MARIA ISABEL CUNHA ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O AFORISMO 896 /**PERFEITOS ESTRANHOS**/ - PROJECTO #INTERCÂMBIO CULTURAL E INTELECTUAL#




Que belo efeito! O texto conseguiu ultrapassar em riqueza semântica o poema que lhe deu origem. O paralelismo entre o palhaço que se diverte para fazer rir o público e o hipócrita que inventa poemas, pensamentos ou textos que fazem sorrir o leitor pela ideologia pouco fundamentada, aleatória e até estereotipada, para passar ao leitor uma imagem não condizente com a realidade, uma " imagem re-fletida no espelho da re-presentação! Excelente, Parabéns, amigo Manoel Ferreira. Um abraço. Noite feliz.


Maria Fernandes


#AFORISMO 896/


PERFEITOS ESTRANHOS#
GRAÇA FONTIS:
PINTURA
Manoel Ferreira Neto:
AFORISMO


Hipocris-itudes eternas! Hipocris-idades imortais!


Verbos verbalizam sendas longínquas do ser. Os lácios do Verbo da Língua Inglesa patenteiam o in-audito das ações à busca do Ser do Inter-dito. Os lácios do Verbo da Língua Francesa realizam o silêncio da sensibilidade à busca do Ser do Espírito. E por que os lácios do Verbo da Língua Alemã corroboram-se no fim do período? Perfeitos estranhos.


Mentes mergulhadas em verdades inter-ditas de sombras a envelarem horizontes, de brumas a encobrirem universos, de trevas a esconderem o silvestre da floresta, as margens do rio; almas chafurdadas em esperanças entre-laçadas de vazio e nada glorificando o Apocalipse da In-dignidade e des-honra, louvando o Hades da Proscrição e Heresia, ideais entupigaitados de nonsenses do sonho, enaltecendo as primevas trevas do mundo, em cânticos mefistofélicos da maldição, ódio, insensibilidade, sem valores - alma penada vagando em túmulos do poder, sem virtudes - instintos condenados perambulando nos epitáfios de tabernáculos à luz das imagens sacras sem ética - carne sem ossos, rogando o verbo da plen-itude, a verbalização da essência absoluta do divino, sem moral - cinzas dos princípios primevos re-nascidas nos umbrais da amoralidade que seduz os dogmas da indecência, corações perenecidos de utopias de ideologias, interesses espúrios da alienação, ausência da fé de as bem-aventuranças salvarem o eidos do sublime, In-sensibilizando as dimensões trans-cendentais dos desejos de liberdade, vontade da divin-idade, ossos, cinzas, nada, des-carne das ilusões que, nas fontes do uni-verso além das con-tingências, alimenta-se de a-nunciações do gozo de serem sementes de gerúndios de sonhos, indicativo presente do Ser-com a vida, Ser-para-a-morte, palavras, versos, re-versos, in-versos, estrofes, acorrentadas de símbolos, signos, metáforas ao secular, milenar gozo do abismo inaudito indizível "Ad perpetuum nihil"...


Passado sem vírgulas entre ad-vérbios temporais. Pretéritos sem o tempo da continuidade entre as imperfeições e perfeições, sem o olhar percuciente às intenções das utopias e intenções de liberdade. Eterno eterniza nonadas perdidas nos vácuos. Espelhos espelham imagens projetados no infinito, no buraco negro. No finito infinitivo do vazio metáforas cintilam. Nos gerúndios particípios das angústias, linguísticas brilham. Sou quem não sou, não sou quem. Pervago nas estradas de poeiras semânticas sozinho. As esperanças devem acompanhar passos comedidos. Cogito ergo nom sum nos universos. Semânticas ilusões preenchem espaços, distâncias campesinas.


Fals-itudes plenas e divinas... Versos, re-versos da morte, fim con-tingente do corpo, re-citando evangelhos do sem-verdade de ovelhas em rebanhos da ausência de fé, im-plorando o des-paraíso terreno, o baldio dos becos sem saídas, nos tabernáculos de templos edificados às glórias chifrudas da infidelidade ornamentada de prazeres, saltitâncias, perecendo da alma as quimeras da felicidade, fantasias do amor, quimeras da Cáritas, estrofes in-versas de pós-cinzas, nada do Ser, nonada do espírito , ads-tringentes do frio milenar, secular da des-ética, des-moral, vivenciadas nos mata-burros da não-travessia da noite da Idade Média pós-moderna aos raios de sol que de-clamam as vers-itudes lusitanas da esperança da glória eterna, as luzes da ribalta mundial com que os palhaços brincam, di-vertem-se, riem de angústias e tristezas, sonhando o camarim da alegria, idealizando a imagem re-fletida no espelho da re-presentação da imagem do ser-com-os-verbos-do infinito...


Semânticas ilusões preenchem espaços, distâncias campesinas. Presente sem vírgulas entre verbos defectivos. De forma alguma pers palavras significam. Multiplicam sentidos nos uni-versos multifacetados, dispersos. Lâminas afiadas ceifam signos, significando sorrelfas. Ando sozinho perscrutando arribas de sombras.


Saio de pequenas frases, entro no abismo de ventos frios, perpassando as dimensões da contingência, atingindo os auspícios do inaudito. Quiça a roda-viva do ser e não ser movimente o redemoinho das volúpias e êxtases, das atitudes e liberdade.


(#RIODEJANEIRO#, 23 DE JUNHO DE 2018)


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