#IMAGEM NA MOLDURA DE REFLEXÕES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ###


Onde...

Os traços do retrato figurando a imagem na moldura da reflexão o movimento ambíguo do tempo, presente e pretérito revezando-se, quem saberia isto responder, e não se equivocasse, talvez a intenção fundamental seja esclarecer o zero à esquerda, obtuso na memória, oblíquo nas reminiscências da mente de esquisitices, tem não sei quê de tristeza, angústia, não contemplo a perspectiva mostraria a face, a trigueirice esqueceria, desiludido, blefo a mim mesmo para sentir ainda, apesar do envelhecer que irá deteriorar-me, a jovem ebriedade de alpinista, porventura não tenha sabido expressar os sentimentos, sei-o hoje, tive medo de mostrar sabia escrever a redação a professora dera como dever de casa, direito a receber no boletim uma nota, numa escola de magistrados alienistas e alienados não é aconselhável mostrar inteligência, será objeto de sarcasmo e discriminação, não podiam saber disso, era o meu tesouro, hoje nada temo, não tenho medo do zero ou do dez, digo o que penso e sinto, se a nota for zero pela coragem da franqueza, reverencio e louvo, se a nota for dez pela modéstia das idéias, prometo que escreverei melhor amanhã, depois de amanhã melhor ainda, amanhã, no espelho do tempo, a face figurará, isto não é consentir a liberdade do crescimento, isto é saber o ser se faz continuamente, a cada dia ínfimo pormenor se revela na constituição, composição, terminará no derradeiro suspiro da voz. Em todo querer há de início uma pluralidade de sensações, nomeadamente a sensação do estado do qual se quer sair, a sensação do estado ao qual se quer chegar, a sensação em si de se distanciar e aproximar. Distanciar-me dos alienistas era obrigação inconteste, aproximar-me dos mistérios a habitarem-me era imprescindível.

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Onde...

Observar outros prismas futurais de destinar contradições, nonsenses do mundo e das coisas, desejo difuso de resplendor, sou a terra onde tudo é de ar, senão no movimento das idéias no decorrer das situações e circunstâncias maleáveis ao canto da verdade, palavras não vem existindo no tempo à luz do destino criado e tecido com o deslizar da pena no branco da página, consinto as gotas de arte nos espaços pingados de contingências da alma, da existência, fiesta de utopias onde brilham luares, atrás das constelações a brancura da luz do porvir. Onde então as mãos senão na obra, no espaço onde se fixa, patenteia-se, os golpes de espada se evolam, as obras remanescem, o acaso me fizera homem, a entrega me faria livre.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 19 DE NOVEMBRO DE 2020, 11:50 a.m.#

 

 


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