CRÍTICA LITERÁRIA ESCRITORA E POETISA Maria Fernandes(Maria Isabel Cunha) ANALISA O CÂNTICO #INCONGRUENTE CONTINGÊNCIA CÊNICA#




O autor pede ao leitor para meditar, interiorizar todos os sons, emoções e sentimentos com tristezas, dores, reduzidas a cinzas misturadas na terra mãe, volo supremo. Estas cinzas perfumarão o universo com o pretérito feito presente nas suas letras deixado como legado lúdico e sublime que só poderá ser refletido na verdade clara ao som da eternidade. No hoje, apenas incógnita, indecifrável. No amanhã, tudo claro, desvendado., as letras agradáveis aos leitores. Então, a vida é apenas teatro, circo, vivendo-a deixamos nosso traço perfumado para os vindouros, e o poeta deixa a vida registrada em palavras e estas não têm ser, mas serão eternas. Por conseguinte, o autor coloca a questão: morte ou loucura? Morte para tornar lúcido, o que para já se torna obscuro, loucura para atingir a plena liberdade, pois só um louco a consegue integralmente. Na minha opinião, o autor prefere um destes estádios, pois só neles consegue a liberdade de não estar sujeito à conformidade das palavras desejadas e ansiadas pelos leitores. Excelente poema e mensagem preciosa.
Parabéns. Um abraço, ilustre escritor Manoel Ferreira Neto.


Perante esta belíssima ilustração do poema da artista plástica, Graça Fontis, pude comprovar que a vida é preparação para a vida eterna do ser, através da mãe terra.Quanta ternura neste embalo. Assim seja a vida, para que a ulterior seja sublime. Beijinhos.
Maria Fernandes(Maria Isabel Cunha)
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RES-POSTA À ANÁLISE SUPRA
Quando nos entregamos por inteiros a fazer as coisas certas, as coisas certas são sempre o juízo do outro, deixamos a vida ao léu, vagando pelas selvas, bosques, florestas. Quando nos preocupamos a escrever para agradar aos leitores, conquistar-lhes os aplausos e considerações, o escrito é o que desejavam ler, desejavam saber, deixamos a Arte para trás, o que as circunstâncias e situações contribuem para a composição, contribuem para despertar sonhos e esperanças, delinear o nosso Eu, construir nosso destino.


Interessante observar: a Idade Média é considerada o Século das Trevas, o que é errôneo, mas produziu obras literárias, filosóficas e poéticas universais, eternas. O Século das Trevas é o nosso hoje: onde as obras universais, imortais, eternas? Em lugar algum, o que temos hoje é apenas Vácuo. Então, cumpre aos poetas e escritores enchafurdarem-se na própria alma e arracarem-na de dentro para produzir obras poéticas e literárias, o que está havendo é apenas aparência, Aparência não é Arte.


Tiro-lhe o chapéu em sinal de reverência pela análise consciente e verdadeira de minha obra. A intenção fundamental com que a criei está explícita no seu trabalho. Parabéns!
Beijos nossos, querida!
Manoel Ferreira Neto
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INCONGRUENTE CONTINGÊNCIA CÊNICA#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: CÂNTICO
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Pense
Nas ondas marítimas umedecendo a areia da orla,
Os mais abismáticos sentimentos, emoções
Florando espontâneos.
Pense
No sono da soma de todas as tristezas,
Da síntese de todas as desolações,
Sono de haver mundo comigo lá dentro
Sem que eu houvesse acorrer em nada para isso.
Pense
No pretérito: sombras a incidirem-se
no crepúsculo do tempo;
Pense
Na imagem das contingências humanas
refletidas no espelho in-congruente
das regências quiméricas;
Pense
Na poeira fina cobrindo a pedra de mármore,
de por baixo cinzas misturadas na terra
A Terra-mãe é o volo supremo;
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Ao redor do uni-verso
Performando o re-nascimento
Do ser-outro-de mim no inter-dito
Da memória refletida no pretérito espelho
Das outroras nostalgias e melancolias,
Ludico o sublime sensualizado de verdade,
- o sublime é sem bordas, sem fronteiras, ilimitado
ou a penas faísca brilhante dos sonhos? -
Sinceridade ao prazer da eternidade.
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Des-vendar
Segredos, mistérios
Des-velar
Desejos, amor, cáritas
Des-cobrir
Esperanças, sonhos
Des-enovelar
Versos re-versos às revezes de in-verdades
Re-vezes in-versas de versos in-certos,
Estrofes enganosas de intenções, volos.
Des-fiar
Linhas, entre-linhas, além-linhas, mentiras do não-ser,
Ser nada, ser vazio, ser
Fantasias, ilusões, quimeras vão-se
O tempo preenche de idílios o verbo de sonhos,
Ser de mim o que inda não sou, entregar-me ao amor,
O que de mim fui ontem
Morrer ao alvorecer de hoje
Sou eu mesmo, a incógnita sincopada
Que ninguém decifra, desnuda, des-entrelaça
Nos serões de campos, sabatinas de auditório.
Nada de ser sozinho.
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Meu Deus!...
Quê dor dilacerante a roer as veias do coração!
Deixei de viver - o que me foi a vida?
A vida me foi a agonia do Teatro
Na travessia para a incongruência da contingência cênica.
Eterna... Interna... Des-eterna...
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As cinzas do eterno.
A vida mente a performance do teatro,
O teatro finge as luzes da esperança
Tudo, nada...
Novos tempos do não-ser...
As minhas cinzas na sarjeta da eternidade!...
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Sou
"Mentira" - o vazio da solidão tripudia a esperança.
Amanhã sentar-me-ei à escrivaninha
Para conquistar o rnundo, agradar os indivíduos
Com só palavras desejadas por eles ouvirem,
Com a poesia conforme imaginariamente vislumbram:
Cem sentidos do vácuo des-enobrecendo a vida;
Mas só conquistarei a terra em longínquos tempos...
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Meu Deus!... A palavra não tem ser.
A morte ou a loucura? - eis a questão.
A morte - nada do não-ser, nem existi
A loucura - nonada do ser, nonsense da liberdade
A plena e absoluta tragédia do homem
Enclausurado no abismo das trevas.
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Au revoir, mes amis!...


#riodejaneiro, 17 de janeiro de 2020#

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