#BALALAIKA À CATA DE DESTINO# GRAÇA FONTIS: ESCULTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO $$$

 

Sorriso trigueiro, alma circunspecta, introvertida,

Sorumbática, fechada,

Aforismaria uma balalaika do bosque de mistérios,

Ilha de sigilos místicos, míticos,

Oceano de intenções do que vai além de todas as coisas,

Quintal de querenças de frutos a saciarem a sede do sabor,

Alcova de tantas quimeras da vida que se re-faz no tempo,

Para despertar o rebolado desleixado, performance russa,

Nos olhos a a-nunciação da alma à busca de uni-versos

De místicos hieróglifos de pretensas utopias e ideais,

O ritmo, ah o ritmo...

Balalaika nos lotes vagos de San Petersburgo,

San Petersbugo de todas as dimensões da querença

Da consciência-estética-ética,

Por suas ruas, perambulou Raskolnikov sem rumo,

A in-vestigação sombria e nostálgica da alma

À cata de seu destino...

Aforismaria o quê,

Além desta investigação?

Aforismaria palavras de alguém sobre mim,

Acredita ser como digo, como deixo nas estradas sinuosas

Do mundo, da terra-mãe,

Desconhecendo as diplomacias, etiquetas,

Lavando as mãos para os nonsenses,

Honra, dignidade à luz dos sóis, sol-risos

Sob todos os holofotes dos tempos e milênios,

Sinto-o presente a todo momento,

Os sentimentos são concebidos na alma...

Ad-versas são as definições que lhes dou

Frente ao mundo e à humanidade desmiolados,

Afianço serem de excelência para os vazios de alma

Sentirem na pele a renúncia de si mesmos.

***

Qualquer demônio diferente, qualquer demônio fracassado numa missão específica só consegue se libertar da severa e verdadeira punição a lhe ser imposta, se porventura compense o fracasso multiplicando sua tarefa por inúmeras vezes, quê suplício! Difícil isto de não se compreender a presença de instantes de cinismos, ironias, galhofas, de não se entender que de imediato surge algo vindo de muito profundo, atabalhoa as idéias, os pensamentos, é quase necessário ir à busca de reuni-las a todas, correndo o risco de as ter perdido.

Só posso jubilar, endeusar suas presenças, merecedoras de reconhecimento, por não deixarem passar batidas as hipocrisias, suspendê-las na corda do tempo, balancem livres a fora as ampulhetas do contínuo, resta-me um triz para não enviar as bananas aos homens, estão carecidos delas, descascá-las, degustá-las, far-lhes-ão bem inestimável, de volta às origens, que sensações maravilhosas! Não esperam que as envie descascadas!

***

Tenha aquilatado a dimensão do dilema sugere um destes instantes, alguém muito íntimo a indagar se já experimentei os dilemas comigo próprio, brumas, trevas, sombras, e a petulância de colocar em mãos de quem se digne a isto, viver os próprios dilemas, escolher as letras com que irá tecer os seus valores, a sua capacidade de idealizar coisas e lhes dar proporções morais. Contudo, toque de sutilezas e perspicácias, quase não perceptível a olhos nus.

***

Árias de sons d´água, ritmo e melodia serenos

Que me enternecem - sentimentos da canção e acorde sussurrados -

Líricas notas dedilhadas na harpa, que, por pré-cântico,

Des-cântico, des-canto de des-encantos e esperanças,

Se me tocam dimensões profundas, dimensões íntimas, jamais sonhara,

O que, cochichando, sibilando,

Inspira-me o vento perpassando os silvos silvestres,

Pelo vôo da entrega plena, inteira, nua e eterna,

O "harpítico"

- que nome mais estranho, quiçá escalafobético -

Inda doa de graça, pura cortesia, o impulso à continuidade...

Música é o que não há de faltar,

Sons não há de falhar no ínterim das desgraças e tragédias.

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Nonadas, hiatos, nadas,

Vazios, náuseas suspendem o sonho

No instante das notas de angústias, tristezas, saudades,

Luzes entre lâminas de águas,

Vozes murmuradas nas alcovas, nos quartos, cubículos,

O olhar...

Do pensamento e da psicanálise?

Resta o silêncio da perquirição:

"Como o mundo irá interpretar e analisar esta adesão,

Comunhão, entrelaçamento?

Sonho do Verbo Amar, quimera do Tempo perdida

Nas linhas de conhecimentos profusos,

Dialética da Iluminação,

De como se perde a noção dos ideais profusos do Homem,

Quanta perdição... Quanta inquietude... Quanta ansiedade...

***

Ao estilo de vento para além de entre as montanhas, as emoções vão alegres e felizes. O caminho passa fora da grade do portão. Antes de me tornar um homem esclarecido, as margens do rio já não eram margens do rio e as luzes que iluminavam as ruas e avenidas já não eram luzes que iluminavam as ruas e avenidas. Palavras um poucochinho agressivas, se não as entender como uma mensagem, algo a ser tornado uma verdade, mesmo que as controvérsias existam, se revelem fortes, dominadoras, opiniões em contrário, um sonho de multiplicar os desejos de uma expressão verdadeira, um estilo de vida, algo que revele orgulho: “... qualquer demônio fracassado numa missão específica só consegue se libertar da severa e verdadeira punição a lhe ser imposta, se porventura compense o fracasso multiplicando sua tarefa por inúmeras vezes”.

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O olhar de esguelha ao cinismo, ironia, sarcasmo, mexendo e remexendo dentro, a necessidade é que revelem o véu de mistérios e enigmas, a envolver-lhes, algo seja capaz de livrar das teias irônicas, sarcásticas, não há possibilidade de compreensão dos limites de suas nobrezas e de suas vulgaridades, de suas burguesias e viperinidades.

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O canto considerado perfeito parece serem vozes uníssonas nascidas de uma única garganta. Com efeito, o sublime coro de vozes se destaca como fonte sonora inesgotável, a atravessar paredes, frestas de janelas fechadas, de portas fechadas, a ascenderem, e de repente são os homens que os ouvem, buscam inspirações, como fonte sonora inesgotável, dotada de afinação admirável.

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As súbitas pretensões, não sinto quaisquer impedimentos, recusas, renúncias de as incluir nos itinerários das estradas a serem cruzadas, se não andar, não sou é nada, surgem sob um certo nervosismo, originadas da visão da deliciosa amostra grátis das impossibilidades de as realizar, é-se necessário dom e talento comungados, luminação, para qualquer empresa, até para ser cretino exige-se; originadas, repito com malícia e perspicácia, originadas da visão da deliciosa amostra, cujos trejeitos indicam a facilidade de atingirem a perfeição, nesta matéria de interpretações divinas. Indubitavelmente é a esperança que perpassa as dimensões humanas, esta que é o passaporte para a arte de viver, arte e vida se confundem, interessante é quando criam raízes. Diria até para enfatizar bem o que porventura esteja a revelar. Tem de as regar cotidianamente, tem que ser como a vida, dia a dia, como a Liberdade a cada decisão e consequências...

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Os sentimentos vêem do fundo do coração, e só tenho, como guia, como mentora, mestra, crítica a consciência.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 31 DE AGOSTO DE 2020, 09:53 a.m.#

 


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