ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA Maria Isabel Cunha ANALISA E INTERPRETA O POEMA "À SOLEIRA DO MONTE DAS OLIVEIRAS"



Efectivamente, alma penada sem eira nem beira, refugiou-se no silêncio e em pretéritos sem futuros, deslizando ao sabor de correntes e ventos contrários. Eis que surge a lufada fresca e límpida da aurora, a águia sacudiu as asas e com seus olhos perscrutadores vislumbrou a coruja meio assustada e contrita no seu esconderijo entre ramos verdes no crepúsculo da noite. Deram-se as mãos e esqueceram-se os uivos dos lobos, as trevas e decidiram pôr termo aos desaguisados trocadilhos de comunicação. Avante será o destino dos dois, apreciando o verde da paisagem bem húmido da neblina que por acaso possa cair, visto que a amizade verdadeira é circular e, por conseguinte, infinita. Obrigada pelo belo e sapiente poema, meu Amigo Escritor Manoel Ferreira Neto. Em relação à imagem ilustrativa, sempre em consonância com o poema, entre o verde e o negro ressaltam os olhos e estes não mentem, são perspicazes e há muito mais verde que escuro. Parabéns à artista plástica e minha Amiga Graça Fontis que, sabiamente, conseguiu encaminhar as cores que andavam dispersas. Final feliz para uma Amizade que se deseja sincera e superior a pequenas questiúnculas de percurso. Bem haja aos dois AMIGOS.

Maria Isabel Cunha
@@@
RESPOSTA À ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO SUPRA

As Artes, Maria Fernandes, sempre ensinaram a considerar as sombras do passado, mas acender as luzes que iluminam os passos do presente e encaminham ao futuro das realizações dos sonhos e esperanças. As sombras do passado, considero, são coisas do homem, da Existência, as Artes são a fé e a esperança que tudo podem transformar. Sou homem e sou artista, mas faço das Letras a Existência.
Beijos nossos, querida!
@@@
SOLEIRA DO MONTE DAS OLIVEIRAS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: POEMA
@@@
À Amiga e Escritora Maria Isabel Cunha pelo re-começo das relações de amizade.
@@@
Olhos perdidos nas entrelinhas espaciais de todos
Os versos e verbos da noite e do dia,
Da chuva torrencial e sol escaldante.
@@@
Do milagre capital à soleira do Monte das Oliveiras.
Lá no alto da colina passam ventos,
Caem orvalhos,
Sarapalham neblinas,
Re-colhem solidões e silêncios
Dos noctívagos devaneios do Ser,
O catavento dos im-pretéritos gira
Às in-versas da verdade,
O rodamoinho das impermanências
Dá voltas sublimes na ampulheta
Dos segredos, gritos e apelos,
Em cujas bordas os solstícios do crepúsculo
Pre-figuram e con-figuram de efígies
O sacrário das ilusões do perdão e misericórdia,
Lobos uivam à mercê da chuvinha fina,
Enquanto a coruja, encolhida,
Protegida pelas folhas da árvore,
Enleva seu cântico circunspecto ao murmúrio
Dos sonhos em marcha.
@@@
Lá no alto da colina as luzes
Rarefeitas de brilho e cintilância
Incorrem no vazio do nada,
Pers-pectivando as imagens etéreas do éden
Re-presentado pelas sin-estesias do ab-surdo,
Pres-ent-ficado pelas metapoéticas
Da alma penada
De pecados e pecadilhos do livre-arbítrio.
@@@
Luzes que iluminam caminhos de trevas,
Explícitos e eternos,
São viagens ao infinito dos verbos de sonhos,
Das regências viçosas no sono extasiante,
Gerências da poeira nos becos solitários,
Esvoaçando as folhas da memória,
Fogos e chamas imortais da fin-itude e morte...
@@@
Quero lúcida e lúdica
A travessia do “A” ao “G”,
O que há de mistério e inconsciente,
Equívocos destros das gauches inspirações,
O que há de mítico e místico,
Vistas solipsistas da metafísica sem eiras e beiras,
O que há de lenda e folk-lore,
Tristes trópicos que despertam o saber e a sabedoria,
O que há de mitológico
Do nada quiçá possa haver...

#riodejaneiro, 23 de janeiro de 2020#

Comentários