#AFORISMO 858/ DO VERBO LESTE DE MELANCOLIAS, NOSTALGIAS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



Curvilíneas as idéias da náusea e do efêmero que se me patenteiam neste instante-limite em que perscruto as antemãos con-tingentes das falácias verbais tangentes à verdade de que a dádiva de artificiar o Ser fora negada, proibida desde os primórdios da vida humana, o que ao homem cabe, de sua responsabilidade é criá-lo, re-criá-lo ao longo do estar no mundo.


O ipê amarelo lá fora se medita
- curvilíneos os pensamentos da natureza e do verbo...
O inverno é caliente em mim, que o estou berçando
- curvilíneas as utopias da contingência e do verbo leste de melancolias, nostalgias, conjugando devaneios e desvarios da morte e do além... curvilíneos os manque-d´êtres e as metáforas póstumas da compl-etude e da inteireza, o tempo ficará repleto e não ouvirei o clamor, os irreparáveis uivos do lobo, na solidão... a boca comendo ec-sistência, a boca entupida de ec-sistência e palavras jorrando dores, sofrimentos misturadas à borra dos séculos pretéritos, dos milênios por virem...
Terra a que me inclino sob o frio de minha testa que se alonga e sinto mais presente quando abro a porta ao alvorecer e digo sussurrando, quase em silêncio: "Já é dia!..."
- curvilíneos os sonhos... ao que vai morrer se estende a vista de espaços numinosos, de vozes ruminantes, intocáveis...
Em meio aos oratórios já vazios em que minh´alma expressionista, intros-pectiva, circunspecta tenta confortar-se mas só vislumbra o frio noutro frio
- curvilíneas as liberdades de criar o destino de palavras ditas ao que está além, clara via por certo se abrirá de mim a mim, pois que eu essência, ou forma vazia, não habito arquitetura imerecida... ec-sistir seja como for, na tristeza de ser exaurido e peito deserto, no fundo da miséria destinada a melhor sentido.


Regresso à vida com uma disposição de alma estranhamente sossegada, com sentimento novo de segurança, em meio aos perigos , tumultos e êxtases, fragmentos estranhamente isolados do todo de uma vivência, somente nesta atmosfera sinto-me de novo no reino da liberdade...


Curvilíneos os áureos tempos, o círculo da água refletindo o rosto, outras riquezas en-veladas, ocultas, au revoir, se despedaçaram - deixe o mundo ec-sistir irredutível ao canto, aos cânticos, as canções, superior à poesia, a fuga da fuga, o exílio sem água e palavra, a perda voluntária da memória. O sol eterno brilha de novo novamente, salva o tempo das penúrias e das trevas... serei olhos guardados nas pálpebras exóticas, catárticas, patéticas.


(#RIODEJANEIRO#, 13 DE JUNHO DE 2018)


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