PODE ALGUÉM REPICAR COM SINOS A SABEDORIA?# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA DA SABEDORIA FILOSÓFICA $$$



Prescrito fascínio o de gostar de caminhar com pernas tortas, no mover delas o prazer da tortura, o rebolado sutil de suas sensações de dores e prazeres conciliados tocarem as anti-pernas, o riso sereno de início. Não quero muitas honras, tesouros pelos sarcasmos inda que efêmeros, cócegas nos sítios íntimos, instigando a língua a mover-se sem quê e para quê, vertendo nas vozes palavras por vezes des-conexas, por vezes coerentes no tangente a dores e prazeres, pelas ironias presentes e contínuas dos pensares e sentires hodiernos, alienados e aleatórios, pelos cinismos à socapa das tradições, lendas do além nas escrituras, papiros e bíblias. Quero apenas o con-sentimento de con-templá-las nas alamedas, ruas e becos, ruminando paciente como uma vaca: quais foram as dez verdades que me extasiaram na ec-sistência, êxtases de júbilo e glória, as dez risadas altissonantes que me fizeram verter lágrimas pujantes, regalando o meu coração de tanta luxúria e estesia, o brilho do sol cintilando nos dentes, em que circunstâncias me reconciliei dez vezes com as mediocridades e mesquinharias que regem as misérias do espírito, em que âmbitos da inconsciência aceitei dez vezes as cretinices e caguinchices dos valores e virtudes aos olhares do pensamento que pensa o de que carecem os indivíduos, a sensibilidade e a visão íntima do que habita os conductos das imaginações férteis. ***
Minha sabedoria reza ser mister pastar no vale todo dia para, no entardecer, de estômago cheio de feno, dormir o sono de quem suprassumiu as carências, a memória do tempo mais fundo, a res mais extensa ou a res menos cogitans, o sonho anterior às artes, a canção no ermo continente.
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Proscrito favônio o de apreciar os footings à lá gauche das utopias da liberdade e das peregrinações nas alamedas solitárias, nos becos inóspitos, nas praças públicas, de preferência com a Fonte Luminosa ligada, pingos d´água respingando as vestes de longe, nos restaurantes as pessoinhas juvenis reunidas sentadas e em pé, destilando as vozes infantis, sentindo-se adultas, dedos prosaicos de alto nível e índole, de ator e escritor no preâmbulo das jornadas, no balcão, bebendo campari e gim com limão e gelo, palrando ideais, nas orlas marítimas nas noites sombrias, nos alvoreceres de neblinas, nas tardes ensolaradas, quando a linha celeste, numinada pelas estilhas de raios solares se esfuma, tornando-me estrangeiro mais que estranho, tornando-me monge mais que insolente e polêmico, procurando superar as visões de oásis sarapalhados nas areias planas.
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Vida mínima, essencial; um início, um sono.
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Virtudes simples, amplas; uma inspiração; um sonho. O eco não cor-res-pondendo ao apelo, o exílio sem água e palavra. Não a morte, contudo. O tempo elidido, domado. Seria a sabedoria sono sem sonhos? Não me é dado saber melhor sentido de ec-sistir! Não me é consentida melhor visão de consubstanciar a alma de quimeras e devaneios, complementar com os vazios de devaneios a realidade árdua e contundente dos dramas, conflitos inconscientes, aderidos às moléstias psíquicas, integrando com os lapsos de memórias o em-si das tradições morais e éticas, mais comum a neurose de perfeição - que perfeição mais sublime a ser alcançada com júbilo senão a síntese dos vazios, realidade árdua e moléstias psíquicas! Que cena cinematografica à la Ingmar Bergman de Ninho da Serpente, estrelada por David Carradine!
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Sarrabiscados semprônios de escárnios que conduzem às re-trospectivas inversas da razão envolvida e metida com as tramóias dos interesses e pensares escusos à mercê dos tempos sobre aquilo de dizerem que cientistas não precisam de misticismos, místicos não precisam de ciências, mas a humanidade precisa de ambos, nas travessias do ser-tao veredas, o silêncio são as vozes das utopias, utopia da continuidade do Ser, quem pode recusar-lhes, negligenciar-lhes, pois que nelas existem as sementes, o húmus, o sêmen de outros ideais.
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Uma coisa é a solidão; outra, o abandono. Por que, no meio dos homens, hei-de ser um selvagem e um estranho, bicho do mato e um peregrino no deserto, a mente voltada para o Templo das Ternuras Calientes? Por que, na chuva, vadiar pelas calçadas, praças públicas, kambaiando, de tortas as pernas? Faltam-me as palavras para entabular um diálogo, mesmo que de ninharias, mesmo que de orgulho des-enfreado de gostar de caminhar com pernas tortas, mesmo que de "causos" inóspitos, mesmo que de piadas chinfrins, que fazem pular nós na confecção do tricot do hilário na linguagem e estilo, e as risadas são homéricas, quatro nós que deviam se situar no avesso estarem à frente. Equívocos dos lado avesso e claro, mui comuns, alfim a perfeição é imaginária. Faltam-me aquelas lisonjas do palrador que sente ser o ás do momento nos rebanhos, e por isso serem carências inomináveis nas "carteadas" noctívagas, lampião e rede para o refestelamento, nas jogadas dos jogadores, podem com todo primor se orgulharem e envaidecerem de tão grandes privilégios dos deuses, o palavrório sem medidas, a algazarra sem fronteiras. Des-embesto-me nos hiatos que me habitam à cata dos inter-ditos obstinados dos sentimentos ocultos, das idéias apagadas e das ciências gaiatas, sentindo-me in-audito, sendo justamente quando descubro o deserto abismático de meu ser, o devir quer que lhe ensine a falar, à deriva dos pensamentos, ideias, questionamentos e perguntas, sentindo-me estrangeiro à là Meursault, movido por sensações sensoriais, sem a mudança, transformação das idéias, não há evolução, não evoluirei. Rsrsrs(um olhar de esguelha).
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Cliptôneas idéias da doutrina da racionalidade do universo, especialmente utilizada para indenizar com o saber e conhecimentos científicos recém-adquiridos que os apresenta com consciência tranquila aos semelhantes. Quem poderia consentir com algo que ora se mostra humilde ao falar de fé, ora eleva e amplifica sua voz ao falar do maior benfeitor da humanidade moderna, Darwin? Despautério ou desvario?, isto quem há de responder ipsis verbis e litteris? Por mim, acredito piamente ser loucura mansa nos instantes de medo do desconhecido, loucura-desquilíbrio nos momentos de alegria e contentamento com as contradicções e nonsenses.
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Pode alguém repicar com sinos a sabedoria? Busco, por vezes, des-cobrir caminhos de longe, os rios primeiros e certa esperança e extrema poesia, a alvura primeira de cânticos, o círculo de água refletindo o rosto de lívida inocência, novos horizontes em ascendência ao positivo, ao belo... Áureos tempos!... O recurso de Kant, a poesia inserida nos reversos.
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Quem pode ritmar as cordas dos sol-risos e as notas de fá-risíveis arranjos das mediocridades da realidade e a troça dos hábitos e costumes, senão quem as tens no alforje da criação musical e a lyrics aderidas às intenções de olhar o mundo de esguelha, dons e talentos inestimáveis este de a música tocar as melodias das contradicções do real e dos sonhos oníricos do pensamento que pensa o pensar os arranjos das idéias e quimeras? Quem pode encenar as magias cinematográficas dos sentimentos de quem reside no Morro dos Ventos Uivantes, quem mora na Colina dos Vazios e Nadas Ruminantes do Novo Homem, gargalhando de suas novidades ser a continuidade das buscas Si-blue outro verso de outros sentimentos do olhar que olha os olhares à distância, cena de três dimensões do rosto no espelho do mundo, terra-mãe, universo? Cinzas sopradas pela brisa na madrugada de quimeras da inspiração...
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Pode alguém musicalizar, ritmar, melodiar, acordear com matraca os hiatos da ec-sistência, quem pode açaimar as vozes com sinais de "psiu"? Quem pode repicar com sinos a sabedoria, o saber?
#RIO DE JANEIRO(RJ), 24 DE AGOSTO DE 2020, 15: 16 P.M.#

 

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