/**VENHO DO NADA, A MINHA GENESIS É O NADA**/ - Manoel Ferreira


Venho do nada, a minha genesis é o nada. Nada sou. Nadificando tristezas, angústias, vers-ifico o sonho do In-finito, sentir a presença do que me trans-cende, ser livre, do nada à verdade de mim. Não vers-ifico poesia, vers-ifico a sensibilidade do desejo, do volo, da esperança, do sonho, o eu-poético do nada é a nadificação da contingência, ser a trans-cendência das verdades con-ting-entes, à busca do sublime-verdade do verbo, do ser.
Venho do nada, a minha genesis é o nada. Nada sou. Nadificando melancolias, nostalgias, saudades, versejo não a sensibilidade de um poema, suas estesias estéticas, seus ex-tases espirituais, sim a subjetividade do não-ser que aspira, angustiadamente, a luz da ribalta do verbo, do ser, e só nas viagens pelas paisagens do In-finito vou colhendo, re-colhendo, a-colhendo imagens do vir-a-ser.
"Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes", diz-nos o imortal, eterno poeta Goethe. Nada, não posso trilhar os caminhos de quem, através do eu-poético, diz-se poeta, disse poeta; fazê-lo, estaria nadificando o nada que sou, ser unicamente poesia.
Venho do nada, a minha genesis é o nada. Nada sou. Não sou poeta, não poetizo, não poematizo, sigo a minha trilha de nada à busca não do verso, da estrofe In-finito, sim do verbo do Ser. Atrás de mim, vou deixando nas estradas de poeira, de solo árido, nos campos de silvestres flores, nos campos de nada devido à seca plena, os passos de nada quem sou, sempre à busca do Ser. Vou nadificando o "eu-poético", vou criando, recriando, inventando, re-inventando o "nada-verbo".
Venho do nada, a minha genesis é o nada. Nada sou.



Manoel Ferreira Neto.

(14 de fevereiro de 2016) 

Comentários