#TIMBRES DE PRATA... FLUTUAM# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Ao PRESENTE carinhoso da Amiga, Escritora e Poetisa Ana Júlia Machado, com TIMBRES DE PRATA... FLUTUAM retribuo com o mesmo carinho.
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- Que metafísica tem a lua?
- De ser inspiração para os apaixonados,
Desfrute dos mais sublimes sentimentos,
Clamor e rogo para o encontro do amor,
Iluminar a escuridão da noite.
- Que metáfora representa a noite?
- Descanso das labutas pelo pão nosso
A saciar-nos a fome,
Sono povoado de sonhos, cujos símbolos,
Signos decifram os mistérios do vazio,
Enigmas do oco.
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Sinto ser noite na chama que se alastra
Inclina-se ao jugo do vento, na maresia marítima,
Não porque a lua lumina as trevas,
Sim porque no mais recôndito de mim
Clamores pretéritos silenciaram-se,
Conclames de outrora emudeceram-se,
O vazio verte lágrimas de castigo,
O nada enxuga as de brumas,
Há reservas colossais de tempo,
Nos cofres inconscientes do futuro,
Pós-futuro, pretérito,
Figuras sem contorno,
Movendo-se no fundo de um espelho.
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Os homens somos lorpas em imprimir
Grande velocidade ao deslocamento do corpo,
Em acreditar que nos excitamos e olvidamos tudo:
Em nós é que reside a invisível neblina,
E caminha conosco e se junta à nossa matéria,
Entrelaçada ao nosso coração pulsante,
Uma colega sorrateira.
E ali pesa, até poder surgir aos poucos,
Solene e vitoriosa,
Artificiando a imensa teia líquida,
Incolor que embebe o mundo em que existimos,
Verdadeiras ilhas que jamais
Se incorporarão ao nosso triste destino,
Desolada saga, tétrica sina.
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À custa de palavras marteladas diárias,
Aprendo que minúscula comédia,
Comédia de angústias e náuseas,
Re-presenta a existência neste mundo.
Que sonho de escuridão e obscenidade
É o caminho do homem sobre a terra!
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A lua vai alfim surgir. A neblina alastra ao meu horizonte sem fim, aos meus uni-versos por serem, in-versos por brilharem, re-versos por patentearem esperanças do sublime, ad-versos por deglutirem contradições e imperfeições, os olhos doem-me da nitidez estéril, do nítido nulo, da alegria breve, da aparência frígida, da folha limpa por escrever.
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Timbres de prata... flutuam!
As cordas da lua tremem.


#riodejaneiro, 23 de janeiro de 2020#


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