#FÁBULA DO TAL-AGORA-AQUI# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ###


Sou um ser de cerimônia,

Represento a Comédia das Palavras,

Da fala,

Tragicomédia da Linguagem, Estilo,

Tragédia da Metafísica, da Razão,

Verbos e Fumaças esvaeceram-se

Ausências, lapsos de memória,

Residem alhures, invisíveis, imperceptíveis,

A cerimônia persuade-me

Nada existe sem razão,

Presto-me aos meus desígnios,

Sem Verbos, sem Fumaça,

Sem gerências regenciadas,

Sem cinzas espalhadas ao longo dos trechos,

Com presteza virtuosa,

Diria até suntuosa de sacralidade

Que me impede de

Partilhar de seus fins,

Dilapido os mistérios da Verdade, da Fábula,

Do Mundo e do Entendimento,

Para seduzir-me a inventar, criar, projectar

Esperanças, necessidades,

Exílio orgulhoso, solidão de máxima prepotência,

Inda que tudo sejam representações,

Nada seria existir não fossem as quimeras...

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O que a existência obsequiou,

Tragar verbos, expelir o nada

De quimeras longínquas,

De utopias distantes, íntegras,

Colhi a flor que enfloresce

No seu tempo de vida,

Nos instantes de glória, esplendor,

Esquecem-me as ausências, falhas,

Lapsos de memória,

Esquecem-me enigmas, re-presentações,

Florando vocábulos, vernáculos ,

Momento sublime que transforma

Uma besta do acaso em passante providencial

Digna de aplausos efusivos.

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Larguei mão de idéias que envelam incapacidades de discernir o bem do mal, e com isto sentir-me à vontade. Edificam em nome de justificativas inúteis. Não res-pondem às expectativas da esperança fremente da consciência-estética-ética, canalizando a quimera do silêncio, acender o fogo da solidão.

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Tudo o que possui para facultar-me as utopias. Tudo o que existe é o "tal-agora-aqui."



#RIO DE JANEIRO(RJ), 19 DE NOVEMBRO DE 2020, 13:26 p.m.#

 

 


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