RESIDENTES ROGOS NOS HIATOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ***


Sinistros...

Lácio de derradeiros princípios,

Convexas, côncavas, congruentes as perspectivas

De avaliação de suas lições e ensinamentos

O tempo deles haver esgotado,

Sem quaisquer serventias mais,

Caducou,

Revezes de antemão re-colhendo no tempo

Retros-pectivas de sabedorias que enlevam

Carências, solidões, medos,

À quinta potência

Pretéritos saberes, sentires que despertam

Conhecimentos a serem cogitados, investigados,

Nada de resultados felizes na operança metafísica,

O que expressar, dizer das des-cobertas íntimas,

Sigilos açaimam vazios perdidos nas curvas de estradas

De forte aclive, subindo a serra, mil e trezentos metros

Acima do nível do mar,

Entendimento, compreensão das circunstâncias,

Não as perquirições incólumes que consumam

Querenças, visões profundas por fora e dentro,

Mas reflexões consubstanciadas

Valores, nonsenses, vazios,

Até só se ouvir a voz perder-se ao longe,

Até só perceber, intuir esteja sendo observado

Por olhos insolentes, linces assimilando com presteza

O que é interdicto, risco de ser revelado, denunciado,

O eu quase não poder auscultar

Sons que esplendem ruídos nos sítios

Solitários da montanha onde as águas batem,

Gaivotas adejando por sobre elas, pousadas nos barcos,

Das docas onde as sereias curtem a noite,

Pescadores lançam suas redes, o objetivo serem os peixes,

Murmúrios e rogos residentes nos hiatos,

Abismos presentes onde dúvidas, equívocos

Rompem a lânguida e triste outridade

Que penso e sinto, por todos os precipícios,

Cisternas, onde lancei balde, sendo a intenção

Trazer à superfície o que lhes habitava,

O que colhi desta empresa? Nada havia no fundo delas.

Ontem me foram segredos

As comédias divinas de mentiras da redenção,

Não podia mesmo imaginar as trafulhas

Que escondem as falácias,

Para mim há uma sombra acinzentada

De luz de fogueira no instante-já

Entre o entardecer e a noite...

Hoje, são-me promessas de palavras e idéias

Que explicitam as esperanças viçosas,

Cedo ou tarde, teria de apostar nelas,

Desde que soubesse se sintetizaram,

Concebendo luzes de outras realidades.  

***

Grito ensurdecedor emite a língua defectiva

Dos sentimentos angustinos que recolhem

As transparências, in-verdades e equívocos,

Ascendendo-os às antípodas  dos horizontes,

Chuva e sol, síntese de idílios, desejos,

Onde há-de in-vestigar as vertentes

Nas auroras que raiam universais

Quaisquer coisas como trágicas

Idéias como cômicas

Menopéias redivivas ao estilo e linguagem

Das remotas críticas de costumes e culturas,

Ácidos de negligentes hábitos

Serem medos reticentes do invisível,

Serem tímidas ênfases do perceptível e intuível,

Como ato de lesa-divindade...

***

Sinistros vazios de nada

Sinistro cair num abismo feito de tempo,

É nula em mim a tendência

Para as verborréias atemporais, suplício aventá-las,

Chistes intemporais de que tanto amaria abdicar

Sob o penar de serem

As incongruências limítrofes

Convertidas às percuciências da liberdade,

Abstratas, sem restrições nenhumas

As inconstâncias, susceptibilidades

Insofismáveis entre o que verifica, endossa

Com o riste da sabença

Os lapsos da evidência,

E o que coloca em xeque, algema, encarcera

Com o furor das ciências,

Ideais humanitários e úteis...

Com os delírios das artes,

O sonho da estética, da ética

Entre as utopias e os desejos,

Entre as nações e as etnias.

***

Sinistro o pensar, refletir...

Toda a disposição racional

Morre de repente

O que lhe resta é a alma

Além das situações

Além dos árduos momentos

Com orquestra a musicalizar as carências.

Entre mim e a existência

Há um vazio tênue,

Há um hiato solene...

Há um nada sagrado, divino...

 

#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE AGOSTO DE 2020, 21:18 p.m.#

 

 


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