**NO ABISMO À FACE DAS CLARIDADES DO DIA** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA



Flores, folhagens mirradas, respingos de orvalho nas flores que des-abrocham, taciturnidades, pesares, saudades integrais, melancolias sarapalhadas pelos terrenos baldios da alma, não-ser.
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Se é que se logra credenciar os futuros se desperdiçaram no báratro do tempo, os espaços imergiram literalmente na infinidade dos transatos do não-ser, mister observar de encena no sentido do infindo as dissimulações que se desvaecem acessíveis no passadiço de ventosidades de nascente, que se eterizam susceptíveis no abismo à face das claridades do dia, experimentando nos intervalos do âmago o oco, o literal do zero, apanhar e albergar népcias insofismáveis e ilícitas que flutuem formais nos duradouros locais do anil celestial, caminhar, divagar nas periferias desenxabidas das vias, repousando à indolência da bofetada extensa, espertando com o gorjeio dos pássaros, o melodioso sulco da natura, continuar a expedição de sem abas e eirados, sem narteces saídas para o in-exequível.
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Ex-istência ser o in-acreditável do não-ser - como literalmente mágoa, como literalmente desgosto, como naturalmente des-esperança. Daqui atento um bocado do mundo e se o contemplo estouvado, padecendo de uma dor superior do que pretendi, permaneço cônscio de não haver sido aniquilador arrogado, apesar de hospedar o alheamento de não o haver auxiliado a elevar como incumbia, insinuando estas asseverações que os dois jeitos opostos do meu proceder espelham o meu alheamento humano, legando-me a convicção que a eles só debandam aos homens dotados para buenas-dichas eminentes…
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Quem sois? E como referia Friedrich Nietzsche, "Vós não sois águias, por isso não entendestes o prazer no deslumbramento do espectro."
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Quem não é pássaro não deve adejar sobre báratros.


@riodejaneiro, 20 de janeiro de 2020@

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