*DA IDADE MÉDIA PÓS-MODERNA, MORTE* GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA



EPÍGRAFE:


A obra é origem da Existência,
Contingências, utopias,
A origem da existência
São representações e risos,
Aquela comunhão do vagabundo
E o palhaço do Nada.
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Cinzas dos princípios primevos
- anteriores a quaisquer genesis,
postergados a quaisquer lendas,
legendas, causos,
Tristes trópicos protelados
Anunciando outros conhecimentos
Das raízes do Primitivo -,
Re-nascidas nos umbrais da amoralidade
Que seduz os dogmas da indecência,
Res-tauradas nos limbos fétidos da nihilidade,
Que encanta os interesses da raça, estirpe,
Corações perenecidos de utopias, ideologias espúrias,
Viperinos da alienação,
Ausência da fé,
Falta e falha dos sonhos,
Manque-d´être de esperanças
Bem-aventuranças salvarem o eidos do sublime,
Res-gatarem a essência da con-tingência,
Re-cuperarem o núcleo dos instintos e natureza,
Insensibilizando as dimensões trans-cendentais,
Razão Pura, Razão Prática,
Fenomenologia do Espírito,
Ser e Tempo,
Desejos de liberdade,
Vontade da divinidade,
Sonhos da estesia.
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Ossos, cinzas, nada,
Des-carne das ilusões
In-verbos das fantasias,
Que, nas fontes do uni-verso, além das imanências,
Alimentam-se de a-nunciações do gozo,
Manifestações do prazer
De serem sementes de
Gerúndios do sonho no ínterim dos sonos,
Indicativo presente do ser-com a Vida,
Ser-para-a-morte.
Faço-me esvaecer
Por inter-médio dos anéis de fogo
De minha mente,
Abaixo das ruínas nebulosas do tempo,
Passando ao longinquo das folhas congeladas,
À través, não se pode mastigar à través do fogo,
O assombro, árvores assustadoras,
para fora da praia ventosa,
o sol sumindo atrás da montanha.
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Palavras, versos, re-versos, in-versos, estrofes,
Acorrentados de signos, símbolos, metáforas,
Aguilhoados aos infinitivos dos verbos,
Mimeses, representações,
Agrilhoados aos partícipios de tempos,
Faísca de fogo crepitando lenhas,
Ao secular, milenar clímax do abismo inaudito,
Indizível, "Ad Perpetuum Nihil"
Fals-itudes plenas e divinas
Versos, re-versos da morte, fim-contingente do corpo,
Recitando evangelhos do sem-verdade de ovelhas,
Declamando as paráclises de Mefistófeles à beira
Do Cócito do Hades, refestelando-se nas chamas da lareira,
Em rebanhos da ausência de fé,
Implorando o des-paraíso terreno,
O baldio dos becos sem saídas,
Nos tabernáculos de templos edificados às glórias chifrudas
Da fidelidade ornamentada de prazeres, saltitâncias,
Da lealdade de arrebiques de
Línguas tocando o éden dos instintos,
Perecendo da alma as quimeras da felicidade,
Fantasias do amor, sorrelfas da cáritas.
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Estrofes in-versas, inter-ditos re-versos
- do pós-cinzas, as moléculas de nonadas,
paradigmas do nada,
das anti-cinzas, as fagulhas de fogo
nos fogões a lenha a produzirem o alimento quoditidano -,
Vazio do espírito ad-stringente ao frio milenar,
Cons-tringente ao vácuo secular, ao buraco negro uni-versal
Da des-ética, des-moral,
#In-Miguilin# dos #Causos da Vida#,
Vivenciados nos mata-burros da não-travessia
Das pontes perfeitas de margens e extensão,
Da morte da Idade Média Pós-Moderna
Aos raios de sol que versejam as vers-itudes
Lusitanas da esperança - glória e poder eternos,
Estrofes-itudes do sonho - utopias e sabedoria perenes.
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As luzes da ribalta mundial com que os palhaços
Brincam, divertem-se, riem de angústias e tristezas,
Doces e tristes crianças, rindo,
deleitando-se de brincadeiras
ingênuas,
As sendas palmilhadas patentearam
As diferenças entre o riso e as palavras,
- "sweet child in time/you´ll see the line/
The line that´s drawn between the good and the bad" -
Sonhando o camarim das alegrias
Idealizando a imagem refletida
No espelho
Do Ser-com-os-verbos-do-infinito,
Embora, no entre-tantos das situações e situações,
Os homens possam ouvir-me rindo,
Girando, dançando,
Tecendo palavras in-versas de metáforas re-versas,
Loucamente através do sol.
Não estão vendo ninguém,
Estou só divagando pelas ruas,
No céu não há cercas revestidas.
Se ouvem traços vagos de rimas enroladas
No lenço de algodão,
No guardanapo de seda da Índia,
Para a nota do piano,
Sou apenas um rude
Palhaço atrás..
A geometria da inocência é carne no osso
A trigonometria da ingenuidade é infinitivo sem particípio,
Faz com que o livro de matemática de Galileu
Seja lançado, atirado,
As Teorias da Gravitação Universal
Artificiem com primor, engenhosidade e utopias do perene,
Os arquétipos do sublime,
Sejam o lenço facial de linho,
Em Dalila que se senta inutilmente sozinha,
Nobremente vestida de suas estratégias,
Oportunismos, Chantagens,
Mas as lágrimas em suas bochechas
descendo quentes e pujantes
São de tanto rir
Da MORTE DA IDADE MÉDIA PÓS-MODERNA
@riodejaneiro, 30 de janeiro de 2020#

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