ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO Manoel Ferreira Neto RESPONDE AO ACRÓSTICO #MENTE EM TRANSE# DE Graça Fontis ====


"Mente em transe", título do acróstico, primeiras palavras do verso primeiro", mostra a incólume percepção de Graça Fontis a respeito do escritor: o transe da mente, da solidão do homem ao silêncio das palavras. Solidão profunda que faz o escritor "arrancar do ventre", da alma, sentimentos, emoções, sensações, sobretudo conhecimento e sabedoria para lhe aquecer, assim des-cobrindo sonhos, esperanças, utopias que lhe fazem prolongar a existência, a eles se entrega com o desejo de alcançar o Ser, artificiar-lhe, entrega que "outros não veem", só mesmo a solidão é capaz de enxergar esta entrega, são "formas ocultas na neve prata da poesia", poesia que se fundamenta no encontro do intelecto e da sensibilidade, um caminhar poético no esquecimento, no que fora perdido ao longo da existência e que necessita resgatar, recuperar, fazendo-o na fonte íntima das palavras, onde a solidão se apraz, contenta-se, pode com elas trocar dedos de prosa, tornando-se com elas um "viajante obstinado" à busca do Ser, assim sensibilizando os corações mesmo os resistentes.

====

A obra do escritor Manoel Ferreira Neto, conforme a visão real e profunda de Graça Fontis, cujos alicerces são a solidão e o silêncio, é o espelho de sua existência onde descobre e descobrirá outras + razões desconhecidas para a escultura de seu uni-verso, uni-verso solitário e silencioso. Há-de se ressaltar que não pretende, não intenciona livrar-se da solidão, do silêncio, eidos de sua própria existência, não apenas da obra, nesta busca incansável do Ser, mas adentrar-se inda mais na solidão, no silêncio, ser-lhes. No decurso, percurso desta viagem deixa que as reflexões operem suas secretas e imutáveis transformações, não dissociadas das evidências do outro, o outro que lhe preenche os espaços vazios do terreno baldio de sua alma.

====

A realidade da crítica literária são as interpretações e análises, as luzes diferem de crítico para crítico sob os prismas e ângulos escolhidos. O artista e a obra permanecem sendo questionamentos e reflexões ao longo dos tempos e das circunstâncias. Mas Graça Fontis, com toda a sua sensibilidade, percepção, intuição, sensações, com a sua própria vida sendo esposa e companheira das artes de Manoel Ferreira Neto, des-nuda, des-vela o escritor com propriedade e caráter, põe-lhe a nu frente aos ledores e seus pouquíssimos amigos.

====

Mister e sine qua non fundamentar o desejo mais forte e presente de Graça Forte é adentrar-se na alma do escritor, des-velar, des-nudar o seu conhecimento, des-cobrir-lhe as sendas de sua linguagem, estilo, sua agilidade e habilidade na construção de suas vias linguísticas, semânticas, metafísicas, estéticas, que jogo da mente é este que abre leques para outros ideares e pensares, e tão forte e presente que este desejo é que mergulhou na poética crítica, e mergulhou profundo na Fenomenologia da Percepção, sem haver lido esta obra de Merleau-Ponti, a poética crítica trouxe a imagem bem lúcida dos caminhos do escritor com as palavras, e junto com isto o retrato de uma sensibilidade.

====

A sua visão do universo do escritor reza a imagem do indivíduo, de sua alma, a face do intelecto e das dimensões sensíveis na elaboração de seu destino. A imagem retirada do núcleo de sua obra... E sendo artista plástica, esposa, e conhecendo 60% da obra reunida, o ziguezague de sua poética é o símbolo do pincel, dos lápis, criando o retrato, o que mais louvo nela é a ética ao tecer as críticas, o respeito à obra é de excelência, através de acróstico, no retrato pintado através do nome do escritor tece esta poesia, é de dizer com todas as letras, ela mergulhou profundo na alma, expondo mistérios e enigmas intrínsecos no interdito.

====

Poder-se-ia com evidência dizer que a origem do escritor é a solidão e a origem de sua obra é o silêncio, conforme a visão de Graça Fontis, que Manoel Ferreira Neto endossa em todos os níveis e dimensões.

====

"MENTE EM TRANSE" é um testemunho vivo da existência do escritor, quem é este escritor tão introspectivo, fechado, enchafurdado na solidão.

Manoel Ferreira Neto

=====

MENTE EM TRANSE#

GRAÇA FONTIS: ACRÓSTICO

====

De Graça Fontis​ a Manoel Ferreira Neto​

====

M-ente em transe a oscilar o pêndulo eidético de um viajante obstinado

A-ntigo navegante que transcende limites da carne na desmistificação de engrenagens a nudez de símbolos

N-uma terra de habitantes alados, rostos estiolados incógnitos entre evidências

O reter presente assegurando tempo e coisas neste chão de desgarrados que caibam num poema

E seus olhos entre sensações na cadeia de corpos, formas estruturais do tempo sem que as horas importem

L-onge deverá chegar no silêncio da mudez dos vivos, na fala de muitos mortos circundando pomares permanecentes entre perguntas.

====

F-oi também ontem seu deixar de tantas coisas como os mortos que nada deixam, apenas vísceras, quando atirados no mar

E é nesta temporaneidade, na pressão dos instantes, o arrancar do ventre lenha para se aquecer no inverno

R-evelando em sua alma sem pudor pétalas abertas ao sol, formas de entrega que outros não veem, ocultas na neve prata da poesia

R-esguardado no inacessível, indelével, quiça fuga dentre solidão, apetites, querências, um caminhar no proposital esquecimento

E a canção vibra em segredo seu adejar a fonte das palavras insinuantes e tépidas, circundando o saber como ave errante ao migrar a esmo

I-magens fantásticas incontidas no próprio ser ao travessar vãos escuros e ventos inesperados para de súbito despencar no mar de luzes, prazer possuído de todos os cânticos e cores

R-etornando ao que fazem do riso modo simples e sábio de seguir viagem aos lugares de êxtases que a idade não conta

A-rrancando no ritual preciso em compulsão inevitável, da memória, sacieis aos sentimentos mais primitivos, transcritos assolam corações mesmo aos resistentes

====

N-este meio tom tudo é possível, é mencionado, mutante hiberno na solidão, verso re-verso do inexplicável, mãos restituídas na noite que é vício

E-m retorno o espetáculo da vida, das forças elementares no corpo em espasmo cedido ao sono, melancolia e sentimento de um breve findar

T-ivesse que estilhaçar-se após um vácuo silencioso, apenas sibilos do vento com seus agudos e céu que a luz extingue-se, um novo ângulo no espelho da existência teu rosto redescobrirá outras razões desconhecidas para serem despidas

O mais deixará que as reflexões operem suas secretas e imutáveis transformações dilatando em si universo dinamizado não disassociado das evidências do outro.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 08 DE NOVEMBRO DE 2020, 06:13 a.m.#

 

 

Comentários