EM QUE LUGAR?... EM QUE LUGAR?... EM QUE LUGAR?... GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ###


Em que lugar...

O eidos das cinzas

Que, antes, foram ossos, ficavam debaixo da carne,

Será a seiva da reencarnação?

O eidos das perquirições dos excedentes das vaidades

Ensombrecem as perspectivas dos prazeres inconscientes,

Dos fogos de artifício das psiques voluntariosas, vadias?

O eidos do gênio das sombras

Não precisa sentir-se mal com o que as pessoas falarão

Sobre vícios, sem os quais a visão só poderá ser salva

Com dificuldade, pensando ser virtude, ad aeternum ruína?

O eidos do sepulcro

A tergiversar a vida da eternidade,

Em cujos vazios perpassaram o medo e a tristeza da morte?

O eidos das hipocrisias humanas

A re-presentarem a sátira da dignidade e honra,

Aforismo da fidelidade paradoxa e bastardia primittiva,

Ode às bem-aventuranças da alma pura,

Ditirambo dos pecados a exercerem a supremacia

Da mente que nada causa senão as forças próprias do

Espírito Maligno,

A figurarem o tributo à perfeição com a síntese

Da dilúvios e da virtude?

O eidos Simão Bacamarte aliena a psique

Das verdades contraditórias, dialéticas,

A condição da loucura e da sanidade?

O eidos das águas límpidas e cristalinas

A reverterem a fonte e o mar que é a sua vocação?

O eidos da dialética efêmera da verdade

A re-versar de vazios o tempo de realizar o nada?

O aqui-e-agora é ponte

Para o éden do deixar-de-ser?

Em que lugar o eidos do tal-agora-aqui é fluxo ininterrupto,

Continuo para as reflexões psicodélicas das cores e idéias?

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O eidos da luz a incidir no efêmero do perpétuo

As dores pujantes, sofrimentos contundentes

Com o rumo da morte?

O eidos do cicio dos ventos a movimentarem

O cata-vento das esperanças às avessas,

Giro contrário?

O eidos da melodia dos verbos dos sonhos e o ritmo

Do nada dançando Ravel de fraque e chapéu de coco?

Em que lugar o eidos do cicio dos ventos emaranhados

Nas dialéticas do efêmero, efemeridade, eterno, eternidade,

Re-versifica as éresis da poética do absoluto?

O eidos das náuseas dilacerantes

Pela dignidade dos princípios, honra às decisões,

Pereniza os idílios dos sonhos às avessas da esperança?

O eidos do desejo do amor puro e verdadeiro

Re-verseja a entrega dos verbos nas mãos da eternidade?

O eidos do obtuso e da inverdade

Entrelaça as mãos em nome dos dogmas cristãos da compaixão?

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O eidos da vontade de poder

E as considerações intempestivas é o vinho suave e saboroso

Para o prazer das dissensões?

O eidos da fumaça expelida do cigarro,

Inda pelo início sendo fumado,

Perde-se no ar de metáforas e estesias?

O eidos da balada folk inspira o verbo

Dos sons a conjugar as notas das saudades do éden das balalaikas?

O eidos de humilhados e ofendidos

Sacia a fome da vanglória, a sede da luxúria?

Em que lugar o eidos da virgindade despetalou-se,

Perdera o objeto de seduções,

Instaurara a fissura de todos os prazeres deflorados?

Em que lugar o eidos dos reversos sons advindos

Das profundezas do abismo são adjetivos do nada vazio?

Em que lugar o eidos do absurdo e do estrangeiro

É a fonte mística e mítica para a esperança da perfeição?

Em que lugar o eidos da poiésis poemática da poética

É a verdade da alma e do espírito?

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Em que lugar o eidos?... Em que lugar o eidos?... Em que lugar o eidos?...

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E o meu lugar é aqui encostado ao parapeito da janela

De guilhotina à moda de patrimônio zagaio dos tempos,

Contemplando a noite e as luzes da cidade.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 30 DE NOVEMBRO DE 2020, 09:55 a.m.#

 

 


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