#Ó ANJOS DAS GAIAS CIÊNCIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Noite ofegante, negrume dos pinheiros,
Silencioso céu, ilha deserta,
O espaço esvazia-me
Até ao limiar da memória,
Até ao patamar da inconsciência.
***
Por que passaria como uma afogado
Entre as correntes do mar?
Onde alastra o meu cansaço,
O afago quente de um coro,
O aceno de sinais que se co-respondem
Como ecos de um labirinto.
Choro meu de alegria, ó anjos das gaias ciências.
***
Sou quem canta, quem delira sem ter febre.
Riso meu de tristeza,
Oh, querubins das considerações intempestivas.
***
Num bafo secreto afloro
O que estremece sob os gestos
Alfim apaziguados.
***
O tempo incide incerto sem medida,
O olhar de criatura se converte na moldura
Entre os éritos pretéritos, entes presentes,
Entre os ais futuros, as idades do eterno
Desta terra sem vida, sem mortes,
Deste mundo morto e triste.
E triste volto a mim
Com sede e fome.
***
Con-templo as folhas verdes
Umedecidas do orvalho da noite?


#riodejaneiro, 22 de janeiro de 2020#

Comentários