#A VAGAROSA CAMINHADA# Graça Fontis: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ====


Por que a hipocrisia se sente

Orgulhosa por mostrar-se ser, não o sendo,

Por mostrar-se in-versa à felicidade

Das condutas e posturas serem coerentes com

Ações e experiências, comportamentos, atitudes,

Conforme sentimentos, visões-de-mundo,

Pensares-sentires,

Suspeita-se que a hipocrisia

Seja feliz, felicidade estonteante,

Sol-risos a todos os paradigmas,

De orelhas acesas às ideologias,

Cacófato dos valores, virtudes

Por lhe ser permitido

Não revelar o tumulto de suas cegueiras, inépcias,

Moléstias psíquicas, caráter, personalidade,

Pode vestir-se e re-vestir-se de maquiagens de

Película cinematógrafica, com dons e talentos de encenação,

De sudários das pompas, vaidades,

Aplausos, assobios,

E as ovelhas pastam, o capim é eterno!

De tão prepotente, irreverente, insolente, insólito

Por mostrar-se ser, não sendo,

Moldura de retrato sem face, caracteres fisionômicos,

Confira a si própria o titulo

"Rainha da falsidade, farsa, falcatrua",

Cognominada no reino de "Rainha dos três "F",

Nos camarins, alcovas,

A solidão de ser "Filha-da-puta, fracassada, frustrada",

Seja hipócrita, mas não revele a hipocrisia,

Assim a hipocrisia reina no reino dos hipócritas,

Nascera póstuma, reinará per siempre.

Hipocrisia e felicidade

Aninham-se com prazeres indizíveis, surpreendentes,

Duvida-se da integridade erótica e sexual de ambas,

Sem limites, fronteiras, sem porteira, cancelas,

Ao estilo subjacente dizendo

O seu reino ser inviolável,

O resto o tempo passa, a eternidade permanece,

Que belíssimo retrato

De estar-no-mundo, ser e estar-no-mundo

Sem a face da dignidade, honra, virtudes e valores

Artificiados nas andanças e querenças,

Quem, tu, oh, Hipocrisia?

Quem, vós, oh, Hipócritas?

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Por que a felicidade

Aparece sob a forma de

estupefacção,

de sonho

de repouso,

de paz,

de sábado,

de "footing" na praça pública,

de descanso num toco de madeira

no portão da residência,

troca de dedos de prosa, assuntando

as coisas alheias, colocando-as em dia,

de mergulho no mar,

de churrasco e cerveja

no botequim com amigos,

de cunhadagem, com direito a todas

as glórias, estatuetas de ouro e risos,

ruminações,

de viagem de município a município outro,

de preguiça do espírito,

de estender os ossos?

Ao estilo da linguagem/estilo

da libertinagem dos instintos,

de nada nos campos distantes

sentir ter sentido...

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Eu me lembro... eu me lembro... Ironia, cinismo? Revolta, agonia? Rebeldia, náusea? Tristeza, desconsolo? Ódio, ojeriza? Nada disso se me afigura ser, apenas uma lembrança de idos tempos ou de algum modo a memória a delineou noutro estilo, fora uma musa para algumas visões e luzes, mas fora um presságio a sátira da alma humana havia sido concebida, em noite clarinha, as humilhações, vergonhas, mangofas seriam lições no destino que traçara(traça), "Sou um homem desequilibrado. Sou um homem desiquilíbrio", e esta lembrança/consciência é(são) realidades, vivi, o inesperado se patentearia, deixe acontecer, nela não pensa, nunca andei devagar para chegar primeiro, nunca andei às pressas para chegar antes, ser o primeiro da fila, andar, andei, e não darei sossego às "andagens", enquanto não houver a consciência disto.

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Mito, lenda, história,

causos do monsenhor,

porteira aberta

o vento passando

levando a poeira da estrada,

levando a porteira do curral,

portão do galinheiro...

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Dizem por aí

que um Anjo tresloucado

conseguira de mim

a vida de poeiras,

por ele fora condenado.

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O sol raiava, era inverno, no inverno o raiar do sol é sempre diferente, diria ser cortinado de seda invisível, aconchega o sol do inverno no peito. Tudo era festa em volta de minha casa. Cantava o galo “crista”, ama sentar-se no centro do galinheiro, os galináceos ao redor, as galinácias distantes dele, comportadas, de quando em vez, para espairecer o sol na crina, corria(corre) atrás de alguma galinha, ora esta, era sua vida, – nome que lhe dei por sua crista enorme cair-lhe no olho esquerdo – alegre no terreiro, o mugido das vacas misturava-se ao relincho das éguas no pasto que corriam de crinas soltas pelo campo aberto de nossa residência/sítio, aspirando o frescor da manhã. Sobre uma cama sem poder mover, vítima de psicossomatização. Pretéritos, passados, lembranças, recordações... mistérios e enigmas, por que não? Quê memória revelá-la virgem, pura?

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Passarinhos do céu,

brisas da mata,

maresias do mar,

patativas saudosas dos coqueiros,

ventos da várzea,

fontes do deserto!...

micos pulando nas árvores, nas cercas,

nos fios de alta tensão!...

Cães por todos os cantos,

Paloma é do "fogão encerado"

Peta castigar-lhe,

Apronta todas!

Kadu deitado na cama, debaixo dela,

ao pé de minha cadeira de executivo,

enquanto trabalho

a companheira cadela, Paloma

frágil e dissimula fragilidade

para chamar a atenção,

mais amor

Paloma é independente, faz

o que quer;

Onde quer que na vida dos homens

e dos povos

há solenidade, gravidade, mistério

e cores sombrias,

fica um vestígio de espanto,

resquício de surpresa,

tiquinho de estupidificação,

que noutro tempo presidiam

às transações,

aos contractos,

às promessas:

o passado,

o longínquo,

obscuro e cruel passado

ferve em nós

quando nos pomos "graves".

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Não vejo nada... Nem ouço patavina. De todos cantos, recantos, sítios saem sussurro, murmúrio prudente, soturno, ensimesmado. Tenho a impressão de que tripudiam, fingem, mentem. Êxtase ocular, brasas faiscando diante da mensagem de todos os retratos de destino, assim conceituo a Pintura, o destino da Imagem. Doçura com a do mel se ajunta a cada som de música psicodélica futurista. A fraqueza deve ser, a golpes de mentira, transformada em mérito, em virtude, não há duvidar.

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São estas as lembranças que se me a-nunciam, são estes sentimentos, são estes os pensamentos que se me patenteiam, sinto-me até rejubilado, sinto-me livre do instante presente, olhei-me de soslaio, a imagem refletida no espelho, havia um brilho diferente no olhar, deixasse-o livre, por que pers-crutá-lo?, sinto-me alçando vôo, desejo sobrevoar rios, mares, florestas, campos, montanhas, o destino é o infinito de todos os horizontes, de todos os uni-versos, quiçá canções que se ouvem por todos os lugares, tachem-me arrogante, prepotente, o representante lídimo do intelecto, há algum pecado, pecadilho, censura, lei marcial em desenhar o retrato de meu destino, com efeito com moldura simples, pobre, para ser a contra-luz da Cor-agem de res-ponder a mim as labutas e dores ao encalço do que permanece por tempos inolvidáveis

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"...o que é de muito longe é que sempre vem..."

pra ficar, para a sabedoria,

de ser-com o que que sempre ausculto, ao lado

Da Vida.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 26 DE NOVEMBRO DE 2020, 12:31 p.m.#

 

 


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