#A OBRA/AFORISMO VELADO REQUER RUMINAÇÃO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: FENOMENOLOGIA DA INTERPRETAÇÃO, ANÁLISE $$$


A beleza da chuvinha caindo lá fora sobre a luz do post de energia elétrica, raios de luz e gotículas de água na vidraça, a janela do quarto fechada, cortina aberta, a esposa às voltas com seu novo croqui, de antemão às revezes imaginando as cores, a imagem de sua intenção, o "Lar" da Arte da Pintura, letras nas teclas notebookeanas. Cada um de nós no seu mundo. De antemão, o que estava acontecendo.

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Instante que me tocara bem profundo, diria até distraído, absorto, o vernáculo "Velar" não saía de minha cabeça, incomodava-me e, ouvindo a chuvinha, janela fechada, a esposa e o croqui de sua inédita pintura, clareza da cena, o que estava acontecendo. O Aforismo velado, surgiu-me sereno, estava até mais distraído, posso dizer abertamente que apanhei o cerne do que intencionava escrever a respeito de minha obra no espaço, re-colhi, a-colhi, res-pondia assim que este não pode ser de-cifrado, des-vendado em primeira leitura. Nestas circunstâncias, tomando-as a nu, na primeira leitura a sensibilidade, o subjetivo, as dimensões do conhecimento adquirido nas experiências, adquirido academicamente nas escolas, faculdades são o sêmen da inspiração, da criação, expressar isto é já um instante do espírito das idéias, intenções, críticas literárias de grande valor já o fizeram, não é tão simples como se pode pensar, tendo sido aceite por mim, a interpretação condiz com o eidos da obra, como construir a estética, mergulhando nas dimensões reais e intelectuais, as origens das idéias, as intenções, as críticas, o querer saber, a busca da sabedoria, num tecimento de linguagem e estilo de investigação. Ler, interpretar uma obra é uma atitude de ruminar, ruminar como fazem os bois, então é sempre estar in-vestigando - quando o boi nasce, a sua natureza de ruminar acompanha-lhe até à morte. O Aforismo velado requer ruminação. Senti chegar o instante de uma explicitação do "Aforismo Velado" sob as perspectivas da interpretação, que me tumultuava sobremodo, inda não havia descoberto as sendas da linguística, semântica, as dimensões metafísicas, poéticas e poiéticas, filosóficas, psicanalíticas, epistemológicas, não além das idéias e pensamentos, no momento, instante da descrição, narração, reflexão. Aliás, as críticas sempre deixam explícito o questionamento da obra envelada, as interpretações que podem ser feitas sob ângulos inúmeros, isto desejam entender e compreender. Quem expressa a sensibilidade, o subjetivo, as dimensões da criação, criatividade, as inspirações de idéias e pensamentos de sua leitura torna-se a língua desta linguagem, estilo de ruminar a busca do eidos. De excelência o que estava a mim sendo revelado, a linguagem, estilo que procurava encontrar fazia alguns dias, deixei isto livre, anunciar-se-ia nalgum instante. Assim, abre-se a porta para inúmeras interpretações sob prismas vários.

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O seu nome é Tumulto, tumulto de idéias, pensamentos, linguagem e estilo, perquirições, indagações, inseguranças, dúvidas, ausência de respostas, inquietação, e escreve-se na lápide, na pedra. O tumulto das idéias, pensamentos, perquirições, indagações, a vida vivida e vivenciada percorre todos os trechos de estradas para o retrato do destino escolhido traçar, compor, retratar, representar. A trajetória longa, inquietações, perquirições, a vida quotidiana, percalços, quedas, alegrias, mas o pensamento, a idéia, o quotidiano das coisas do mundo e da existência, as moléstias da psiqué, etc., etc... a imagem límpida refletida no espelho. Luz dormindo acesa na varanda, sonos di-versos e a-dversos do efêmero, do eterno, do in-audito, ritmos de carências e medos, de entregas e ousadias, são tão fortes as coisas da alma e do coração, das razões e do intelecto à cata de re-verter silêncios, imagens, sons - contemplá-los à luz de suas origens, não sob ângulos metafísicos, no quotidiano da trajetória Arte da Com-unhão do Homem existindo na realidade do mundo, comungando-se com a Consciência-Estética-Ética. Tenho palavras em mim buscando canal para a expressão dos projetos e objetivos, intenções desta adesão, sintetização, e outras perspectivas de visão...

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O ar da noite é o estritamente necessário, sine qua non, mister para continuar, e continuamos trajetória deste desejo da Estética, a consciência se faz continuamente, havendo sempre de refazê-la diante do mundo e das coisas, dos pensamentos e idéias outros, os que contribuem com o re-fazimento, a estrada que leva ao destino criado, inventado, o seu retrato, a consciência des-aprende e aprende outras interpretações e análises do aforismo velado, que é uma dimensão de uma obra envelada, desvelando-se no tempo.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 25 DE NOVEMBRO DE 2020, 15:01 a.m.#

 

 


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