Manoel Ferreira Neto RESPONDE À CRÍTICA ENSAÍSTICA DE Ana Júlia Machado ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA AO POEMA #FÁBULA DO TAL-AGORA-AQUI# $$$


Hodiernamente, inestimável amiga e companheira das letras, há uma enorme oportunidade de a Psicanálise e a Filosofia se aderirem no sentido de procurarem entender e compreender a Hipocrisia e a Máscara. Fora esta a minha intenção: pensara em Albert Camus, o Absurdo Existencial, e com efeito a hipocrisia e a máscara são os absurdos de nossos tempos.

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Em verdade para a concepção deste poema arregacei as mangas da diplomacia, da ética, mergulhando na crítica radical às hipocrisias e máscaras de nosso tempo. A Literatura, a Poesia entupigaitadas de elogios, aplausos aos novos caminhos que elas oferecem, tudo o que podem contribuir para a continuidade dos absurdos que, para os poetas e escritores hodiernos são dádivas, magias, como algo existente, corpóreo, real, como Deus, como santidade de Deus, sentem-se eles profetas.

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Diante desta realidade inconteste:

Traguei verbos

Defectivos, regulares, irregulares,

De ligação, anômalos,

Esvoaçaram pelo recinto,

Expelida a fumaça a deus-dará,

Se nela residia o que re-colheu, retirou de mim,

Enriquecendo sentimentos íntimos,

Conjugando ética e estética em seus tempos,

Fosse-me dada a dádiva

De expressar-lhe, dizer-lhe,

A paixão inunda o espírito continuamente,

Sentimentos presentes nas regências

Patenteiam com argúcia as perspectivas

De visão da ampulheta

Que verdade re-colhe na visão

Dos sentidos multíplices florando nas intenções....

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Verdade e a Fábula

São a mesma coisa,

Não me é dada a dádiva

De dizer, verbalizar o que os verbos,

Na fumaça, tiraram de mim,

O que recolheram ,

Isto é fábula, a estética mostra perspectivas da verdade,

Isto é fábula, cumpre gerenciá-la precedendo

As características que a traçaram,

Isto é Verdade, mister, sine qua non empreender

Há o risco incólume de se tornar Treva...

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Genialíssimo e de excelência, Aninha Júlia, o seu ensaio. Parabéns! Beijos a você e à nossa amada netinha Aninha Ricardo.

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Estará neste texto, penso eu, do escritor Manoel Ferreira Neto, FÁBULA DO TAL-AGORA-AQUI - o finito, sublevação, empenho, término, essência.

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Praz-me verbalizar que poderei apoiar-me em Albert Camus que atreveu-se considerar os términos da razão e da atuação humana no conto Em um instante de primazia das expectativas de um racionalismo totalizante. Em complexos planos da representação, Camus edificou uma desmontagem de qualquer doutrina filosófica (tal como o aristotelismo, o hegelianismo etc.) inclinada para a indagação das multíplices intuitos e, entre as quais, a finalidade suprema que explicam a organização e as alterações do universo e dos seres que o integram; teleologia, teologismo histórico e das concepções estéticas da existência.

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Sua filosofia é um paradigma interpolado para a racionalidade e para a aliciação ético-política, procurando um ténue comedimento entre às exigências da história, o compromisso com a vida singular e o restabelecimento dos laços essenciais entre os homens e o mundo.

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Pascal e Camus: Proferem que a proveniência do mal, o significado da mágoa e do padecimento, o sentido do fenecimento e a atitude humana defronte da negatividade interpretada pela história - são alguns dos como aves palmípedes. Dos desígnios românticos é uma característica igualmente dividida entre eles, probidade que compromete, no limite, a rejeição do conto visando a precisão do acordo de que são detentores. Igualmente é comum a actividade de destruir com os términos do método, diligenciar na metáfora e na representação a apreensão dos autos corpóreos da vida, a conservação do laço semi-lúcido Semo obscuro no zelo da complexidão humanas. Ambos impõem igualmente uma expansão dos limites morais e eloquentes da filosofia. Como entender que o arrebatamento a uma transcendência da espécie humana imponha um rigoroso choque da actualidade como nas atitudes de Pascal e Camus? Embora afastados três séculos no tempo e de suas perspectivas transcendências inteiramente diferentes – é, afinal exequível constituir uma conversação entre estes dois autores que acondicionam proximidades ou, no ínfimo, questionamentos filosóficos em comum. Encontra-se em Pascal uma enumeração da espécie humana tingida pela prática negativa da deidade: em todas as alçadas da antropognosia são - por detrás da instituição do hábito, e da ideia - a eventualidade e o oco, passos do afastamento integral de Divo. As representações da expatriação encontram-se por toda parte- seja em correspondência ao infindo, seja na metáfora da “ilha ignorada” que personifica a iniquidade que o autor imputa à política. Na obra de Pascal se expressa um desalento com a situação humana diante da essência e defronte dos outros homens que podemos qualificar de derrotista. O resultado do deparo destas duas vertentes da “desconfiança” em relação ao homem é a apreciação ampla do entendimento da autenticidade da ordem constituída. Esta rejeição da habilitação da erudição e, especialmente, do poder, foi insuficientemente entendido pela historiografia filosófica.

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Alguns foram transportados a classificar a atitude de Pascal como meditativa dado seu decisivo derrotismo em relação à faculdade da edificação de um poder político lícito e de uma sociedade justa. O portador desta delação é sabido: do iluminismo aos pensadores contemporâneos, a corrente principal da filosofia – cursando as instâncias e fés de seu tempo - enxergam a história como ímpar condição de ligação entre o homem e o cosmo. Por ser crítico em relação à história, descrente das instituições políticas, o entendimento de Pascal seria, forçosamente, indiferente. Entretanto, a tristeza é igualmente uma representação político-filosófica. A sua extensão histórica, o cogitam tese central existe na coerência ilógica: à perspicácia descoberta execução humana – exaltar as “núpcias” do homem com o Se reformarmos a sequência de peleja empurradas por Pascal, da destruição dos fundamentos do saber à censura aos alicerces do poder constituído, nos caberia notar uma dimensão aliciada intransferível em muitas das ramificações. O filósofo replicará com a existência; à concretização do mal no conto, responderá negando-se a matar.

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Descobriremos as estirpes da repulsa de submeter-se ao pânico exigido pela razão, no descontentamento com a história, que montaria a uma análise da natureza que avista no vínculo penetrante entre o homem e mundo, uma esperança de experiência radicalmente não-histórica. Em Camus o reencontro com a natureza – com mundo - seria mais importante que as atrozes epopeias civilizadoras da política. Seu niilismo político uma postura opulento existe um acordo intransmissível de Camus a debilidade humana transporta em Camus a um severo afronta assim, cremos que a indagação desses dois pensadores “insatisfeitas As recordações que Camus guardou sobretudo do Brasil, não foram muito benéficas. Em suas exposições feitas em seu Jornal de uma brisa de ansiedade… De todo modo, seu prognóstico funesto é uma afinidade vantajosa à edacidade em regência na atual sociedade. Hoje, unicamente o aprofundamento do pensamento dos términos, simplesmente, destes insignificantes peixes brasileiros que agridem aos milhares o undívago imponderado, limpando-o, em alguns instantes, com diminutas dentadas céleres, cedendo só um esqueleto nubloso - ou seja, de nossa inscrição coletiva na existência, da debilidade comum da condição humana, pode nos defender da endentação da morte acionada pelas iniquidades sociais. Este raciocínio solar de Camus é vigoroso para o homem e para a natureza que estão, neste instante atual, entre nós, obscurecidos pela escuridão da insensibilidade.

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É neste sentido que a concepção rigorosa da responsabilidade do pensador de Camus aponta sua transparência, energia e dignidade: é preciso estar inteirado de que “cada palavra alicia e que ninharia é improfícua.

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E revejo muito o escritor Manoel Ferreira Neto nestas duas perspectivas, que embora diferentes, cruzam-se…se calhar divaguei sem o ter que fazer…não seria com certeza o que o escritor pretendia…mas a escrita e essencialmente a de Manoel Ferreira Neto, transporta-me sempre para várias análises e compará-lo a certos filósofos…e claro que fica sempre a dúvida de qual caminho enveredar…e sinceramente que essencialmente aqui ficou…termino com uma ideia do escritor Manoel que leva-me a tal análise… Abandonei mão reflexões que enrolam inépcias de diferençar o bem do mal, e com isto sentir-me à vontade. Constroem em designação de convincentes supérfluas. Não contestam às esperanças da confiança vibrante da consciência-estética-ética, orientando o devaneio do mutismo, atear a chama do isolamento, tudo o que tem para possibilitá-lo às fantasmagorias. Exatamente o que Camus previa da sociedade de hoje e que é a pura realidade…uma sociedade hipócrita e mascarada…

Ana Júlia Machado

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#FÁBULA DO TAL-AGORA-AQUI#

GRAÇA FONTIS: PINTURA

Manoel Ferreira Neto: POEMA

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Sou um ser de cerimônia,

Represento a Comédia das Palavras,

Da fala,

Tragicomédia da Linguagem, Estilo,

Tragédia da Metafísica, da Razão,

Verbos e Fumaças esvaeceram-se

Ausências, lapsos de memória,

Residem alhures, invisíveis, imperceptíveis,

A cerimônia persuade-me

Nada existe sem razão,

Presto-me aos meus desígnios,

Sem Verbos, sem Fumaça,

Sem gerências regenciadas,

Sem cinzas espalhadas ao longo dos trechos,

Com presteza virtuosa,

Diria até suntuosa de sacralidade

Que me impede de

Partilhar de seus fins,

Dilapido os mistérios da Verdade, da Fábula,

Do Mundo e do Entendimento,

Para seduzir-me a inventar, criar, projectar

Esperanças, necessidades,

Exílio orgulhoso, solidão de máxima prepotência,

Inda que tudo sejam representações,

Nada seria existir não fossem as quimeras...

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O que a existência obsequiou,

Tragar verbos, expelir o nada

De quimeras longínquas,

De utopias distantes, íntegras,

Colhi a flor que enfloresce

No seu tempo de vida,

Nos instantes de glória, esplendor,

Esquecem-me as ausências, falhas,

Lapsos de memória,

Esquecem-me enigmas, re-presentações,

Florando vocábulos, vernáculos ,

Momento sublime que transforma

Uma besta do acaso em passante providencial

Digna de aplausos efusivos.

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Larguei mão de idéias que envelam incapacidades de discernir o bem do mal, e com isto sentir-me à vontade. Edificam em nome de justificativas inúteis. Não res-pondem às expectativas da esperança fremente da consciência-estética-ética, canalizando a quimera do silêncio, acender o fogo da solidão.

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Tudo o que possui para facultar-me as utopias. Tudo o que existe é o "tal-agora-aqui."

#RIO DE JANEIRO(RJ), 20 DE NOVEMBRO DE 2020, 16:16 P.M.#

 

 

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