Maria Isabel Cunha ESCRITORA CRÍTICA LITERÁRIA E POETISA COMENTA O AFORISMO 912 /**NA LIBERDADE DA CAMINHADA NOS ENCAMINHAM OS CAMINHOS SILVESTRES**/ - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#




Este texto ressalta a relação que o homem trava com o seu semelhante e pelas coisas que o circundam. É através da linguagem falada ou escrita que cada Ser se define e assume perante os demais. Segundo o autor, todos oriundos de uma mesma matéria sentimos necessidade de comunicar e até unir com os outros na caminhada da vida. Na linguagem, o não-ser desentranha-se do Ser, revelando assim as características próprias e singulares que distinguem e identificam cada Ser isolado e único. Texto riquíssimo pelos conceitos que apresenta e justifica, merece toda a atenção do leitor. Parabéns, escritor amigo. Um abraço.


Maria Isabel Cunha
(29 DE JUNHO DE 2017)


Agradeço-vos, Maria Isabel Cunha, a vossa chamada aos leitores para o merecimento de atenção deles para o que este Aforismo professa. Em verdade, Maria, este é um texto que chama atenção de quem pensa, reflete, medita, indaga, perquire, pergunta, elucubra, são muito poucos. Hoje a luz da ribalta está brilhando para as futilidades, superficialidades, para os não-valores, alfim habitam o mundo presente, e este é a expressão máxima do VAZIO, o VAZIO faz-lhes sentir presentes no mundo, atuais.


A minha missão é escrever. Os poucos a quem os meus aforismos despertam a atenção, são objetos de admiração deles, são-me suficientes, realizam as minhas intenções. Endosso o título da obra romanesca de Érico Veríssimo "O resto é silêncio".
Manoel Ferreira Neto
(29 DE JUNHO DE 2018)


#AFORISMO 912/


NA LIBERDADE DA CAMINHADA NOS ENCAMINHAM
OS CAMINHOS SILVESTRES#
GRAÇA FONTIS:
PINTURA
Manoel Ferreira Neto:
AFORISMO


"O caminho se presentifica frente aos obstáculos que a vida nos apresenta" (Graça Fontis)


Por seus atos, o homem se determina, sai do magma das coisas, enquanto impõe seu ato livre: ele ek-siste, mantém-se de fora de si mesmo, no seu projeto, sua relação com o que é. O existente é o único ente capaz de abertura ao ser. Assim, se a existência do homem é autêntica, faz sentido por si mesma.


Uma vez que falar é comprometer-se, o sentido dessa moral é manifesto: trata-se, como no sistema do filósofo Kant, de realizar o universal com sua própria carne. Uma vez que se escreve ou se diz, fá-lo sempre a partir da verdade de quem somos, de quem re-“presentamos” na vida e no mundo, nas relações com os homens, as coisas e os objetos, a partir da res-ponsabilidade em/de buscar e desejar a nossa autenticidade, verdade, a superação de nossos problemas, tornarmo-nos homens-Deus.


Há no ser humano o apelo pela fusão, para a unificação, para a comunhão com todas as coisas e para ser um com elas. Os raios que se fundem lentamente à noite delirante e caprichosa são a nossa inarredável saudade do momento em que estávamos todos juntos, éramos energia originária com imensas virtualidades de realização.


Na liberdade da caminhada nos encaminham os caminhos silvestres, enquanto nos levam a pensar a essência do real na radicalidade das diferenças de ser e não ser. Na linguagem se trava a luta em que o não-ser se desentranha do Ser, dando ensejo a que os entes apareçam. Nada na alma, “a força da semente/que rompe a terra e surge vigorada”, a semente que é a-núncio e promessa, luz que re-vela a “árvore-da-vida” que trará frutos, se a regarmos de sinceridade, seriedade, dignidade e honra, se a vivermos de modo autêntico, e nas trilhas da vida vamos sentindo o gosto delicioso e essencial de nossa felicidade e alegria, contentamentos e prazeres, e desejamos chegar ao nosso destino. Os sentimentos, a espiritualidade que nascem, re-nascem em nós, rompem nossas dificuldades, problemas, angústias, tristezas, depressões, e surgem vigorosos, plenos e sedentos de VIDA, de realização, lançando ao céu, aos horizontes e universos, o broto resistente de que somos vocacionados à plenitude, à sublimidade e eternidade, num “excelso brado”, re-presentados e arquetipizados, literalizados e anunciados, re-velados e manifestados pelas orações em voz silenciosa, quando a nossa expressão é real, eivada de sonhos de redenção, salvação, ressurreição, sobretudo de espiritualidade.


O silêncio se dá na impossibilidade e como impossibilidade de falar e escrever sobre ele. A voz silenciosa se revela na possibilidade se ouvirmos no mais profundo de nós, nos interstícios de nossa alma e espírito, as “palavras” de nosso ser que anseiam pela luz do mundo, nas re-(l)-ações com os homens, as coisas, os objetos, a vida na sua essência divina.
Manoel Ferreira Neto
(28 DE JUNHO DE 2017)


(#RIODEJANEIRO#, 29 DE JUNHO DE 2018)


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