#LÍRICA DAS AUSÊNCIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA ****


Dissera-me Samantha Logis:



Ando sobremodo devagar para alcançar

Os projectos essenciais da vida.

Olho as coisas do mundo com indiferença mortal.

Verbalizo sentimentos e idéias que surpreendem

Por revelarem silêncios místicos.

***

Penso o pensamento que pensa as carências do saber.

Sonho o crepúsculo da liberdade ampliando as ausências.

Silencio profusamente o que

Me habita os medos e insegurança,

Não sou feliz por haver longo tempo que não ponho

As cartas do jogo sobre o forro de mesa das ilusões fáceis,

O que não poderia ser porque careço de mover

Os átimos de segundo em que a coragem revela o fogo

De minha mente.

***

Careço de rasgar os verbos da rebeldia, insolência,

Antes que a língua esqueça o som das palavras,

O ritmo das emoções e utopias da alegria,

A melodia do intelecto que envasa com ardor o sujeito

De lapsos de memória de tempos longínquos

O arranjo da ternura, carinho, entrega, meiguice

Musicalizando a sensibilidade frágil.

Falta-me aquela humildade que deve habitar a alma

Diante de expressar as revoltas do mundo

Que anda cego frente à longitude dos verdadeiros ideais

Da moral, da ética, da estética do real e da poesia,

***

Bebo o vinho das utopias, expilo a fumaça do cigarro

Lentamente, o sabor se manifesta suave e sereno,

Mostro o que não sou e sou o que não mostro.

Interdito verbos e regências para não pronunciar

O que gerencia os desejos e vontades da perfeição.

Componho canções e baladas com a lírica das ausências.

Se me exilo na caverna de estalactites gotejando água fresca,

É que intenciono atingir a autenticidade do intelecto.

Se me amo com fervor e ardências o silêncio,

É que não sei conversar, não sei dialogar temas comuns.

***

Preencho os vazios presentes na alma com as estrelas

Cintilantes intencionando a penas a algazarra, burburinho

Das constelações.

Contemplo as ondas marítimas com o olhar faiscando

De mistérios e enigmas.

Sou viajante solitário na carruagem das contingências do nada.



Sorri-lhe o sorriso de quem primevo ouviu a voz do saber,

Samantha Logis observou a caliência de minha insolência.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 15 DE AGOSTO DE 2020, 13:04 p.m.#

 

 

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