/**ESBOÇO DE UMA BLAGUE À IMBECILIDADE - REVISADO**/ - Manoel Ferreira


Onde é que chegou a imbecilidade de alguns homens?! Ad-mira-me... Espanta-me... Assusta-me...
A imbecilidade consciente de suas origens, o lídimo útero de onde ad-vém, até mesmo o sêmen que a concebeu, a sua verdadeira jornada no mundo, entre os homens, entre todas as ideologias e verdades, por inter-médio dos interesses e canalhices, não desperta nem esboço de sorriso, não brilha os olhos de curiosidade, não dispara o coração de inveja e despeito, mas a imbecilidade inconsciente do ser e não-ser que lhes habita as algibeiras e alforjes, é merecedora de gargalhadas, esbugalha os olhos de sarcasmos e ironias, desperta vontade de mergulhar nela e arrancá-la de dentro, esmiuçá-la, espezinhá-la, divulgá-la a todos os cantos, recantos, mostrá-la a todos os homens, fique à mercê de quem desejar fotografar-lhe, colocar-lhe na moldura, expor-lhe sobre a mesa de jantar da família, a fim de que todos antes de se deitarem e levantarem a venerem, rendam-lhe graça. Dormem o sono dos justos por saberem que a vida imbecil não atrapalha a marcha do tempo, os ponteiros do relógio de pontuarem os segundos e minutos não sofrem qualquer mudança. Pelo contrário: para quem lhes é exigido que sejam extremamente imbecis, que se revelem em todos os níveis, é exigido inclusive que durmam como inteligências medianas e acordem como gênios. Quando todos tiram o chapéu, curvam-se em sinal de reverência, tecem discursos divinos de encômios e vanglórias à imbecilidade consciente e inconsciente, constroem-lhe o Olimpo, tornam-lhe patrimônio da natureza humana, não reconhecendo entre elas quaisquer diferenças, todas as forças que habitam os instintos, coloco nas patas as devidas ferraduras e dou coices consecutivos em ambas.
Aqui não estou para escoicear, sim para tecer uma blague à imbecilidade, jamais conheci blagues a alguma coisa, por exemplo, blague à loucura ou da loucura, blague à dignidade ou da dignidade, blague ao filhodaputa ou do filhodaputa, e como amo de paixão as coisas inéditas, estão sendo elas as responsáveis diretas pelas conquistas e encontros de minha vida, eis a ocasião e oportunidade de fazê-lo com a imbecilidade. Espero de vós os devidos aplausos e reconhecimentos, mas se me quiserem enviar as batatas, bananas, pouco diz respeito a escolha, dou-me por feliz e considerado.
Quem sabe no século XXII ou XXIII haverá alguém de cultura e intelecto privilegiados que possa com simplicidade e humildade res-ponder a este questionamento feito aqui no século XXI, mais precisamente no seu décimo-sexto ano de início, quase segunda quinzena de fevereiro, sob a luz da chama de uma vela, ardendo no castiçal de prata em cima da mesa da sala de visitas, chuva fininha caindo além da janela, há três semanas contínuas que chove, as ruas estão verdadeiramente uma meleca pública e notória; fora acesa para pedir a Deus que estie a chuva, antes que nada reste – com isto não ousando enfaticamente dizer que no passado, séculos anteriores, outros homens não tenham feito o mesmo questionamento, não o res-pondendo com inteligência e sabedoria, deixando, contudo, as possibilidades de isto ser re-pensado, in-vestigado; por vezes as res-postas tão desejadas de agora só podem ser dadas noutros tempos, cabe apenas não se esquecer da pergunta feita, os sentimentos de esperança que habitam nela, os ímpetos da utopia cristã e pagã de transformação e mudança que se a-nunciam no espírito, o que é bem difícil, pois que as ideologias facilmente as levam, não deixando nem simples vestígios delas. Quem sabe nesse milênio ainda alguém não escreva Elogio, Tributo, Saudação à Imbecilidade, arrisco uma blague escrever – as características que constituem uma blague apenas as trago dentro em mim, em nível da intuição e imaginação, podem ser catadas aqui e ali no inter-dito, todas só daqui a alguns séculos, quiçá décadas.
À guisa de exemplo no que tange a isso de haverem questionamentos que não foram respondidos, aquando feitos, só bem mais tarde respostas foram dadas, ficando por sempre abertas e sujeitas a análises e interpretações, cito uma que me surgira há anos, e no decurso de todos eles busquei resposta. O questionamento fora: “Por que não me prendo a nenhuma aparência?”, dias mais tarde outra no mesmo estilo, “Por que a hipocrisia não tem um leito de flores no regaço de minha alma”. Só recentemente pude sabê-lo, após haver recebido de íntimos uma obra de Lao-Tsé, Tao Te Ching, O livro que revela Deus. A resposta é: “Porque vivo na essência”.
Posto neste estilo e linguagem, afigura-se em nosso século estar realmente faltando homens de cultura e intelecto, de sensibilidade e espírito, honra e dignidade, quem possam isto asseverar, não há quem possa apresentar simples argumentos que indiquem e identifiquem o lugar a que a imbecilidade deles ocupa neste Olimpo, enfatizo “neste”, desejo o instantâneo do lugar, a sua imagem transparente em todos os ângulos, perspectivas, explicarei em seguida, aquando poderei quem sabe até mais corretamente fazê-lo, sendo mais feliz e realizado, usando “no Olimpo” – não está sendo exigido que mostrem a cátedra em que se refestelam, deleitam-se a olhar de cima os humanos a distribuírem suas amenidades e picuinhas das posições e funções, importâncias e vanglórias, em verdade, as mesmas negligência e indiferença de Zeus para com os humanos, as suas desgraças e infortúnios, enfim, era filho...,
[meu Deus,
não justifica nem um ínfimo
o esquecimento da filiação de Zeus];
[quem sabe.
acometeu-me a insigne censura,
o medo de uma gafe
por de mim ser reclamado,
por a mim ser exigido,
por me ser de responsabilidade e compromisso
que saiba mitologia, não tenha dúvidas dela,
não a esqueça de modo algum,
o seu filho divino,
noutros oráculos de antemão e revezes,
noutros tempos],
[e também
não estou bem certo de Zeus ser Pai de um deus
que fora negligente e indiferente,
o da Caixa de Pandora,
se este é que é Filho de Zeus...]
– aqui não podendo, quem sabe não tendo argumentos e documentos comprobatórios da negação segura e convicta, fui-me acometido de uma gafe, um esquecimento que nada possa justificar, o medo é de não ser entendido, seja merecedor incólume das insatisfações, ódios e raivas de todos, de muitos, pelas ruas comerem-me com os olhos, agressões morais e éticas, quem sabe até física, as devidas e sublimes conseqüências, assim me prejudicando por todo o sempre, a figuração de jogos e prazeres, de achaques e pitis, medos e embófias, não podendo então realizar o que tanto sonho, recuos e cautelas são imprescindíveis.
Por ser filho, poderia mui bién ser negligente e indiferente, por o pai sempre justificar e perdoar as mazelas e pornéias de seus filhos, por até gargalhar de suas inconseqüências e irresponsabilidades, “enfim “o meu garoto” continua sendo rebelde, ainda não aprendeu as estratégias do recuo e da cautela”. Revê Zeus inventários; anônimo, arma o vocabulário das carícias sem pronome adentro, seus corredores conspurca suas herdeiras na fome por trás do espólio dos crimes, o ácido espúrio do lamaçal onde o puteiro rasteja sudorento de sal, as putas arrastam-se nos bueiros enferrujados de senilidade, as simples vadias da sociedade, da elite, desfilam seus corpos pelas alamedas, becos, ruas e avenidas, no Caminho dos Escravos é que encontram seus amantes, adúlteros ou simplesmente aventureiros.
Sim, não poderia me esquecer de que estive a trocar dedo de prosa com alguém de minhas relações pessoais, numa livraria, em princípio, e depois sentados a uma mesa numa taberna de esquina, aquando me perguntou se isto de estar sempre a usar palavras que não são de conhecimento de todos, aliás, muito poucos as conhecem, nunca as usam, se a intenção é de não ser entendido pelas pessoas, teria algum rabo inconsciente preso nas teias do passado e seus incólumes problemas, se a intenção é que estas palavras não conhecidas da maioria, conhecidas por poucos, não as usando em tempo algum, não reside uma pilhéria, não suscita o desejo de saberem que estão sendo negligenciadas e denegridas em suas imagens e representações, deixando-os irritados e insatisfeitos.
Seria que as palavras devessem ser as que são conhecidas e usadas em todos os momentos? Seria compreendido e entendido por todos? São tão poucas que não dariam para escrever uma obra de cinqüenta páginas, pararia por aí, qualquer outra seria só de repetir o mesmo, as mesmas construções, as mesmas frases, poucochito de criação me serviria das inversões da estrutura. Haverá dia em que escreverei uma obra, utilizando-me da inversão, inspiração que me surgiu a partir de Rui Barbosa que escreveu uma sem a presença de único verbo. Isso de necessitar pesquisar no dicionário gasta tempo e “time´s money”. Digo: não me seria possível memorizar o dicionário por completo, quiçá pudesse! Respondi-lhe, senhores, que existe nisto uma vontade de brincar com as palavras, de torná-las flexíveis, mais ainda do que já são, jogando com os sarcasmos e ironias, uma blague, assim o diria, para ser mais específico. Acrescentei a essa consideração professora de Português haver-me dito que necessita de dicionário ao lado para ler o que crio. Sorrindo à sorrelfa dos idílios, disse-lhe que considerasse estar eu buscando um novo gênero, quem sabe a “blague”, se algum dia conseguisse essa façanha, a coisa primeira que escreveria seria Blague à Imbecilidade. Resultaram minhas palavras em gargalhada altissonante por parte de meu amigo. Já que não sou gênio para da noite para o dia criar algo de novo, novíssimo, revolucionando e transformando todos os tempos, resta-me tão simplesmente a esperança, sendo só alcançada ao longo da jornada, aqui é apenas esboço simples e humilde, modéstia às favas sou conhecido e considerado como um homem que só mete a mão na cumbuca, quando está ciente e consciente das coisas.
Não diria que tenho rabo preso nas teias do passado, mas quando adentro e vasculho todos os seus quartos e nas cortinas rendadas de amarelo e roxo vislumbro a nudez, sou os ais indecifráveis dos bordéis e as coisas passadas gemem no calor de uma angústia, ruminam nas chamas de nostalgias e melancolias di-versas e re-versas, zurram nos raios ardentes da tristeza e da desolação.
Não me esquece de que na adolescência, conhecendo palavras desta estirpe, não conseguia deixar de rir, algumas quase me fizeram deitar no chão, sem poder controlar-me os risos, passando mal; a pronúncia delas era realmente hilária, o que influenciou muito nisto de usá-las em ritmo e melodia de pilhéria, de blague, o que irrita sobremaneira alguns por saberem estar sendo ridicularizados e não conhecem o nível do ridículo a que estão expostos a todos os ventos e sibilos deles entre as serras e montanhas, por terem inveja desse talento de conhecer palavras diferentes, estranhas, esquisitas, saber em que lugar colocá-las e adquirir sentidos os mais di-versos, se soubessem, poderiam sim participar de encontros com pessoas de fina estirpe e laia, fazer a diferença que tanto esperam e anseiam. Neste sentido, se eu próprio quem não necessita fazer a diferença utilizando-me dos vocábulos inéditos, jamais tentei isso, por não ter qualquer interesse ou objetivo, hoje então é que não o farei, declarei silêncio total, só conversando com os íntimos e amigos pessoais.
Não me lembra a circunstância que resultou na abordagem de um policial, para me explicar de modo diplomático, disse-lhe: “Ignaríssimo policial, peço-lhe que compreenda o que vou dizer sobre a minha atitude...” Expliquei-me. Disse estar liberado, não cometesse mais tal atitude, não era própria de alguém tão inteligente. O “ignaríssimo” surtiu o efeito esperado – quem não sabe que “ignaríssimo” é o superlativo de “ignaro”, e “ignaro” significa analfa de pai, mãe e betos, ou simplesmente “idiota”? O policial não sabia. Colocou “íssimo” nalguma palavra já por si, de antemão aos idílios, lega o sentido de superioridade, maioridade, importância além de todas as contingências e trans-cendências. Não sei se ele descreveu para alguém em estilo de boletim de ocorrência o acontecido, sendo conscientizado do sentido do vocábulo, em verdade fora cínico e irônico com ele, se isso aconteceu, preferiu não tirar satisfações por questão de orgulho próprio.
Não vou me preocupar com isto. Há quem saiba e bem, e jamais disto irá esquecer-se, cometer tamanha gafe. Esquecer-se de ser filho divino, filho de Zeus, noutros re-vezes de oráculos de antemão, noutros in-versos de lenda e magia, noutros avessos de folk-lore, mentira, fofoca, in-verdade, noutras situações. Pouco importa!, sabe-se qual... idiotice seria não o saber a que pai e filho estou a referir-me, a não ser que a intenção de cometimento da gafe fora inerente à divina e sublime vontade, havendo ingênua e inocente consciência e lembrança dela, da intenção de me prejudicar, impedindo-me a realização dos sonhos, mas se pede com delicadeza que apresente o lugar da imbecilidade de alguns homens, estão carentes de sabê-lo, esperam com o conhecimento ser consciente dos valores e virtudes de imbecis serem.
Que contra-senso, meu Deus!... Pede-se tão unicamente que seja apresentada não apenas a cátedra em que a imbecilidade de alguns homens ocupa no Olimpo, [com a contração da preposição “em” e o artigo “o”, esclareço os sentidos a que me refiro, orgulho-me dessa capacidade e talento, rendo graças a Deus por haver-me dotado desde a concepção a partir do espermatozóide, pois que sou homem], mas o processo histórico da cátedra em primeira instância, e em segunda a importância e valores que a imbecilidade dentro traz em si que justifique a sua posição, [para vós que sois cultos e mestres, digo-vos que quem sabe ler nas entrelinhas percebe bem o deslocamento que empreendi com a palavra “dentro”, o cinismo e a ironia mais deslavados, sarcasmo, pornéia, blague, [e para vós quem não tiverdes as benesses da educação, do academicismo da erudição, por esta ou aquela razão que as compreendo e bem, informo-vos que “pornéia” significa “devassidão”, “libertinagem”, “blague” significa “pilhéria, dito espirituoso”, a harmonia de ambas as imbecilidades, se muito não me engano, são carne e osso, são unhas e dedos, e só imbecil de todo e por completo não reconheceria esta igualdade na adversidade, a di-versidade na des-igualdade, enfim há que se considerar e muito a identidade e personalidade, [um estado intermediário entre a beat-itude dos deuses e a plen-itude do bem estar material, podendo ser apreendidas também como sorte, gênio, ou ainda como o sinal de completa realização de nossa natureza, ou seja, a plena real-ização da final-idade para a qual uma coisa ou ser se destina], de todos os homens.
Não digo que a imbecilidade não tenha identidade, personalidade, caráter, tenho consciência disto, estou ciente de tê-lo, mas a imbecilidade não é de um apenas, indago o lugar que a imbecilidade de alguns homens chegou, alguns homens, não todos, obviamente, então são outros tantos ou ainda mais, outros dezessete e setecentos do troco de dois e trezentos, outros quinhentos réis, a união destes alguns é que constituem o todo, que entupigaitam, lembrando-me do termo de Carlos Drummond de Andrade, uma das celebridades do Modernismo, o espaço vazio das utopias e sertanias a serem tornadas verdades e identidades, a imbecilidade em sua plen-itude.
Infelizmente, digo-vos com piedade, solidariedade, compaixão, está aí a olhos nus, e seria uma falta de consideração com a vida não considerar isto, a importância destes estados espirituais, a insigne importância deles, [aquando temos a incólume necessidade de descobrir a ambigüidade das palavras, dos valores, de nós próprios, na medida em que reconhecemos o uni-verso como conflitual e em que, abandonando as certezas antigas, as fantasias e quimeras de outrora, abrindo-nos a uma visão problemática do mundo, a um cepticismo inalienável da vida e da morte, a um “nihil-ismo” indevassável da contingência e transcendência, através do espetáculo das amenidades, nós próprios nos tornamos consciência trágica, tenho a sensação esquisita, às vezes, de me relacionar com ela, uma relação conflitual, uma relação de ad-versidades de idéias e utopias, de sonhos e sorrelfas, de idílios e sonhos, de fantasias e mediocridades, mas não posso crer aqui com os meus botões, com as “casas” em que são enfiados, que se existisse o que constato com segurança muitas vezes, o que vejo, sem qualquer exagero e paradoxo, não devesse já haver assumido a minha demência, e como ec-siste, não tendo a menor dúvida, a mínima sombra dela, esqueceu-me o hospício que me seria devido, que nele estarei bem instalado até a consumação de minha vida, que me seria de direito, e toda a minha tarefa de Sísifo seria de descobri-lo neste mundo].
O senso comum, [numa linguagem popular ou mesmo vulgar, lugar-comum, frase-de-efeito], diria a coisa estar real-mente “preta”, as sombras cobriram todas as coisas, fazendo questão de mostrar que a palavra está separada por hífen, dizendo isto com todas as letras: “real”-hífen-“mente”. Não posso negligenciar ou estabelecer cautela ou cautelas, recuo ou recuos, não posso denegrir a sua veracidade em dizendo que por instante senti muito presente e forte o desejo de mostrar-vos, e bem, com todas as empáfias da inteligência, com todos os orgulhos da razão, com todas as lisonjas da sensibilidade, intuição, imaginação, percepção, outros modos e estilos de usar a palavra “benesse”, de criar outras instâncias e estâncias de sentir no imaginário a perspectiva do nonsense, no singular ou no plural, dependendo e muito de cutucar várias onças com vara mais curta ainda do que com a que cutuca uma única, mas não pensava que viria a realizá-la com tamanhas blagues e pornéias, ad-mira-me sobremodo isso, dizendo ser uma delicadeza e gentileza da inspiração, do desejo de ir além do bem e do mal, o que não deveria ter sabido desta dimensão de quem pensa ser um insigne re-presentante do indivíduo desprezível por seu servilismo, sevandija.
Ah, senhores, há momentos cruciais em que seja necessário ponderar a cruz sobre as costas, serem a cruz e as costas que os carregam, em que a vontade mesma é de rasgar os verbos, quebrando a sua porcelana, dizendo, por exemplo, que, por instante, estive por tirar as calças, ficando de cueca, pisando nela, ao afirmar que não existe a palavra “pendurar”, e sim “dependurar”, quando ouvi ente querido pronunciando o vocábulo, empreendi a correção de imediato, mas por descarga da consciência investiguei o dicionário, existem pendurar e dependurar, com os mesmos sentidos, inclusive, tendo a firmeza e decisão de afirmar ter estado errado, mas aprendera, com efeito, a lição, não incorreria neste erro outra vez, não sabendo, contudo, que estava a ferir e magoar alguém muito especial, a quem amo sem fronteiras e limites, sempre o desejo de ser ela muito feliz. Em verdade, pronunciei sempre dependurar, não sabendo até mais comum ser dito pendurar. A pressa em afirmar haver um único modo e grafia corretos... A pressa não é inimiga da perfeição, a questão é que o apressado morre bem velhinho e por completo fracassado, frustrado.
Se não sei sobre o que estou falando, dizendo, jogando palavra fora e ao léu, não afirmo saber, e não sei por que cargas dáguas me desgastaram numa discussão que ninguém chega a consenso, uma opinião prevalece sobre a outra, o outro deve recuar uma sílaba ou palavra, sentindo-se magoado e ferido em sua honra e dignidade, em sua sensibilidade e fragilidade, dependendo muito das situações e circunstâncias, se não todas, mas quase todas, faltando muito pouco para a complet-itude. Fi-lo. Sustento até cair a língua, mas restarão ainda as mãos e a consciência, a sensibilidade, a intuição, percepção... Palavras não justificam, são ações concretas. Os gestos e as atitudes é que são as responsabilidades, transformam os oráculos de re-vezes em antemão de lendas, e todas as benesses resplandecem no horizonte, todos os verbos se tornam de porcelana verde. Quem sabe muito mais elevados!...
Perguntar-me-eis, com efeito, disto não tenho a menor sombra de dúvida, o que me teria deixado com este estado de espírito, rasgando todos os verbos, cutucando as onças com única vara bem curta e polida, diplomaticamente, como no figurino se acha muito bem escrito e descrito, as letras esplendem com todos os brilhos, os cristais dos sentidos res-plandecem no fim do arco-íris, os diamantes e as pepitas de ouro obscurecem o horizonte da liberdade e da vida. Perguntar-me-eis, não tenho mais qualquer hesitação, o que teria lido, onde teria lido o termo “benesse”, em que autor, em que jornal, e a falta de criatividade, até mesmo desconhecendo outros sentidos, por exemplo, “sinecura”, emprego ou função que não obriga ou quase não obriga o trabalho; prebenda, veniaga. Em seu insigne conhecimento, disto não teria a menor sombra de dúvida, a quem me refiro, se o dissesse com as letras bem nítidas e transparentes, não haveria quem negasse o que estou a dizer, alguns estilos e modus vivendi não exigem esforço, trabalho, também as benesses em lugares escusos, servindo a princípios e ideologias gratuitos, não exigem a sanidade da mente, os seus princípios e dogmas, as suas razões e certezas da verdade.
Imaginai, senhores, se dirijo a palavra a um autor, quem escrevera um editorial em que figura a palavra benesse, e, no seu contexto, há a possibilidade, também a certeza, de haver interpretação ambígua, se me dirigisse a este autor nestes termos em que mantemos diplomaticamente este colóquio, creio que, terminando o discurso, mesclado de uma oratória sem limites e fronteiras, não lhe sobraria alternativa senão perguntar-me com veemência: “Enfim, você acha que não deveria ter usado este termo, não deveria ter sido tão erudito, se não conheço bem os sentidos que podem suscitar no contexto?” Seria que tivesse eu res-posta de espiritualidade sutil, de espirituosidade perspicaz, que lhe fizesse re-fletir? Não acredito nisso. Nada do que dissesse iria fazer com que deixasse de usar a palavra, substituindo-a por outra de conhecimento de todos, obteria melhores resultados de compreensão e entendimento.
Sobre o que estou dizendo? Quem me teria irritado tanto? Se não for bem explícito, dizendo com honestidade e franqueza a situação em que nela estive envolvido, em que obra, em que jornal me deparei com tamanho acinte e ausência de escrúpulo, torna-se simplesmente impossível que podeis vós entender. Existindo pessoas, as mais sinceras e francas, que se disponibilizam com carinho e afeição a ouvir o que tenho a dizer, se puder fazer alguma coisa que ajude, que contribua com o restabelecimento espiritual e emocional: “Diga o que está pensando e sentindo! Somos amigos. Sabe que nada comentarei com ninguém. Cá entre nós”, é só flexionar os lábios e pronunciar.
Se não estou satisfeito com o comportamento e atitudes de alguém, com as letras de alguns e de tantos enfim neste mundo em que os valores se encontram no fundo do baú, e, no mito de Pandora, todas as dimensões negativas espalharam-se entre os homens, e só a esperança restou, aquando da consciência de que não havia mais qualquer alternativa senão abrir o baú deixando a esperança sair, se algumas palavras conseguiram tocar-me fundo, se alguns senões teriam eu a replicar com eles e não o fiz, resguardando a dignidade e honra, não me expondo a ridículos ainda mais percucientes, injustificáveis, em segunda instância, tenho toda a liberdade de dizer. Enfim, desabafar é muito reconfortante, reanima o estado de espírito, o último riso seria dado com todo o merecimento, com efeito, merecedor de encômios e aplausos os mais diversos possíveis, à noite, cabeça no travesseiro, o sono tranqüilo e sereno, satisfação de ego realizado.
Há sim instantes em que a bomba do tempo explode e não há escolha senão continuar ouvindo miríades de sons não sucessivamente com o mesmo barulho, assevero que estou muito distante do sentimento de perseguição, mas alguns sons pequenos que se intensificam, grandes que se diminuem, a distância disto não existe, confundem-se. Isto sem me esquecer de que há uma preocupação aguçada e contundente de tentar segurar os pedaços do tempo aqui e ali, reunindo-os, ajuntando-os, tentando a construção de outro tempo, encaixem-se bem e quase pareça novo, novíssimo em folha, como se tem costume dizer.
Ah, sim... Por ocasião da Primeira Comunhão, o presente fora de um terço de prata, não me lembra em que situação fora rebentado, e hoje, pela tarde, cuidei de emendar este terço. Parece-me agora um terço novo. Aliás, este amigo com quem estive a trocar dedo de prosa na taberna de esquina, disse-me que admira tanto a música que a pensa e sente como um cântico executado com harpas e liras, elevando o espírito, esplendendo a alma repleta de dores e sofrimentos, o coração palpitando de êxtases, sendo assim, não se esquece de fazer as suas orações antes de dormir pedindo e rogando aos deuses inspiração para compor um cântico para ser executado com harpa e lira.
Não há porque continuar guardando as coisas no interior, sofrendo ainda mais, um sentimento aguçado de solidão, de esquecimento. Não. Se me não estou a sentir bem, posso dizer com todas as letras; sei que posso contar com algumas pessoas em situações difíceis, receberei sim palavras amigas, consoladoras, o que realmente agradeço com humildade, com dignidade. Muito bom mesmo saber que há pessoas com quem se pode contar, fazem das tripas o coração para que haja em curto prazo o restabelecimento, será um momento inesquecível o do sorriso, olhar para trás, dizendo fora um momento, uma fase. Alguém teria argumentos e documentos para apresentar contra isto? Quem teria dúvida? Não teria eu. Reconheço a solidariedade.
Em becos itinerários, onde as vidas consomem a paisagem, sorvendo a espera, nada acontece senão o acontecimento acumulativo do calendário, e o homem ama as mulheres bebendo das tetas o anti-mistério. Além da geografia, e desde as ruas e as ruelas onde a prepotência cavou as rugas humanas e a falsária língua da assepsia viciou os corações... Detesto tudo e todos, e é em momentos assim, imóvel diante do espelho, em primeira instância, a segunda será apresentada daqui a algum tempo, que compreendo exatamente a extensão da frieza que me habita, a largura da indiferença que ocupa os espaços vazios da sensibilidade. Dizer que detesto tudo e todos é justamente o contrário do que antes disse, mostrava bem nítido a fraternidade, a solidariedade, compaixão, e, de um momento para outro, digo que detesto tudo e todos, e, aliás, até ferindo algumas pessoas sem mesmo o saber, negligenciando alguns que estiveram presentes em inúmeras situações minhas, contribuindo, auxiliando, incentivando, e, de repente, digo que detesto tudo e todos. Seria que me fosse legado em sinal de compaixão estar confuso, fosse-me dado estar a sentir perdido, não enxergo dois dedos frente ao nariz adunco. São as famosas e célebres conseqüências de não ser imbecil, de a imbecilidade não ter um leito de rosas brancas nas pré-fundas de minha alma.
Não apresentaria justificativa sobre a questão, pois que tenho consciência de que não estou a referir-me a alguém em especial, [é-se necessário considerar uma afirmação assim, pois que, embora a antemão e os revezes, há verdade insofismável, não estou me dirigindo a quem quer que seja]. Em verdade, a interpretação não sou eu quem a faz, se alguém pensa assim ou daquele modo de si, este pensamento esteja em harmonia e sintonia com as palavras que proferi, num instante de angústia, de depressão, e não assumi, é dele.
Ah, sim... Isto é bem verdade. Se diante do espelho indago o lugar que a imbecilidade humana chegou, o nível que atingiu, não há qualquer alternativa senão que indago de mim, o nível que atingiram as minhas atitudes, comportamentos, ações, gestos, palavras, não resta dúvida de que tenho de admitir a minha imbecilidade, atingi um nível sobremodo aguçado, deixando a alma leve, proporcionando-lhe um “alívio misturado ao prazer” ou ainda uma “alegria inocente”. Houvesse percebido este sentimento noutros tempos de minha vida, teria deixado todas as virtudes e valores para trás, seguido a imbecilidade em todos os passos, todo o percurso por ela tomado, não largaria de seus pés, o alívio misturado ao prazer e a alegria inocente seriam o êxtase e a volúpia de minha alma, a perfeição de meu espírito.
Com a apresentação destas palavras, sinceras, posso asseverar, e quem convive comigo pode confirmar a veracidade do que estou dizendo, vê-se, com efeito, não é intenção agredir as pessoas, não o faria, não teria motivos, para quem mereceu estão lá no passado os motivos, muitas vezes fui o merecedor, conheço bem o que aconteceu, o problema é que o tempo transforma a memória em imaginação, em criação, recriação, inspiração, intuição, e sobremodo em inteligência e sabedoria, não há como apresentar os motivos e razões mereceram, apresento as razões porque mereci.
A extensão da frieza que me habita é qualquer coisa bem funda e sem consolo, opressiva, estagnada, tal como se no íntimo tudo houvesse despedaçado, os cacos frente aos olhos, e, com a força com que foi despedaçado, houvesse perdido qualquer possibilidade que existisse na alma, de ternura e de perdão.
Ah, sim, creio ser este o momento de falar sobre a segunda instância a respeito de estar diante do espelho, indagando qual o lugar devido a que chegou a imbecilidade de alguns homens.
Ih, ih, ih, após os quarenta anos, o homem é responsável pelo seu rosto. Saindo do toalete, senti uma tontura imensa, não me restando alternativa senão me deitar no chão, e o estômago embrulhando, suando frio, vômitos. Não comi nada mais desde pela manhã aquando tomei o café com pão, em verdade, pedaço de fatia, ovo cozido, que sempre apreciei. Não conseguia vomitar. Assevero que não pensei um só instante sobre isto do lugar que chegou a imbecilidade de alguns homens, só mesmo quando cheguei frente ao espelho e, olhando a imagem que se refletiu nele, indaguei o lugar a que chegou a imbecilidade de alguns homens, pedindo as devidas e sublimes desculpas por estar repetindo a mesma coisa quase que em comunhão com a outra, mas é a ênfase que desejo identificar e apresentar não ser intenção agredir a quem quer que seja, se fosse olhar neste nível diria que me agredi diante do espelho.
Não suportando a dor devido a tamanha agressão é que comecei a sentir mal, até que vomitei um líquido denso e com algo sugerindo ser gordura, não me importaria com um detalhe deste, embora seja objeto de observação percuciente, mas ainda não havia me recuperado do mal-estar com que fui acometido por algum tempo, pareceu-me longo demais, mas devo dizer de antemão e revezes que não suporto dores e mal-estares, nunca fui capaz de com isso conviver, isto sem me referir ao paradoxo e ao exagero, o que compreendo como se em tornando a coisa maior do que ela se apresenta, o desejo é que esta intensidade atribuída eleve a manifestação a tal nível que tenha de se cessar de imediato, caso contrário, restará a ágon-ia sem limites, [ah, não podeis compreender o porque de esta palavra estar separada por hífen, não perdereis por esperar o porquê de me referir a “agon”, tanto o de Ismênia quanto o de Iomedes. Quem sabe, ainda que as ações e atitudes revelem mais falta, do que excesso de coragem e de ousadia?! Quem sabe a ação gerada por esta tensão pungente implica inelutavelmente em uma escolha, colocando o homem de uma vez por todas, e sem garantias, no registro da responsabilidade e da conseqüência?!
Sou sim capaz de tirar a calça e pisar em cima, afirmando e reafirmando, não só em minha casa, mas em quaisquer salões de eventos sociais com a presença de todos os imbecis, o rebanho social completo e absoluto estando os senhores presentes e ouvindo estas palavras, dizendo que se é alguém a quem desejo com todas as letras agredir, mostrar o verdadeiro lugar, o canto que mereço neste mundo em que nele vivo, tenho os problemas mais percucientes, sou eu próprio.
Não sei dizer a razão de ser assim, talvez haja alguém dentre os senhores que possais dizer-me, reificando os pormenores e detalhes válidos, apresentando os vossos argumentos sem possibilidade de qualquer revés, trazendo à tona o que foi recalcado, forçando-me a identificar-me com as imagens psíquicas do inconsciente coletivo, individual, forçando a oposição até lograr a purga do nó.
O que restou, refiro-me às duas experiências com relação à indagação do lugar a que chegou a imbecilidade de alguns homens, então, é este indivíduo, este homem: digo-vos com todas as letras, correndo o risco de alguém se insatisfazer comigo, replicando com todo o seu direito, obviamente, mas vos digo dos sentimentos e das emoções que me perpassam a alma e o espírito, pisco, sorrio, penso que o verdadeiro inferno, [rogando-vos que aceitais sem muitas delongas, por intermédio de justificativas e explicações as mais chinfrins possíveis, aceitais que me não refiro ao inferno dos cristãos], o verdadeiro inferno é um espaço branco, como a folha de papel, antes que se registre nelas as palavras, e estas, senhores, são divinas, e, infelizmente, são poucos os homens que sabem usá-las com engenhosidade, genialidade, com arte, mostrando coisas de péssimo valor sem que as palavras sejam afetadas, até chegando a afirmar com toda embófia o mesmo que Cristo dissera antes de morrer: “Pai, perdoai, pois não sabem o que fazem”.
Posso sim jamais ser entendido com estas palavras, mas não há qualquer problema em não ser entendido, às vezes o que importa é incomodar, de repente, o incômodo é tão presente e forte que a pessoa mesma pergunta a si própria, não importando se diante do espelho ou sendo acometido por um mal estar, deitando-se no chão, fazendo vômito, vomitando um líquido espesso, manchas parecendo de gordura, o lugar a que chegara a imbecilidade humana, mas sabem trabalhar com a língua, sabem usá-la com inteligência e sabedoria, não deixando que seja ela envolvida com a situação inconseqüente, mostra-a, identifica-a, mas rebuscando, criando aquela vontade de continuar sendo ouvido, de poder dizer tudo o que pensa e sente, sendo entendido e compreendido, o que, sem sombra de dúvida, e quem duvidar é que ainda não chegou em nível de observar e contemplar algumas situações e circunstâncias evidentes, isto tudo é o que importa.
Bem, senhores, não foi a esperança que me fez tão ciente desta imbecilidade: foi a avidez de me justificar assim e de outros modos, noutros estilos e formas, posturas e atitudes, as palavras ditas, as observações percucientes, como muitos dizem e com toda a razão e direito que cutuco as onças com a vara bem curta, tamanha é a minha ousadia, de reter entre as mãos as provas mais ineludíveis de que houve instantes em que observei bem a imagem frente ao espelho, e jamais me esqueci o que fora refletido, decidindo então dizer com todas as letras, sem me importar se estou sendo entendido, se estou ofendendo alguém em específico, com todas as letras.
O silêncio me basta, porque tudo o que contém a morte, até mesmo uma morte fundida e refundida durante anos a fio, não necessita mais do que um minuto ou um olhar para fazer sentir a sua presença. Contento-me em sorrir, e mesmo esboçar um olhar de esguelha e soslaio aos regaços das intenções e intuições, acompanhas e perseguidas das sorrelfas do nada e do nonsense - talvez este sorriso seja excessivamente breve ou sarcástico, irônico, cínico -, é através desta fenda que comecei de indagar o lugar a que chegou a imbecilidade de alguns homens, todo o esforço que empreendo no sentido de vos dizer acerca deste questionamento.
Senhores, devo afiançar-vos de antemão que não seria eu tão imbecil em dizer se fiz a pergunta é por não saber; não, senhores, sei mui bién o nível a que chegou a imbecilidade humana e é por saber que posso falar-vos dela, tomando-a em si mesma, diria, esteve por muito sendo contemplada e vista nas alturas, destas alturas é que trago a imbecilidade para a terra, a aparência para o centro, o cerne, a essência daquilo que diz que a comunicação com as coisas é impossível porque elas não tem sensibilidade, subjetividade, instinto e dimensões trans-cendentais, e a comunicação com os homens é impossível porque são essencialmente desconfiados com o destino da raça e da estirpe, faço-a purgar o nó, sem dó nem piedade, mas sobre isto não precisaria outra vez dizer, mas por descarrego de consciência, enfatizo com veemência, a minha frieza, às vezes. Ih, ih, ih!... Há quem, com toda a prepotência e senso de superioridade, afirme a destreza em tirar a carne de um pescoço, deixando o osso limpo, não nego isto de forma alguma; sou quem nunca tirou carne de pescoço algum, creio que no percurso da empresa, a mão esquerda estaria puro sangue de tanto a faca escapulir e cortar-me a mão, os dedos; também não aprendi a descascar pepinos, o máximo é raspar uma faca de leve no pepino.
Dir-se-ia que não entendo mais quem tenho diante de mim, do questionamento que se me apresentara acerca do lugar a que a imbecilidade de alguns homens chegou e, cauteloso, intuo e percebo o que dentro trago em mim, o que realmente penso e sinto acerca de alguns homens cujas atitudes e comportamentos não são coisa alguma aceitáveis, pedindo e rogando a Deus que os perdoe, pois não sabem o que dizem, a linguagem chinfrim em harmonia e sintonia com o estilo de suas palavras, jamais pude pensar que as palavras precederam ou precedessem os homens, sempre cri que as palavras e os homens nasceram juntos, são carne e osso, mas, infelizmente, existem estes homens que precedem as palavras, e todo o esforço e luta é que possam ser um ser único, mas a distância cada vez mais se torna maior – se, tendo consciência de que nasci junto com as palavras, é difícil e complexo de um mergulho, de uma consciência, de uma lucidez, imagino quem se encontra neste momento de sua vida, [precede as palavras], visto sob o ponto de vista de que as palavras nasceram antes. Muito difícil.
Que me importa que a imbecilidade role comigo pelos cantos escuros, como uma cadela no cio? A imbecilidade é minha, o recuo e a cautela também são meus.
Último questionamento faço: qual seria a diferença entre o gato e o imbecil? O gato só tem sete vidas, o imbecil tem vida que não acaba mais. Ih, ih, ih!...



Manoel Ferreira Neto.
(12 de fevereiro de 2016)


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