#SENTADO NO BANCO-PIER DAS COISAS ACONTECIDAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ====



Quero cacarejar tristezas, sofrências
Aos últimos instantes da madrugada,
Cocoricar decepções, mágoas
Nas ardências do inicializar o preâmbulo do dia,
Antes da abertura do sol,
Panorama e paisagem da terra,
À moda Cazuza "Para o dia nascer feliz",
Aquele símbolo de só letrar incineração
De pretéritos, de tudo o que é passado,
Sentado no banco-pier das coisas acontecidas,
Observando o que caiu do galho,
E o pássaro viu-se sem asas, quedou-se
As ondas marítimas intensificando-se...
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Se não souber mais quem sou,
Entrelaçar as cogitações de ausência e lapso,
Hodiernos o vazio e o nada
Evitando as colinas e picos,
Onde ventos ligeiros varrem as a-nunciações
De visões outras de libertar a consciência
De suas correntes, cadeias,
De-cursar a voz eivada de arbítrios do silêncio,
Como uma idéia que habita a mente em transe,
Emitir sons que eriçam os sentidos, significados,
Sonorísticas quimeras metaforizadas de preâmbulos
Do ser, vazias as percepções do inter-dito
Aflorando vernáculos ancestrais da Língua,
Do Lácio ziguezagueado de regências e concordâncias,
Florando de vocábulos do eterno,
O que gera as faíscas das utopias do nentes
Sublimizadas de quimeras,
O sabor da poesia no espelho da sede
Do Eu, íntimas introspecções do efêmero,
Germinando intuições, inspirações,
Concebendo idéias e sentimentos alvissareiros
De que o destino configura os rastros dos passos...
Ou seria diferencia dúvidas e razões
Do que reduz o zero a pós de cinzas,
Medos e incertezas
Do que extingue, exclui princípios e apocalipses,
A sensação de que no vácuo do intelecto
Reside intrínseca a erudição dos valores, virtudes,
E no quotidiano das contra-dicções
Os ziguezagues por entre vias de pedras
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Se mais não souber quem sou,
Quero arrulhar o não-ser crocheteando
Metafísicas antes da lenda, antes do a-núncio do sol,
Onde as coisas do instante-já,
Realidade das labutas árduas, temores
Reverberam o retrato de um destino,
Imagem explícita e límpida de liberdade e amor,
Palmilhado sob a presença da lua deserta
O sentimento poético atrás do espírito real
Que re-verbera o passado e os traços do tempo,
As coisas são assim,
O que será será....

#RIO DE JANEIRO(RJ), 08 DE NOVEMBRO DE 2020, 11:20 a.m.#

 

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