/**SOLIDÃO... SOLIDÃO... SOLIDÃO...**/ - Manoel Ferreira


Alvorecer de novo dia. Ouvindo músicas. Con-templando imagem-gif de uma águia voando, voando. E lá vou eu pela vida a fora, criando, inventando, creio que semeando sementes de esperanças e sonhos no coração dos leitores e amigos, dizendo-lhes em silêncio, no inter-dito das obras, acreditem na vida.

Vida íntima, vida de artista são duas coisas bem diferentes, cumpre não misturá-las. A vida íntima deve-se trazê-la guardada a sete chaves, não interessa a ninguém, é do artista, somente dele. 
Guarda-se-lhe tanto, guarda-se-lhe tanto que, no momento em que o nó górdio se instala na garganta, mister dizer, expressar, colocar tudo para fora, não se é possível, nem sabe o que dizer, são tantas as coisas acumuladas. Se se tenta, com certeza acabará sendo "angu de caroço", e aquela pergunta inconteste: "Mas o que ele quis dizer?"
Solidão... Solidão... Tenho a minha namorada com quem passo o dia inteiro no bate-papo, no celular. Tenho amigos por todos os cantos e recantos do mundo, tenho leitores que leem a minha obra com carinho e reconhecimento. Deveria sentir-me o mais feliz dos homens. No entanto, nos últimos tempos estou me sentindo muitíssimo só diante da vida, diante do mundo. Solidão é a ausência do eu. Não é o meu caso. Vivo de mim, de quem sou. Sei quem sou, o que desejo, os projetos, sonhos e utopias. Pergunto-me: "Por que esta solidão tão grande?" E não tenho quaisquer respostas. Sinto-a crescendo a cada instante. Não é o artista que se sente sozinho, é o homem que o sente, sente profundo.
Às vezes, quando a solidão dói muito, entro e saio de ruas, caminho sem rumo, diante de meus sentimentos, emoções, pensamentos, idéias, ombreio com as pessoas, cumprimento algumas, sou cumprimentado por algumas. Sozinho, sempre sozinho. Não re-torno a casa por a caminhada tê-la amenizado, por sim haver-me cansado. À noite, fecho a casa, apago as luzes, deito-me, olho a escuridão: "Só neste quarto". Durmo. No alvorecer, abrindo os olhos: "Sozinho... Estou só diante da vida, diante do mundo." 
Desde às três horas e meia desta madrugada, venho pensando que, se me abrisse, se dissesse o que trago em mim dentro, isto ajudaria a amenizar esta solidão. "É vida íntima... Cumpre não misturá-la com a do artista, do escritor... Não interessa a ninguém..." A dor da solidão, nesta dúvida de abrir-me ou não, aumentando ilimitadamente. Quê esteja misturando as coisas, estou imensamente errado por dizer de mim publicamente, é o único recurso que possuo, escrever. Entendam ou não, desvirtuem, adulterem as palavras, façam o que for conveniente a cada sensibilidade... Não há outro recurso. Abro-me. Abrindo-me, amenizo a solidão um pouco, talvez até não a sinta mais. 
Aqui está o que havia de ser dito!



Manoel Ferreira Neto.

(08 de fevereiro de 2016)

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