**INQUIETUDES SOLTAS NO IN-FINITO** - Manoel Ferreira


Deixe o amor esquentar o inverno
Deixe as chamas da lareira iluminarem
As inquietudes soltas no in-finito
Deixe os sonhos de amor e poesia
Inter-ditarem as sin-estesias linguísticas,
Semânticas, estilísticas do pleno
Entrelaçado de etern-itudes e efemer-itudes
Deixe as gotículas de orvalho respingarem
Nas folhas livres ao sopro do vento
Deixe o cântico dos cânticos contingenciar
Ritmos, acordes, melodias
Musicalizando de silêncios o in-trans-itivo verbo
Do tempo, do ser
Deixe os raios de sol tocarem as asas do condor
Que sobrevoa livre abismos, vales e montanhas
Deixe o deserto si-mesmo conceber oásis
Que serão trilhas de paisagens desenhadas
De tentações fortes para o limite
Luzes, contra-luzes re-fletidas no espelho da imagem
Deixe a terceira margem do rio
Ser a travessia para o genesis da fonte
Que inspira as ondas do mar, deslizando na superfície
Das docas, sendo a visão plena da imagem dentro
Do espelho incidindo o uni-verso das perspectivas do eterno,
A des-velarem e des-vendarem o cristalino das águas
Que se espalhará na extensão da praia
Deixe a neblina do alvorecer que cobre as montanhas
Esvaecer a distância entre o incognoscível e os mistérios,
Efemerizar a longitude entre o in-audito e o místico,
Deixe a chuva fininha e lenta cair nos bosques
Fecundando a terra, molhando a vegetação
Deixe a segunda lâmina do machado
Ser afiada com as primeiras luzes do amanhecer
Para tocar o tronco da árvore com singeleza
Cortar as achas de madeira para crepitarem na lareira
Sob as ardências das chamas de fogo
Deixe a ausência do ser
Preencher as lacunas do desejo,
Numinando de luzes os interstícios da inspiração,
Luminando de ideais os inter-ditos da percepção,
Alumiando de utopias os segredos da intuição,
Alumbrando de esperanças as cintilâncias
Dos verbos in-fin-itivos que a-nunciam a verdade,
Dos verbos defectivos que subjetivam o absoluto,
Dos verbos in-trans-itivos que dimensionam
As divin-itudes sob os brilhos das cores vivas do arco-íris
Deixe a lírica do pleno e do sublime
Poetizar o som dos poemas,
Soniatizar as estesias e ex-tases da leveza do ser
Deixe as inquietudes soltas no in-fin-ito
Serem a Arte
Serem a Beleza do Belo
Serem a Desejância, Querença
Do Sono de Sonhos da Magia...



Manoel Ferreira Neto.
(Rio de Janeiro, 25 de agosto de 2016)


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