#ZARAGALHADAS DE DEVANEIOS E SUSSURROS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA



Quem dantes me encaminhou exultação e à minha facção espezinhou sendas desconhecidas, incognoscíveis, desdenhou horizontes longínquos, saudando comigo o deleite das patenteadas...
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Um deus se exalta como se o corpo fosse um pensamento. Ao meu lado permanecia quando desabotoei para o entoo, para os sonidos da existência, para a música de cânticos de buscas...
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Indiferença imprevisível, obscuras realidades...
Zaragatas no beco, zaragalhadas nas alamedas
O sol em breve,
Músicas in-audíveis, medos indevassáveis...
Sinto que minh´alma começa a expandir-se,
Imagens nas paredes produzidas pelas chuvas e sol,
Escritos nas amuradas,
Vou lê-los, ver o que dizem,
Veracidade prestes, querença sumida,
Inculpabilidade furtada, que, como faíscas,
Assolaram meus esboços, meus devaneios...
Calafrios que correm dos pés, sussurros
Que se manifestam audivelmente no vazio
Das horas inertes, dos minutos e segundos encantoados,
Em que limite extremo do picadeiro
Silenciam os meus gestos de clamor,
Em que extremidade do proscênio
As sombras cênicas fulguram,
A última lágrima não há-de ser vertida
De meus olhos
Vou plantar e colher o que a terra produzir,
Vou re-colher e a-colher o que a existência revelar,
O último verso de mim não há-de ser escrito
Por minha mão,
Mas pelo éter que se esvai no espaço invisível
Das palavras, das metáforas, do silêncio,
Pelo diamante que risca o impermanente,
Esplende o brilho branco das metáforas e fonemas.
#riodejaneiro, 22 de janeiro de 2020#

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