#UPSILONS INFAUSTOS DE AEVUS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



Até as profundezas mais remotas da lógica pura...
***
A festividade é funesta.
Os bailados, logrados.
As danças, infaustas.
As encenações teatrais indecorosas.
E mais que isto: divulga-se o tempo.
Mundo desabitado,
Repleto de gradações do imperecível,
Impermanente,
Luxúrias, arrebatamentos.
Lugar oco onde mártires choram
Anjos brincam com o pecado.
Estando a casa em chamas,
Labaredas faiscantes,
Esquece-se da fome,
Após, come-se sobre as cinzas.
***
Não constituo lógicas que cadenciam
Expectativas e eventualidades
Dos sofrimentos da alma lobrigando
Mais longe das serranias
Os transitórios do desvelo,
A transitoriedade dos devaneios,
Impermanência dos desvarios
Que procedem a escuridão sustada
No patamar dos AEVUS,
O esvaecimento das quimeras
Que antecedem o nascer do sol
Nalgum limite da madrugada.
***
O bailado é anedótico;
Escarnece-se,
Cascalha-se,
Coscuvilha-se,
As antefaces são Poáceas vivazes,
Os olhos desmaiem as representações
Que se declaram escurecidas de
"Upsilons" do inacreditável,
Inconcebível, indescrítivel, inaudível,
E me largo desempenhando o plano,
Projeto de ação
Risíveis aos olhos da assistência alienada
De meias-tintas da circunstância,
Dos ouvintes conscientes das tintas
Do instante-já ou instante-limite
Para as quais nem estão aí.
Há lógicas que servem para justificar os defensores,
Esconderem-se, transfigurarem-se
No além e no longínquo,
O Rei dos Filisteus coloca
Mandíbulas em suas lápides
Adornam seus túmulos,
Neminem laede,
Immo omnes,
Quantum potes juva,
Pessimista, negador de Deus e do mundo,
Que se detém frente à lógica,
Tem direito de dizer alguma coisa?
A bola de cristal em cima da amurada
Não me revelou nada ainda,
Paguei o preço da solidão,
Mas pelo menos estou fora da dívida.
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#riodejaneiro, 22 de janeiro de 2020#

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