#AUSÊNCIAS NO BOSQUE DE FLORES ASTRAIS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ----


Na perversa empresa

de derrancar no mundo o siso, o gosto,

queria que o poeta assim brincando

seus foros naturais renunciasse?

Como é que ele os afectos senhoreia?

Com que poder subjuga os elementos?

Com que habilidade artificia as estruturas?

Não será co’a harmonia entre ele e o mundo?

Ele a absorver do mundo as maravilhas,

e a expandi-las depois com brilhos novos?

Não será co´o desequilíbrio entre os ideais e sonhos fracassados?

Ele a rogar a mente e o corpo sãos,

e a elencar as ausências e faltas com os desvarios do instinto?

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Nonada de pérolas resplandecendo livres

No uni-verso in-finito, in-fin-itivas imagens

Verbos de cristais cintilando sensíveis e linguísticos

No horizonte de eternas paisagens trans-visíveis

Travessias!...

Pontes!...

Veredas!...

Estrada de pós de poeira!...

Luzes da ribalta iluminando sendas por onde

Espectros solares se re-fletem trans-lúdicos

Ilusões

Fantasias

Quimeras

Sorrelfas...

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Orvalho respingando nas folhas de rosas brancas

No jardim à soleira do tempo, à beira da montanha

Neblina cobrindo a choupana solitária

No bosque de flores astrais.

Invisível do visível!...

Visível do invisível!...

In-audita a beleza...

In-inteligível a luz do verbo,

In-compreensível a sombra dos termos essenciais,

Semântica que, entre particípio e gerúndio,

Re-vers-ifica pretéritos perfeitos e imperfeitos

Verbo metafísico,

Que entre dúvidas e volos,

Ad-versifica o nada e o ad-vir

In-versifica o vazio e o eterno

Plen-itude de ad-jacências da alma

Efemer-itude de reticências do espírito

Etern-itude de ausências do ser

Verdades esvaecem-se trans-lúdicas no ocaso

Perpétuos dissolvem-se por acaso no abismo.

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Livre-arbítrio de esperanças e sonhos

Liberdade... Tempo e vento

Cor-agem... Ser e Nada

Entrega... In-finito e fé

Amor... Espírito da vida

Liberdade... Vento e Flor

Subjuntivos pretéritos do gerúndio

Indicativos particípios do in-fin-itivo

Defectivas imperfeições do eterno

Prazeres

Ex-tases

Volúpias...

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Por que a terceira lâmina da navalha?

Por que a segunda lâmina do machado?

Por que o verso-uno da utopia do pleno?

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Verso

In-verso

Re-verso

Ad-verso

Face oculta do silêncio

Trans-lucidez da solidão

Palavras soltas

Idéias à toa

Pensamentos à revelia

Inter-ditos à mercê de idílios

Inter-postos do advir e do zagaia e cã-cã,

Melancolia

Nostalgia

Nada a vers-ificar

Nada a ritmar de sons

Melodias e acordes

Nada a poematizar

Linguísticas semânticas,

Nada de poeta sarrabiscando promessas do Ser,

Poemas impossíveis, versos decadentes.

#RIO DE JANEIRO(RJ), 23 DE AGOSTO DE 2020, 13:54 p.m.#

 

 

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