ESCRITORES E CRÍTICOS LITERÁRIOS, Maria Isabel Cunha e Manoel Ferreira Neto DIALOGAM SOBRE O PROBLEMA FILOSÓFICO #DESTINO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA



VIDA E DESTINO
MARIA ISABEL CUNHA: TEXTO
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Vida e destino são indissociáveis, coincidentes, separar um do outro, tarefa impossível. No dia em que nascemos, começa o nosso destino, isto é, a nossa vida. Se é obra de Deus, da natureza ou da nossa própria vontade é discutível. Se o destino ou caminho que decidimos escolher ou percorrer é fruto das nossas escolhas, também a vida o será, pois são linhas coincidentes, logo o destino é a vida e vice-versa.
Maria Isabel Cunha
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O desejo do destino, de sermos quem o construímos, artificiamos, estabelecemos poder-nos-á conduzir a inúmeras aventuras. Quanto problemas esse desejo do destino já nos levantou! No entanto, parece estar inicializando-se agora. E se perdermos a paciência com este problema do destino, que haveria de incômodo? Que parte de nós mesmos tende ao destino? Detivemo-nos há muito frente à razão desse desejo. Perguntamos sobre o valor da destinação, da criação de nosso destino. Quem de nós é aqui Édipo Rei? O Mito de Édipo, a revelação do destino de Édipo fora pelo Oráculo de Delfos despertado, acordado. Desde então, a Filosofia debruçou-se sobre esta problemática; e a cada época novas descobertas, novas visões, novos posicionamentos, mas é isto mesmo, é na continuidade do tempo que os problemas são mais profundamente avaliados. Agora, o que mais envelou a questão do destino foram as religiões, essencialmente a Católica. Também não é só pela razão que se aprofunda as questões da humanidade, os instintos também são importantes, e o problema do Destino agora é que está tendo uma luz mais forte com a visão do Instinto. No frigir dos ovos, parece que o problema nunca foi colocado até agora. E se nos decidirmos pelo não-destino. Temos de assumir o risco de tratarmos do destino noutra dimensão, considerarmos também que o instinto do desejo de sermos livres é inerente à questão. É um risco a correr, quiçá o maior de todos eles. Reflexionemos no concernente.
Manoel Ferreira Neto
Absolutamente de acordo. Não podemos confundir destino com dom, sorte ou maldição. No dia em que nascemos, se tivermos a graça de nascermos com o dom da música, pintura, escrita, dança ou qualquer outra virtude, mesmo o da beleza física ou espiritual, terá sido obra da natureza ou genética, apenas poderemos seguir a vida ou o destino que esses mesmos dons nos permitirem. Se, pelo contrário, nascemos com alguma deficiência, também só poderemos escolher o que estiver ao alcance da nossa escolha. Haveria muito a acrescentar, já falei sobre este assunto, há anos atrás e penso que será difícil escamoteá-lo em toda a sua profundidade.- Um grande abraço de muita consideração e sincera amizade.
Maria Isabel Cunha
Se o Ser se faz continuamente, a continuidade é também o Ser. Nada é absolutamente escamoteado em toda a sua profundidade, em todo o seu Eidos, se o for mergulha-se na Verdade Absoluta e isto não existe; fazê-lo seria fechar a Filosofia para sempre, não é mais necessária. É no tempo que as problemáticas da humanidade vão sendo melhor esclarecidas.
Manoel Ferreira Neto
#riodejaneiro, 22 de janeiro de 2020#

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