua às cavalitas da rede no
vai-e-vem do ser-vagabundo-de-divin-idades-históricas-de-confins...
III - CÍTARA
Vontade de trans-mudar o belo das estesias, est-esias. Desejo de
trans-literalizar a beleza pururuca do in-audito, vers-ificando conúbios de
Ganache, ganache de éritos sonos do tempo enovelado nos planetas, ganache de
miríades de orvalho regando de gotículas as bordas de Júpiter, abismos em
precipícios de "Nada sou/À parte isso, tenho todos os sonhos do
mundo", por qualquer coisa de mim querer mais longe a-nunciações do porvir
ad-jacente ao ab-strato-sub-strato, stratus. Sensações pervagam livres abismos,
instintos deambulam excitados grutas, cavernas, ilhas desertas, bosques
sinistros, portos misteriosos; são suaves, ternos à soleira do encontro do mar e
as estrelas cintilantes... Assim, alço voos profundos à busca, no além,
abstrato-porvir, inaudito-ad-vir, re-festelar a alma sedenta de metafísicas do
vazio-silêncio preenchendo lacunas, solidão do nada performando forclusions.
O desejo é origem da verdade.
A verdade é fonte lúdica do absoluto.
O absoluto é princípio do pleno...
IV - FLAUTA
De in-fin-itudes do tempo e eterno, retina às visões ampliando olhares
do vir-a-ser pleno, princípio, origem, genesis, utopias vedas, veredas gran,
sendas, silvestres alamedas. A luz diáfana fosforescente numinando de miríades
de raios solares, iluminando de oásis desérticos o ser olvidando imagens de
efígies pretéritas efêmeras, à mercê de tempos in-esquec-íveis, à
uni-versal-itude do vazio-nada, ad-jacência à ternidade trans-figurada,
trans-elevada, trans-cendida, desejos do "ent" em "ids", de
seren-itudes espalhadas e abertas às solen-idades do vento na colina.
Sinfonia: sentinela de verbos defectivos e sem sentido...
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE JUNHO DE 2018)
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