Ana Júlia Machado Escritora Crítica Literária e Poetisa ANALISA O DITIRAMBO Dardo de Fogo Quebrando Angústias $$$


O escritor, Manoel Ferreira Neto, é explícito de crítica quanto à crença, que causa entraves no sentido de viver.

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Enquanto existir nos preceitos e nas práticas uma estrutura civil que concebe báratros falsos em volta da civilização, aliando ao propósito, celestial por essência, um determinismo que deriva dos sujeitos; enquanto não forem ousados os três enigmas elementares a deterioração do homem pela míngua, a desonra da mulher pela sofreguidão, o definhamento dos ingénuos pelas tenebrosidades enquanto, em determinadas classes, persistir o abafamento social ou, por outros verbos e sob um ponto de vista mais translúcido, enquanto existir no planeta incultura e infortúnio, não serão de todo escusados feitos como este de Manoel Ferreira Neto.

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O facto beato, ao longo dos tempos, tem aparecido a ser questão de peculiar cuidado. Tem sido constantemente redefinido perante as suas condições memoráveis e sociais. Alvitra ter resistido aos variados avisos do seu sumiço, anunciados tanto pela via do desprendimento douto e antropológico como mental (Freud) e socioeconómico (Marx).

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Contudo, é incontestável que se advoga a um sucessivo cansaço dos concernentes oriundos dos hábitos e usos da crença institucional, compelindo as fundações sagradas não somente para um perigo sem antecedentes, mas igualmente para um extravio de interferência da institucional idade religiosa na sociedade. Esta alteração, reconfiguração ou mesmo a putrefacção do beato na modernidade revela que este fenómeno está em constante processo de transformação, afazendo-se e adoptando os âmbitos socioculturais em que se inclui. É a partir dos nossos tempos e da sociedade que nos cinge que se observa para o pretérito e porvir, arriscando escutar a posição devota. A condição religiosa passou, no último século, por discrepantes etapas, conduzindo a que despontassem, na nossa sociedade, dissemelhantes susceptibilidades e desiguais formas de procedimento em conformidade ao tema devoto. Desde o século XIX, mandatos de desiguais de quadrantes estadistas e socioculturais diligenciar aniquilar a comparência da Cristandade na sociedade, apelando a diferentes formas de atuação. Nos anos 70, de movimentos intelectivos da escola atéia e positivista, donde a censura à religião era assistida por uma postura de cepticismo, em que se observa a Igreja como um agente de declínio social.

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Neste âmbito, este anticlericalismo está estigmatizado por três perspectivas distintas: por um lado, o posicionamento isento anti congregacionista, tutor da funcionalização da Igreja e da crença; por outro, a apologia de uma laicização da sociedade, resumindo o devoto ao espaço pessoal e a interferência da Igreja Católica na sociedade como enlace de autenticidade; finalmente, a acusação da crença e da Igreja como alicerce do complemento monarquista que se contendia como encontrando-se em enxovalho e como agente de retardamento e apedeutismo.

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E, finalizo e não faço a mínima ideia se bem ou mal, dado que os textos do escritor, podem virar-se para várias vertentes... É a adversidade imaculada, resultado das crenças e cânones

Da Fé, na alma latejando as convicções de que efectuei isto de "Existir".

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Penso que aqui diz tudo sobre o que a religião é capaz num ser...mas sobretudo no ser inculto...

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Nota: Não agrada-me muito, mas neste momento ainda quase não consigo escrever e o pouco que faço é com a esquerda que provoca-me dores e mal-estar.

Ana Júlia Machado

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.#DARDO DE FOGO QUEBRANDO ANGÚSTIAS#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: DITIRAMBO

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Vazia efusão de quimeras,

Re-colho-me introspectivo, acolho-me extrovertido,

Ouvir a balada da alma, sentir além há instantes

Em que um grito surge inesperado,

Por um minuto,

Além de mim próprio,

Além das dimensões psíquicas em des-equilibrio,

Des-estruturadas,

Dardo de fogo quebrando angústias,

Medos de minh´alma,

E indeciso permito a mim

Resvalar-me pela difícil percepção das contradições,

Equívocos, erros, fugas,

A lucidez é tão branca, tão branda,

Aberta,

Sinto profuso este saber:

Luz que gerencia as esperanças e sonhos,

Antídoto contra a perdição veemente e implacável

- vento secando os lábios,

alargando a pele molhada de suor,

longo clímax de timidez,

que é preguiça,

que é indiferença às razões das contingências,

Acender o "incenso dos ideais"

Lançar-me ao direito que me cabe de destinar

O quem sou, ser-me,

Creio que é mister pôr a alma de lado,

Considerar o Verbo,

Empreender esta viagem ao Verbo,

Aí está não a felicidade, não a alegria, não a realização,

Mas o sentimento do Ser,

A ilimitada coragem, força de aprender a viver,

Sentir a vida,

A consciência do que quero viver

Se projecta sobre qualquer realidade contingente,

A eternidade não é o que vai além do estar-no-mundo,

A eternidade é o Ser de mim em consonância

Com o presente de todas as vontades sendo criadas,

Estabelecidas, delineadas, instituídas, patenteadas,

Mesmo que não em absoluto, o absoluto

É a desgraça incólume, fruto dos dogmas e preceitos

Da Religião,

No peito pulsando as certezas de que cumpri isto de "Existir".

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Alguma coisa começa a latejar em expectativa,

De tocha nas mãos, descubro espírito implacável

Que sabe, conhece os esconderijos onde

O desejo da vida se abriga, saboreá-la, degustá-la,

Iluminando com claridade incisiva o subterrâneo do tempo,

E a minha carne ferve numa intenção de

volúpia eufórica, voluptuosidade profusa...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 29 DE OUTUBRO DE 2020, 01:39 p.m.#

 

 

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