PELOS CAMPOS SEM ALHURES...# GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



EPÍGRAFE:


"Lágrimas que tão-só tecem e destilam desejo e ânsia e volúpia de que alvorecerá."
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Como um demente recito Ovídio
Ao in-verso de declamar poesia que
Verseja a inerência dos padecimentos,
Conteúdos de perdão, de carícia,
Jorrando sob o tapete, concebendo
A poeira de leve a cobri-lo, adiposo,
Qual mito desmontado,
Qual lenda desfacelada,
Amanhã recomeço.
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Sentidos... Toadas de primevos tempos, tempos sui generis de esperanças outras do ser e do verbo, tempos recentes de verdades milenares en-veladas nas contingências compassam abalos, temores, reminiscências, o ânimo vagabundeia pelas tortuosas voltas da existência, per-vagando de devaneios quereres, querências, desejâncias, centelhas de sol, chamas de lareiras, recaindo nas águas, a resvalarem vagarosas no rio sem cafuas, pelos campos sem ALHURES..., per-correndo veredas, perpassando horizontes de simulacros, a-nunciações na fenda da alma, blandícia de amor ampla de aspirações, eloquências de derretimento contaminadas de arrebatamentos, concupiscência de deleites e pancadas de deleitação, re-festelamento, fulgurando bem-estar à luminosidade de ápices a aprumarem nuances de transitórios delírios a favor de quimeras jovens, fantasias juvenis, concepções às cavalitas de esvaziados inomináveis, de nadificados inconcebíveis.
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É preciso mesmo tempo, vontade e certa conexão com a teia da aranha, confeccionada para apreender os insectos, para poder apreciar a beleza singular das circunstâncias e situações que povoam as sombras do pretérito, con-templadas nas letras. Noutras dimensões do inter-dito, utopia e aderência com a rede de peixes, fabricada para o vazio ser o objetivo dos peixes.
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Sem rota ou pensamento, numa incerta hora gélida, presumo estar livre de tudo, de atingir qualquer porto propício em acordar memórias, lembranças... e as folhas da palmeira crescem, coqueiro-de-espinho desolado se alteia, cactus do deserto à luz do sol incandescente produz a água que saciará um pouco a sede dos peregrinos. Razão sem razão de me agoniar sobre restos de restos, o resto é devaneio, desvairar é resto de devaneios, inclinar aflito sobre vestígios de vestígios, de onde nenhuma sublimação, nenhum alento vem refrescar as chamas voluptuosas do re-pensamento. Quando só há lembranças, recordações, ainda menos, menos ainda, tiquinho, nada, nada de nada em tudo, não vale a pena acordar quem acaso se refestela na colina sem árvores, no pico sem castanheiras, nas serras sem orquídeas. Se acaso é res-ponder a enigmas inauditos, somar-lhes um enigma inaudito mais alto, a mistérios interditos, comungar-lhes algumas lendas e causos, tomar um copo dos grandes de suco de graviola numa tarde de temperatura a quarenta e cinco graus, quê inferno. Putz.
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Nem a hora que passou logra tornar atrás.
nem a onda que passou voltará de novo a ser chamada,
Com passo rápido se escapa a idade, e não é tão boa a que vem depois, quão boa foi a que veio antes.
Com um olhar introspectivo, circunspecto, havendo num dos olhos um pequeno desvio, só mesmo visto com atenção, se observar bem, a todas as coisas, objetos, e com certa reticência o homem, acrescentar-llhe um inaudito e interdito em uníssono em algumas mentiras e lorotas, saltita, sapateia, dança a dança do nonsense e do orgulho congênito. Imagino que luz ele trará à solidão do quarto na madrugada secreta de sentimentos acumulados, pensa logo que des-cobriu enxada para plantar os grãos de pimenta que arderá por toda a eternidade.


De facto, disponho penas em filas, [começando pelas mais curtas, a curta seguindo a longa], a ponto de se julgar crescerem num declive: assim cresce gradualmente a flauta campestre com as suas canas desiguais.
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Contemplar cintilante, indagando as sortes remotas por cujas cintilâncias a vida posterga poemas de eloquências do ânimo necessitado, transcorrendo a lua de valdevinos fulgores, em cuja matriz da criação da arte o conhecimento do estético se delineia; sou a avidez de lágrimas lúdicas-diáfanas, cujas gotas pequenas, uma a uma, são exteriorizações de distintas avidezes, de diferentes anseios da faculdade do âmago – adorar, natura – outorgar-me, espírito-vida-distinto-do-distinto. cujos corpúsculos, espagíria a espagíria, são horizontes de primitivos delírios à luminosidade de trans-actos.
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Sou esta conjuntura de nume, através de cujos simulacros, ópticas e perspectivas, aprecio, abrilhanto, entrevejo, ilumino e irradio o amor – resplendor - de – habitar a perfeição, arrefecida de míngua a experimentar as achas do susceptível a escaldarem-se na lapeira da genuína casualidade...
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O sublime, a eternidade, o amor caem, são plumas. Nenhum fragor denuncia o momento entre o eterno e o efêmero, entre o fugaz e a eternidade, entre tudo e nada. Mistérios à feição de flores abertos no vácuo. Volto aos mitos pretéritos, quando só há inspirações, vale a pena re-colher as etéreas imagens, vale a pena re-sentir o re-sentido que re-sente, vale a pena re-fazer de perspectivas e luzes - onde a pena?, pena não há! Se de tudo fica um vestígio, por que não ficaria um vestígio do sensível? no silêncio de entre a intenção e a realização.
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O olhar ora em rebeldia, ora dormitando... livre, foge rumo ao Nada, indomável ou carente à cata do possível ou impossível, dominável dentro da própria fértil imaginação, rompendo seu imensurável domínio, circulando labirinticamente, vagueia.
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Limite do sentimento da terra. Nos intervalos secretos da alma conjunturas, instantes, vocábulos não fluem expressões, desapoquentação, carmes, estâncias não asseveram o carme construtivo, incomunicação, renques, alamedas, terreiros, locais interiores, veredas ermais, veredas de remotos apetites, no corpóreo a comparência da brasa, sem desígnio, sem orientação, sem desconsolo, sem moléstia, sem constrição, sem taciturnidade. Nentes. Incomunicação. Ermal.
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Quietude.
Expectação do congraçamento.
Anelo do bem-querer integral.
Ser da época, época do ser.
vis-à-vis,
Tecem e destilam desejo e ânsia
E volúpia de que alvorecerá.
Ser da geração,
Toda geração tem
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Futuro de não-ser, completo de hostis reflexos, memórias, anamneses, de em alguma parte apetites do verso-dom do zunido de ímpetos trespassando o ser do período, sibilo de ex-tases perpassando períodos do ser, de em outros lugares expectativas da vers-ificação-sentimento belo, observar o igual flúmen de lágrimas puras, vítreas sete vezes.
A festividade é funesta;
forma-se, baila-se,
a fisionomia me liquefaz as idéias que amputam
com instrumento de folha metálica
amolado meu ido e vindoiro e me solto cingido,
emaranhado no lince de meiguices,
des-memoriado no distanciamento que me inibe,
introspectiva-me,
circunspectiva-me,
e sou intros-pectivado,
circunspectivado,
minh´alma é frouxa, tranquila,
lenda alguma des-vela-rá,
re-vela-rá limpida e trans-parente,
e se afaz a todos os trejeitos do físico.
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A festividade é funesta. E mais que funesto divulga-se o tempo. Mundo desabitado, repleto de gradações do imperecível, luxúrias, arrebatamentos. Não constituo poemas que cadenciam expectativas e eventualidades dos sofrimentos da alma lobrigando mais longe das serranias os transitórios do desvelo, a transitoriedade dos devaneios que procedem a escuridão sustada no patamar dos evos, o esvaecimento das quimeras que antecedem o nascer do sol nalgum limite da madrugada. O bailado é anedótico; escarnece-se, cascalha-se, coscuvilha-se, as antefaces são Poáceas vivazes, os olhos desmaiem as representações que se declaram escurecidas de xises do inacreditável, inconcebível, indescrítivel, inaudível, e me largo desempenhando o plano de ação de risíveis aos olhos da assistência alienada de meias-tintas da circunstância.


#riodejaneiro, 18 de janeiro de 2020#

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