NA ABRUPTEZ DO TEMPO, REPIMPAM AS BONINAS# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira/Graça Fontis: POEMA



Aquém... Talvez...
Na parte de cá, ideais a florirem no espaço e tempo,
Eventualmente ideias comungadas ao mundo
E os revezes dos sonhos,
Verve de querenças da veras e contradicções da mentira,
No rabo dos cometas, um grudunhado no outro,
Quiçá seja aqui a fonte benigna das proeminências,
Subjuntivo do verbo de revelar o suspiro,
Imperativo do sujeito que eiva a conjugação dos sentimentos,
Acabo de empreender de modo espontâneo,
Sentir-me profuso à mercê das contradicções,
Antinomias,
Simplesmente nas penas das asas da águia,
Deslizando nos ares do vento,
Admira-me o átimo de instante,
Seja o reduto do encontro do Silêncio,
Pós a perda, inda que efêmera,
Regaço das sentinelas subjetivas do fugaz de emoções,
Sensações, a-nunciações a cobrirem de ternura
O espírito de prosseguir a passagem dos momentos,
Não o sendo, espectro ou vertente de idéias,
Consumadas as utopias de suas imagens...
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Aquém... Talvez...
Talvez agora de instante
Não seja fundo dos olhos a perscrutar o aqui,
Aqui de equívocos, erros, mãos atadas a fugas,
Sativando a canabis dos fracassos, frustrações
Ideais declinados,
Cheirando as molésticas psíquicas,
Seja tão pouco desafinada a voz das excedências,
Extravagâncias, dissidências de preâmpulos da essência,
Estariam inclusas?
Aquém de reminiscências da glória, das sombras,
Rastros de des-conexas regências das transições,
Rastros de des-conectadas querências das travessias,
Visíveis as trilhas, invisível as nuances e sinuosidades,
Invisibilidade visível, visibilidade invisível,
Aquém de ruminâncias dos prazeres, dos êxtases,
Além dos gritos de ansiedades, medos,
Pós de poeira das dúvidas, esquivas condutas,
Pós de poeira das fugas, indecisões
Da face real, reflectida na imagem do espelho...
Nítida e/ou embaciada,
Transparente e/ou obscura,
Representação dos recônditos íntimos introspectivos,
Semblante de quem se sente bem com o existirem
Coisas, pensares, sentires, intuíres...
E até inspirares
Das incontingências da criação.
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Aquém dos uivos de lobos
Nos auspícios da colina do nada vazio de limites,
Da algazarra silenciosa de letras e palavras
Representando o que habita os regaços da inconsciência,
Solidão, esquecimento... Existência,
O silêncio do bosque no seio da colina que o abriga,
Talvez...
O exílio de Paquetá ou Itaoca no subterrâneo do mundo
E da existência de ziguezaguear o silencioso do silêncio,
Nas ondas inivsíveis que perscrutam,
Aquém de olvidadas as melodias pretéritas do pecado,
Acordes-já das reflexões, refletires, o som frio, frígido,
Espalhando-se à revelia das esperanças,
A fonte originária do destino a ser criado,
Estabelecido, instruído,
"Instruí que a fumaça que expilo
De tragar o cigarro persuade-me
A seguir-lhe o esvaecimento...",
Jorra solene e pomposa o oxigênio das memórias,
Hidrogênio das idéias, pensamentos, sonhos, utopias,
Poetizando o ser que alvorece nas montanhas
Onde as ondas do mar seivam a vegetação peculiar,
Onde as orlas se banham das prefundas oceânicas
Seres alados, seres rastejantes, seres peregrinos,
Andarilhos, monges, gurus,
Cumpre a síntese, a água viva do destino,
Líquida gotícula do nada/vazio a pingar na telha,
Sonorizando os tremores e medos,
Ritmando as esperanças e imaginações férteis da cor-agem,
O rio difícil das situações e circunstâncias,
À mercê das revelações da natureza...
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E quiçá
Talvez não seja a contramão das intempéries,
Talvez não sejam as revezes das sandices,
Quiçá sejam os lácios da derradeira última flor
As pétalas do verbo "Ser" das utopias e quimeras,
Quiçá o aquém se revista de outras vestes,
Estilo e linguagem dos traços
À mercê do figurino das intenções do singular...
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Quiçá de aléns que decursam a passagem do tempo,
Do alvorecer ao entardecer,
Quiçá de becos e alamedas que percursa
As cores da natureza a pintarem o croqui, dar-lhe cores...
Mudei de endereço, de espaços e redutos,
Mas não deixei a vida a si destinar à toa,
De idílios não caio nas amarras da tonga-longa,
Sou feito de quimeras, quimeras fazem-me,
Sou feito de equívocos
Que enlouquecem as margens da dúvida
De que salva o sonar das necessidades do descanso?
Acordar sentimentos interditos a sol-rizarem
As caliências dos raios,
Despertar sensações de silêncios e solidões
A luarizarem os brilhos, cintilâncias,
Sinto ilha o eterno das longínquas ilusões,
Sinto mar o azul à distância da visão das águas,
Sinto o útero de conceber e gerar ventos soprando as ondas,
Sinto-me vers-iculando as melancolias
Do verbo das Utopias,
Balada do além-quiçá...
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E digo sim aos vazios
A verterem do lago produtivo
De valores conjunturais
E não tão longínquos dos abraços intuitivos
Mas específicos e tidos como mola-mestra
Ao impulsionarem construções ou des-construções
Ás máximas clareantes e distintas a apropriarem-se
Do percurso a reger as decisões dos dias
Que se seguem,
Tendo-as como eixo fundamental dos pensamentos
Explicitados no mais breve e incisivo
Pensar legítimo e equilibrado
Na abruptez que o tempo reserva e aprova
Com o passar das reviravoltas
E transformações que os tempos verbais contemporâneos
Proporcionam,
Atenuando posições tardias ou presentes
Até o vir-a-ser ao desgarrando-se
Além das contingências
E repimpando sobre a irrepreensibilidade
Na manutenção digna da liberdade
Convertida em tempo de si própria
Que psicossomatizado corre de braços dados,
Ao sol susceptível, as boninas que advirão...

#RIO DE JANEIRO(RJ), 02 DE AGOSTO DE 2020, 12:18 a.m.#

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