**ZÉFIROS DO SILÊNCIO I E II** GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA LITERÁRIA-POÉTICA-FILOSÓFICA ----

 

 

Epígrafe:

"Há fogo na mata!..."(Manoel Ferreira)

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Há fogo na mata,

Oh, Zéfiros do Silêncio,

As chamas alastram-se às pressas,

Odor da queimada espalhado por todos os sítios,

Amenizo-lhe com gesto de dedo passando nas narinas,

Transmitirei missiva diplomática ninguém ousa,

A consciência-ética presente na entonação das vírgulas,

Nas orações, períodos, frases inteligentes e feitas,

Mister postação de voz,

Todas as dimensões sensíveis no jogo da representação,

Para lhes identificar na imagem as figuras plásticas das utopias, Receber, enviar,

Talvez por não saberem e conhecerem

Linguagem e estilo de uma,

Medo da mangofa do destinatário,

Des-velei nas chamas o futuro, o pós-futuro,

Meditação e sarcasmo, ironia, reflexão...

Velei os reflexos das faíscas, as sensações de calor,

Cogitar recusei-me peremptório.

O destinatário não leria como a degustar bom vinho Liebfraumilch, Pedindo as devidas escusas, data-vênia

Pela propaganda escrachada,

Sentindo o sabor inestimável das palavras,

Deslizando a língua nos lábios, sentindo-lhes os sentidos

A delícia de suas mensagens

Engolindo a saliva dos prazeres...

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Paralisem as transações, os negócios,

Interesses, ideologias, verborréias e falácias,

Afianço que uma flor acaba de nascer,

Ao pé da castanheira,

Viçosa, cheia de vida,

Seu perfume extasia os condutos subterrâneos

De todas as nações, de todos os povos,

De todas as culturas, de todas as etnias,

Na Lusitana Estrela Polar das Contingências,

A Estética do Nítido Nulo,

Os pingos do orvalho nela caem irrigam

Os jardins do mundo, os canteiros

Cuja terra protege as sementes,

O oxigênio que lhe dá a vida

Inspira pulmões de esperanças,

Coisas extraordinárias,

De duras substâncias,

Do sereno, gesto, atitude, entrega,

Da floresta, bosque, mar,

Córregos e riachos,

O esplendor maior da sensibilidade

As palavras que encontro, desvelo, desvendo,

Distribuo, Luz, alegria, prazer

Inalo o oxigênio, o furor da vida...

Pudesse visualizar o que expilo!

Os turistas da Praça das Nações

Surpresos, perguntando que odor se revela tão suspirado!

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Oh, Zéfiros do Silêncio,

Em mim, residem coisas extraordinárias,

Maré de ciências alfim superadas, suprassumidas,

Ordinárias...

Ondas de religiões e crenças de ordem alguma,

Sem fundamentos,

Denegridas desde suas raízes,

Fúteis, banais...

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Qualquer coisa de "extra ordinária" suspende

Bandeiras com enigmas...

Porta-estandartes com mistérios, promessas...

Bustos de mármore em praças públicas

Com cinismos lembrados, com louvores endeusados...

Símbolos profusos de idéias de Zagaia,

Sentindo-se estar fazendo hora extra no mundo,

Não me silenciarei.

Trás suas importâncias, quê alforje

Cheio de mentiras, farsas, falsidades!

Quê saco-de-pulgas de sarcasmos, cinismos, ironias

Para reconhecer na sátira dos princípios e origens

Da Contingência Humana

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Sendas de melancolias, Oh, Zéfiros do Silêncio, projetando édens de re-cord-ações enoveladas de perspectivas da inocência que con-templa, no eidos do tempo, a felicidade plena de verbos tecendo de versos as metáforas do amor e do bem, metáforas moventes de semânticas do eterno, nas linhas horizontais do além, sugerem geometrias a ingenuidade do ser perpétuo de imagens que bailam nos re-cônditos da alma a sinfonia sin-crônica, harmônica das con-tingências que se esvaecem, sobrevoando o silvestre de campos idílicos habitados de estesias do alvorecer sob a esperança do Ser, íngreme bosque de secos pensamentos comungados à poeira re-presentam com maestria a miséria de suas quimeras, à revelia da luxúria das vaidades e orgulhos.

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Veredas de nostalgias, Oh, Zéfiros do Silêncio, trans-elevando nas asas leves do verbo de proscênios ampliando a visão da cortina que se abrirá e no palco das linguísticas diáfanas do sonho a performance do uni-verso sob a luz das poiésis do divino, o Chorum repetindo em esparsos espaços de tempo os horizontes da flor que acaba de nascer na floresta, tecendo de espíritos a essência das fontes de águas cristalinas, em cujos itinerários de travessias lua e estrelas são guias para o in-finitivo infinito e inaudível do silêncio que a-nuncia as vozes do tempo, vozes de rogos, vozes de clamores, vozes antigas de verbos do prazer da paz e liberdade, vozes de desejos e vontades do ad-vir revelado de lembranças in-transitivas do genesis e apocalipse, vozes ruminadas de angústia, desespero, náusea, vazio, trás os sons cujas notas figurativas são o "si" e o "sol" de-monstrando as tristezas de tantos absurdos, lágrimas pujantes vertidas, o desejo incólume de panoramas e paisagens da Colina do Espírito, desatando os entraves que residem nos recônditos das memórias, assim descobrindo as sensações de estar por desejo e impulso interior, habitando os regaços abismáticos da alma, alí onde as coisas começam a ser primitivas, primevas, impelido por forças internas, a nossa exigência do saber.

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Alamedas de saudades, Oh, Zéfiros do Silêncio, do que fora a plen-itude perpassando nas bordas da pureza sensível, tecendo estrofes sin-estéticas do ser atrás do espelho dos cosmos, re-n-"ov"-ando de pectivas as éresis do absoluto perfeito, as iríadas efêmeras do nada obtuso que origina o caos do vazio esplendido de vácuos, res-plendido de abismos da solidão de cem anos perpétuos, cem anos em cujos tempos efígies eivadas de saudades os semblantes e fisionomias {se} refletem, ausência do sentimento presente que se nutre do vir-a-ser da vontade do encontro, re-encontro para o re-nascimento de outras esperanças além dos instantes-limites, de outras castanheiras, oliveiras, o amor sobe na árvore!, a liberdade desce os degraus do Teatro Municipal, quê rebolado de requinte!, a representação fora in totum imperfeita das quimeras do conhecimento, à lá Eurípedes, aquis-e-agoras, além do que trans-cende quaisquer trans-cendências, e outros inter-ditos de inauditos mistérios, pres-"ent"-ificando o espírito que jorra a alma na fonte da vida em estado de concepção da carne e do verbo, nas vegetações rasteiras, tapetes de veredas, das dimensões trans-subjetivas do corpo que figura o movimento de gestos e passos à luz diáfana e trans-lúdica do puro.

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Res-pondam-me, Oh, Zéfiros do Silêncio, o que habita no amor além das Luzes da Paz, das realizações, da felicidade, do prazer? O que reside na mata além da Vida, retrato da contra-dicção entre a natureza e a natureza da raça humana, mundo mais poético onde o Ser artificia as formas contingenciais e naturais? Em que leito esplêndido está refestelando a utopia das igualdades entre os indivíduos? Em que rede das macunaímas a disposição eufórica e esfusiante para a mostragem das coragens e forças, o bicho preguiça com toda a sua lerdeza vive trezentos anos?

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Sucederia que, ao final deste dia,

O há-de afluir procrastina o sossego,

Preterindo quimeras de ser – da – eloquência,

Hipoteticamente brotando

As pétalas do devir em rosáceas,

Cujos odores extasiam

As crenças solares do ultra,

Cuja pulcritude da alma,

Guarnecida de espírito,

Arrebata as intuições, percepções,

Sobrepujados de argueiros e fantasmagorias

Às azêmolas do perene,

E o rigor do limitado

De literaturas exaram O póstumo título do "Ente",

De poesias tragam

Zagaios preâmbulos goetheanos do desejo de conhecimento, Preceitua a lápide da origem

Entrada ao anteriormente eram a eloquência,

A Oratória, o Discurso Lógico,

Após a carnação,

Carnação dos temores,

Carnação dos despojados,

Carnação das ansiedades,

Carnação das melancolias e taciturnidades,

Carnação dos piáculos, escapadelas,

Carnação das inculpas, constrições,

Carnação das hipocrisias satíricas,

Tão nítidas e visíveis na fuga das moléstias psíquicas,

Despautérios,

Só os amásios das favilas

Engravidariam as ociosidades da veras?



#RIO DE JANEIRO(RJ), 23 DE AGOSTO DE 2020, 10:19 a.m.#

 

 

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