#POR INTERMÉDIO A SABEDORIA E A LOUCURA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Caio num langor supremo, chega a ser bem agradável, morfina ou sedativo, diria mesmo "sublimatizante"; e pálido e perdido e sem ar, um frêmito me abala, estremecimento me sereniza... eu quase morro, quase que morro... eu tremo. Haveria, pois, diferença alguma entre os sábios e os loucos, se não fossem mais perspicazes, habilidosos estes últimos, são mais engenhosos, isto lá é sério. Sim, porque estes o são por dois motivos: o primeiro é que a perspicácia dos loucos não custa nada, nem mesmo tostão carcomido pelo sal na areia de ilha deserta, bastando um pouquinho de persuasão para formá-la, contudo a engenhosidade dos sábios não tem preço cabível no mercado negro, ganha-se com ela a aspereza das trafulhas e trambiques com o destino, sagas e sinas. Nada. Só a hora inútil. Só o sacrifício fútil. Só a entrega pueril. De desejar sem querer, sem volúpias, e sem razão esquecer, sem intelecto perscrutar, in-vestigar, sem percepção e intuição, aboletar os pilares das virtudes e valores estrambóticos.
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No que em mim deseja de Verdades, as regências verbais tecem de erudição a estética do estilo sensível, espiritual, as metáforas conjugam de imagens a linguística do eterno, as regências nominais desenham no horizonte as perspectivas da linguagem do Ser e Tempo, do estilo do Ser e Nada, dos pensamentos e desvarios do Vazio e do Silêncio, e nos interstícios da alma de verbos alucinados, tresloucados, esperanças delineiam de perspectivas cânticos solenes em uni-versos líricos, a síntese, adesão destas dimensões, e esse angu de caroço, para alguns, até a linguagem vulgar tem o sítio merecedor, só ter a engenhosidade de introduzi-lo e registrá-lo, mais vícios que virtudes, quem conhece a arte de viver consigo próprio ignora o aborrecimento, as chateações, o espírito do homem é composto de modo que lhe agrada muito mais, dança e saltita de tantas alegrias, a mentira do que a verdade, sob o efeito ziguezagueante da Sativa e Jack Daniel´s, Chivas, para que a vida dos homens não seja triste e aborrecida Júpiter deu-lhe mais paixão que razão, vim de longe, vou mais longe, quem tem fé e utopias vai me esperar no dia que este mundo vai virar, plen-itude de êxtases compõem de estesias alhures de sentimentos à busca de subjetivas verdades, algures de desejos de felicidade à busca do espírito de con-templar o sentido impermanente, vai me laurear e louvar, o Prêmio Nobel concedido àqueles que ensinam quimeras à humanidade, em que o núncares, cujo cerne é o "muito tempo", aos re-versos da intuição e razão croquiza a imagem do abismo sendo eidos do abismo ... absurda acepção eterna e do eterno...
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Templo sem tempo de mim,
Deuses imortais, onde estarei eu?
Cavernas sem o "mim" de minhas perquirições,
Profetas universais, onde encontro-me eu?
A léguas, milhas do mim de meu "ser"? Será?
A que região do mundo
Me trouxe esta carreira sem descanso?
A esta esfera de atividade e penas que não pinga os "ii"
Da compreensão e entendimento do Mundo e Pensamento,
Tecendo o terço das ipseidades e facticidades,
sentido volátil,
sentido nítido nulo,
sentido oblíquo e obtuso,
sentido ubíquo,
sentido per-verso, herético,
capela sem efígies hereges e proscritas,
cultos sem espíritos sacros, sem bíblias inconsequentes;
símbolos, signos
sagrados de minh´alma,
signo estrela cadente,
signo vazio,
signo lua minguante,
signo constelações sem brilho,
signo fugaz...
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... uma flor é feita de pétalas e de perfume, e tem a cor que as mãos conjuntas da terra e do sol espiritualmente lhe concederam, doaram-lhe.
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A cor talvez se desvaneça, mas pode alguém pisar um perfume?
#rriodejaneiro, 28 de janeiro de 2020#

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