**FALÁCIA DO NADA** - Manoel Ferreira

Os mineiros hoje, com todas as pompas, deveríamos sentir orgulhosos e lisonjeados, felizes e saltitantes. Por toda a história achincalhados, ridicularizados, subestimados, vítimas de preconceitos, "tirados", como se diz na gíria, pela nossa desconfiança, não confiamos em nada, ainda que confiemos, nesga de desconfiança ainda há, esperamos o instante de comprovarmos ou desaprovarmos. É a nossa característica maior, é a nossa Filosofia de Vida: a desconfiança. Nestes tempos trans-modernos, não há quem não esteja dizendo "Os mineiros tem razão: a desconfiança é a pedra angular da vida. Não se pode mesmo confiar, acreditar em quem quer que seja, em que quer que seja". Vivemos os mineiros nosso momento de glória.

Persuadir, convencer alguém da verdade de nossos sentimentos de amizade de nossos valores éticos e morais, sensíveis, quê dificuldade - diria ser impossível mesmo. Quaisquer estilos, linguagens, formas, modos, jeitos, com a verdade numa mão e a sinceridade na outra são inúteis. Ninguém acredita.

Outra característica de nós, os mineiros, é a criatividade - eis a razão de nada conseguir tirar as nossas Artes da Cadeira do Olimpo. Sendo assim, descobri um modo supimpa de convencer, persuadir: só se torna possível isto com a "Falácia do Nada". Mas espere um pouco. Falácia é um termo pejorativo, nele estão escritos todas as mazelas da fala, todas as tramóias... Convencer e persuadir com "falácia", e ainda "falácia do nada".

Recebi um "mimo" especial, palavras muitíssimo carinhosas, ternas, amorosas, nelas a sinceridade e a honestidade da alma. Senti-me sobremodo lisonjeado e orgulhoso. Aí que não há a foto de quem enviou, há uma imagem. Senti aquele desejo imenso de ver a face desta pessoa, guardar a imagem e as palavras na minha memória. Fazer o quê? Muitas vezes a pessoa não coloca a sua foto no "perfil", mas, se visitarmos a sua Linha do Tempo, Fotos, encontramos. Corri à Linha do Tempo para encontrar a foto da pessoa. Fiquei uns quinze minutos clicando as fotos e não havia a foto dela. Senti-me triste: guardaria as suas palavras e o nome na memória, sem a sua face.

Muitas razões explicam isto de a pessoa não se identificar, colocar a sua foto no perfil. Dentre elas, a timidez - não por julgarem a pessoa feia, trubufu, velha, rugas no canto dos olhos, seteira japonesa, sem graça alguma, mas timidez mesmo. Para mim, o que mais importa numa pessoa é a sua sensibilidade, de antemão a quaisquer revezes sei que a sensibilidade desta pessoa trans-cende e muito as triviais. Não foi a primeira vez que me dirigiu palavras tão especiais, tão sensíveis e verdadeiras.

O meu sono é dividido em horas. Durmo duas horas, acordo, vou ao banheiro, tomo um suco ou leite, deito e durmo novamente. E, nesta madrugada, acordei e fiquei pensando como iria convencer, persuadir esta pessoa a mostrar-me sua face. Depois de pensar muito, cheguei a uma conclusão, enviar-lhe uma mensagem: "Compreendo as suas razões de não se identificar, colocando a sua foto no perfil, compreendo e respeito. Mas você poderia enviar-me sua foto através do bate-papo. Ninguém entra nele senão eu. Vejo você e guardo você juntamente com as suas palavras tão gentis e carinhosas."

Se é algo que não faço mesmo é dizer o nome de pessoas em certas circunstâncias e situações. Nome é sagrado, é a identidade. A pessoa não colocou a sua foto no perfil, não quer se identificar - devo respeitar. Dizer o nome dela aqui, pode não gostar, de qualquer forma é um desrespeito. Posso fazê-lo, revelando um excerto das suas palavras. Ei-lo: " Amei seu conto.../ É onde eu me encontro.../És um sonho..../Adoro este teu sonhar..../Tua Realeza em realidades cruas e nuas..." O sonho para mim é o "nada", o "nada" é o lídimo e idôneo re-presentante da vida, ele é que nos conduz à vida, às realizações. Está justificada a "Falácia do Nada". O desejo, a vontade, a esperança de guardar as palavras generosas e gentis juntamente com a sua imagem na memória é o "nada", conduzir-me-a à lembrança eterna de uma grande amiga.

Fica registrada a minha esperança de conhecer a sua imagem, inestimável amiga. E pode acreditar mesmo: ninguém saberá dela, só eu. Envie-ma através do bate-papo.

Muitíssimo obrigado de coração por sua amizade e carinho por mim tão especiais, como deixa registrados na sua fala no post.

Manoel Ferreira Neto.

(14 de fevereiro de 2016)