**SILÉSIAS DE MIRÍADES DO IN-FINITO** - Manoel Ferreira


Ser e nada.
Silésias do inaudito. Silésias da plen-itude
Silésias de sentimentos que pervagam perspectivas contingentes do nada
Mordem da noite o assentimento universal. Primeiras palavras. Primeiros sons. É de lamber com a língua úmida. Esculpem em carne e ossos as linhas da mão. É de sentir na boca o paladar da evidência, o gostinho delicioso da trans-parência.
Iluminísticas sol-itudes de volúpias e êxtases deslizando serenas à luz cristalina do horizonte circundado de miríades do In-finito, o nada passei na lua minguante resplendido de ínfimos raios brilhantes, o tempo de-cursa lento e tranquilo nas margens do abismo sob a suavidade do vento.
Fome num prato de sopa de legumes. Olhos de todas as línguas. Voz de orifícios. Palavras sujas de álcool. Gestos conduzidos. Estribada entidade insulta inocências.
O crepúsculo sopra nostalgia. O horizonte tremula de agonia. A natureza chora, enlanguescida, em suaves dolências de saudade. O silêncio derrama-se profundo em sinceros lamentos de tristeza.
Pers de sentimentos do sublime perpassados de ilusões do eterno velado de esperanças de o ser verbalizando as verdades do espírito despetale-se qual orquídeas brancas no alvorecer, exalando as sin-estesias e metáforas do absoluto, versos e estrofes do além iluminando o inter-dito da contingência de querêncas e desejâncias do vir-a-ser.
Tamanha solidão dá a este lugar um rosto inesquecível. Ao nascer da madrugada frágil, passadas as primeiras imagens da dor e do júbilo, quem sabe derradeiras, é um novo ser que sinto em mim, um novo ser que fende a água da noite, tão difícil de suportar. A lembrança destas imagens não é uma saudade triste, por isto sei que me são boas. Tantos anos depois, ainda persistem em algum recanto de meu coração, cujas fidelidades costumam ser difíceis. Se eu desejasse retornar, o mesmo céu continuaria derramando sobre mim sua carga de suspiros e estrelas.
Ilusão. Fantasia. Quimera. Poesia. No alto da montanha o catavento gira à mercê do vento. Nas estradas, o vento sopra a poeira, à distância nada a ser visualizado, no passar a ponta partida as águas não são mais as mesmas, com o sopro suave do vento na superfície gotículas de água flanam. Depois da tempestade vem a bonança. O nada não reconhece, insiste e persiste veemente ser a luz da travessia do efêmero ao In-finito através das paixagens lúdicas que o tempo sarapalha no universo dos sonhos e utopias do que trans-cende o eterno, inauditas as perspectivas da imagem que se revela alhures, quiçá o tehos do sublime, quiçá a ipeseidade da magia do belo, quiçá o solipsismoo dos rituais míticos e misticos do pleno.
Ainda a pura poesia das contingências do mesmo sob a luz perspectiva da Katharsis, nada de novo sob a luz do sol, nada de velho à mercê pretérita das dimensões futurais do verbo subjetivando as imperfeições e forclusions do vazio uni-versal.
Silêncio da solidão. As chamas da lareira crepitam. A noite fulgura de estrelas e lua, e o não ser se inspira das ad-jacências do imperfeito, das bordas do instante-limite, das pre-fundas do caos, para versificar sendas e veredas do perene perpétuo que se re-faz obtusamente ao léu do tempo, ao léu do arco-íris fortuito que se anuncia, revela-se, esvaece-se atrás das colinas.



Manoel Ferreira Neto.
(24 de fevereiro de 2016)


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