#PROXENETA DOS PROVECTOS ALGOZES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO SATÍRICO ***


Epígrafe:


"A inquietação estabelece-se no átimo em que o olhar percuciente perscruta as inveracidades nutridas na obscuridade não existencial, suscitando ao "Ser" erigir-se e subverter conceitos inaudíveis em realidades." (Graça Fontis)


"Diamantes que riscam o éter. Cristais que ensombrecem o etéreo. Pérolas que iluminam o eterno crepúsculo à soleira das imagens do alvorecer."(Manoel Ferreira Neto)

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Vozes anônimas. Inquieto. Soltando os cães e suas correntes. Vomitando os sapos secos. Ah, essas coisas do íntimo... essas coisas expressionistas... essas coisas impressionistas... essas coisas simbólicas, metafísicas, metafóricas, metalinguísticas... Procuro erguer-me na penumbra. Não sentir o mundo a elevar-me. Andar à margem dos homens. A cortina cerrada estremece a atmosfera. Insolência. Irreverência. Polêmica. Rumores que me transcendem. Silêncios e solidão que me descendem.

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Rumores que são da noite. Estranho. Medito. Olho ao relógio: três horas da manhã. Calor imenso surge em minhas pernas.

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Altíssimo disfarçado nos paraísos, como eu, osco,

No estro e desvario dos logradouros;

Altíssimo, consciência ubíqua, erudito, como eu,

Perniciosa omnipresença, velhaco polido em quaisquer locos,

Jegue lavrador em todos os assuntos,

Macunaíma preguiçoso em todas as redes,

Serafim Ponte Grande no mundo sem #porteras#,

Conquisto todas as carneiras grosseiras ou não,

De todos os submissos alvos ou negros;

Adopto todo o rebanho

– De extra, de longínquo, porque não me incluo nele,

Sou eu na transcendência das quatro patas,

Sem quaisquer trações, sem quaisquer marchas-rés,

Caracterizo-me nas duas retaguardas,

Pois neste dia pluvioso,

Em que as gotas d´água aspergem todos os acontecimentos,

A vulgacho baixa todas as renques,

Em comando ao colossal troço, que, sem beiras e afogadilho,

Abeirará ao abismo,

Serei o Guará Amaldiçoado, o Guará da Pradaria,

Consumando a proxeneta dos provectos algozes,

Ascendência e jaez de Fratricida, sem sustento nem indulto.

Os vendilhões do temp(l)o cresceram e se di-vers-ificaram,

Hipotecaram a boa-nova, o novo homem,

Algarismaram o inusitado e o inédito, primevo prazer,

Alugaram o brilho da estrela de Belém,

Emprestaram a Torre Eiffel ao Brasil,

Venderam o Cristo Redentor

A preço módico para o Afeganistão,

Patrimoniaram humanisticamente no Brasil, Turismo Sustentável, a Estátua da Liberdade americana,

Que são esperança e fé dos homens por todo o sempre,

Extornaram o crepúsculo a crédito do eterno

Exportaram, a alto preço, o ouro, o incenso, o petróleo e a mirra.

Meus ágeis dedos agem mi-la-gro-sa-men-te

No ágio das multiplicações.

Eles dão ao diabo como brinde o sabonete de Pilatos

Que marca as trinta moedas de Judas,

Inda cogitam que

"Quanto mais a alma se cansa,

Mais novos pensares,

A pena tudo esquece

À espera de novo cansaço."

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As ondas enchem, entrechocam-se nas docas. Aéreos talentos fertilizados. Peregrino em divinos ardores. Geniais tempestades. De estrangeiro de poeiras seculares. Formas no ar. A sereia atravessa o deserto. Passeio nu pelo campo de por baixo de chuva fina e fria. Livre de tudo.

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Angústia acompanhada de medo.

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Imagino que falo em vão. Quem vai acreditar tanta insolência e irreverência sejam a verdade, habitam-me o íntimo? Nietzsche me chamaria para tomar um whisky para um diálogo no tangente a todas estas verdades minhas. Também para não me ocupar e fazer a digestão da bisteka de porco que venho comendo há dois anos, a aposentadoria só me permite isto. Pungente retro de um inferno que vivo. Solene sorriso. Gentil riso de nada.

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Amo as vozes que misturam o longínquo à distância.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 09 DE AGOSTO DE 2020, 22:33 p.m.#

 

 

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