ESCRITORA CRÍTICA LITERÁRIA E POETISA Maria Isabel Cunha ANALISA A PROSA #CREPÚSCULO#




Manoel Ferreira Neto , o autor sente uma paz indescritível “ chuvinha miúda” e, por mais que um pensamento de leviandade de um abstrato idílio lhe atravesse a mente, conserva- se impávido e recolhido. Recorda situações menos claras, anseios esquecidos, sem arrependimento ou vingança, pois a chuvinha miúda numa sexta-feira de janeiro invade- o de leveza de alma.
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Dos temporais passados, verseja com certo langor os versos inauditos que guarda no pensamento.
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Aceita pacificamente o presente, embora confesse que sente desalento com o perfeito e inconformado com o universo.
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Um devaneio se ergue ao eterno em odes sonantes, pois é melodia imortal, talvez algo relacionado com a/as mães, pois “ acompanhamento materno”.
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Meu ilustre escritor, confesso que tive dificuldade em ler nas entrelinhas deste fabuloso texto. Parabéns.
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Em relação à imagem ilustrativa, considero- a, como sempre, excelente e em sintonia com a mensagem do texto. Um vulto um pouco inclinado, denotando paz, um braço segurando a cabeça, em sinal de meditação, os olhos perscrutando o universo. Parabéns. Beijinhos ao casal que estimo muito.


Maria Fernandes(Maria Isabel Cunha)
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RES-POSTA À CRÍTICA SUPRA
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Idade da calmaria? Idade do conforto da rede na varanda? Idade da tranquilidade? Agora é só desfrutar e degustar a existência? Após os sessenta anos, que denomino Crepúsculo da Existência começam outras aprendizagens, outras dimensões do existir.
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Felizmente, fui agraciado justamente aos 60 anos com o amor, a amizade, a entrega, a doação, o carinho de minha Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, quem ao longo de quatro anos tem me proporcionado a consciência de meus sentimentos profundos - amo-a demais, amo-a de verdade -, de quem sou, do que represento no mundo, dos meus valores, sobretudo as sendas trilhadas e palmilhadas no passado, irreverências, inconsequências, insolências, irresponsabilidades, rebeldias, revoltas, atitudes de não, e com isso sinto que mudanças e transformações estão sendo patenteadas em mim. O de que necessitava em minha vida era o Amor de alguém, amor sincero e verdadeiro, encontrei-o, vivo-o, existo-o, e será por sempre. Também me afastar radicalmente da família Ferreira, afastamento radical, alfim nunca tive família, e há quatro anos afastei-me, cortei qualquer via de contacto, endereço, telefone, e-mail, bloqueei no Facebook todos os Ferreira, da família em geral, nada sei deles, não mais retornei a Curvelo, e jamais retornarei nem mesmo a passeio. Referiu-se você, Maria Fernandes(Maria Isabel Cunha), às minhas mães, foram a família que tive, todas são falecidas hoje, sou sozinho no mundo, neste sentido, e muitíssimo feliz, noutro sentido, porque tenho a minha Família, minha Esposa, meus enteados-filhos. O resto é silêncio, citando Érico Veríssimo.
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Não sou apenas um homem comum, sou escritor, intelectual, é isto significa ipsis verbis e litteris inconformação com o mundo, com as coisas, a busca sem eiras e beiras do Ser, e o estar sozinho diante do mundo, das pessoas, nem mesmo no métier há interação, o que realmente acontece neste métier são as disputas de valores, aquela encarniçada competição, quem tem a verdade nas mãos, e para isto não dou a mínima. Felizmente também encontrei com quem compartilhar esta estrada, com quem dividir a busca do Conhecimento e do Ser, minha Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis, você, Maria Fernandes, Ana Júlia Machado, Sonia Gonçalves, recentemente o meu maior Amigo da Vida, escritor memorialista, Antônio Nilzo Duarte, faleceu, inda estou de luto, mas deixou as suas marcas e traços na minha vida, a nossa amizade que agora é eterna. O resto é silêncio.
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Hoje sou um homem consciente de minha existência, e a consciência efetivamente proporciona a paz, e quem a tornou real em mim fora Graça Fontis, a mulher que tudo mudou na minha existência. Estou mais que pronto para seguir em frente, e seguir com a minha amada e querida Graça Fontis, construirmos juntos nossas vidas de amantes, nossos sonhos de artistas e intelectuais. Aceito a Vida como ela é, não aceito a existência como é, carece de ser delineada, carece do Ser, estou com as mãos na cumbuca, a obra e o destino estão sendo construídos.
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Análise percuciente esta elaborada por você. Reconheço a dificuldade de leitura de minha obra, trata-se de obra erudita, sendo assim carece de in-vestigação profunda para se ter uma idéia de sua dimensão. Mas não se sinta sozinha com as dificuldades, elas são de todos que leem a minha escritura. Será sempre hermética, complexa.
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Gracias muchas pela Análise percuciente. Parabéns. Beijos nossos, meus e de minha amada Graça Fontis
Manoel Ferreira Neto
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#CREPÚSCULO#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: PROSA
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No semblante indefinido - à luz deste crepúsculo de chuvinha miúda -, não essencial do devaneio, do abstrato idílio, vergastando a zona da razão, o sitio do cogito, atravessando os nervos da leviandade, assento-me acautelado na esquina de um entendimento petulante, de por baixo da marquise de uma compreensão insolente – oposto dos devaneios afáveis, concepções horripilantes. Extermino o fugaz, mas possante argumento imponderado, incongruente, e conservo-me amofinação, preservo-me re-colhido.
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Desobstruo fossos em meus vividos desordenados, imprecisos, hipnotizados, sem retentivas, sem anamneses. Agenceio simulacros anulados, omitidos, eclipses no zéfiro descansado no capim de meu propósito. Não é a mesma coisa austera, leal, fiel relatar com seiva de antanhos orvalhos os proscênios que redijo com tinta de anseios olvidados e intenções de vacuidade. Crepúsculo de chuvinha miúda - sexta-feira de janeiro de sui generis leveza da alma.
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Derrotado pelas oportunidades de infelizes flagícios e temporais asquerosos, eu, insulo desamparado ao orvalho das noitadas frescas e pluviosas, dos dias cálidos e arrefecidos, entre imensidão de pranto, versejo as inexistências de aragem, cadencio a aura de afastamentos, versejo de isolamento os poemas desaparecidos.
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Possuo para a actualidade sigilos laicos, estraçalhados e impressos nos cartórios do intelecto. Talvez pesquise no devir prévio a quaisquer alvoreceres as responsabilidades e piáculos dos genuínos namoros. Clamor sonante do anteriormente sentido ou toadas escutadas de um plangor.
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Com insignificância me agrado, satisfaço-me, felicito-me, com ninharia me comprazo, com peva me cumpro, com tudo me martirizo, com o perfeito me desalento, com o universo me escureço?
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Atrás, um devaneio se alteia ao eterno,
acompanhamento materno de odes sonantes,
Melodia imortal de cânticos sós...


#riodejaneiro, 17 de janeiro de 2020#

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