OH VACAS DAS PROFUNDEZAS ABISMÁTICAS DO NADA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA SATÍRICO ----


#EPÍGRAFES:

[Desejo ordenhar-vos,

Ó vacas das profundezas abismáticas do nada!](M.F.N)

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E os negligentes caminham a sós

Na solidão da prepotência.(Graça Fontis)

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Nenhum segundo, ainda que ínfimo, se passou

Desde a solidão de meus IDÍLIOS COMPACTOS,

Acasalados

Com os DESVARIOS  DE IMPERFEITAS PERFEIÇÕES,

Desde o silêncio de minha CONSCIÊNCIA VAGABUNDA,

Atrelada

Às perspicácias das tramóias das intenções sem senso,

Que desembestam quaisquer noções de luz e contra-sombra,

Desde o hiato de idéias e pensamentos na instituição

De quimeras que constroem o SABER PEREGRINO -

Nenhum pingo de chuva, ainda que pequeno, molhou

O chapéu posto de viés na minha cabeça,

À lá celebridade de telas cinematográficas,

Performando personalidade e caráter caguinchos, gangsters,

Ou a lealdade sem fronteiras às leis dos bons princípios,

Kevin Costner prendeu Robert de Niro,

Que chapeuzinho “invocado” do primeiro,

A mente sem nenhum pensamento, in totum vazia,

Nenhum vento úmido, nenhum orvalho de ternura e afeição

- uma terra de só ensimesmado dia...

um métier de só preclaros VIPERINOS DA NEGLIGÊNCIA...

Quantos gestos supimpas de desprezo habitam-lhes

As entranhas, estranhos calafrios de tão aconchegante reduto!

Quantas vozes altissonantes professando indiferença

Que rege e gerencia libertinagem de conceitos e definições!

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Desejo ordenhar-vos,

Ó vacas das profundezas abismáticas do Nada!

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Agora clamo, rogo e peço à minha ignorância, analfabetismo,

Ou como às claras cognominam "Bestas da Vaidade",

Que não se tornem inauditos nesse deserto:

Derramai vós mesmos a última gota de tristeza,

Gotejai vosso orvalho nas minhas vestes miseráveis,

Sede vós mesmos garoa para a minha caverna ensombrecida,

Deixai o som da gota de chuva, do orvalho, da garoa retinir em cochichos, “Tudo será permitido...”, “Não haverá princípio jamais”,

Ritmo, melodia, arranjo,

Quiçá não digam de peitos estufados,

Cenário de radical crença,

O que trazem de mais essencial para a consumação do arbítrio,

Nenhum vento, inda que calmo, soprou poeira

Da amurada da varanda, entre o fim da tarde, princípio da noite,

Nenhuma flor já amarelecida do pé de rosas caiu no canteiro,

Enquanto, disperso, fumava o cachimbo,

Vazio de idéias, VAZIO DE PENSAMENTOS.

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Oh, ser miserável, ainda desconhece

O significado humano, sentido da vida?

Ordinário,

A vida inscreve a passagem do conflito ao sonho

E a paixão dos loucos, os idílios dos marginalizados

Congraçam a travessia do desequilíbrio

À sinfonia de equívocos

Deixados às cavalitas de dúbias incertezas,

Se fora atingida a consciência da efemeridade,

Significa haver o que destilar das maledicências,

Não definhar nas mãos exíguas do tempo,

Se fora alcançada a visão fugaz das coisas

Quer dizer não haver imagem a ser a-nunciada,

Oh, cretino,

Inda não realizou

O desejo incólume de representá-la na tela plástica do tempo?

Esperam solenes as ambigüidades do olhar de dentro,

Outros frutos serão degustados, desfrutados com prazer,

E, ainda, an-alisa a pujança dramática

Da alegria, quando a solidão

Se encontra com o sensualismo

Na real-ização do êxtase eterno do belo e do sublime.

Tempo.

Des-cobertas.

Loucuras.

Perdições,

Alienações,

Lavagens cerebrais,

Delírios des-conhecidos.

Divina dedicação da vida com o MÍSTICO,

E do místico com o EXÓTICO,

E do exótico com o erotismo vislumbrado dos LOUCOS.

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Desejo ordenhar-vos,

Ó vacas das profundezas abismáticas do Nada!

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Ah, besta de insuficiente sucesso, ainda não encontrou

O sentido da existência?

A vida, a caráter, dialecto do preclaro e do eminente,

É extravagante, e fanatismo deslavado perpassa-lhe

A manifestar risos, sorrisos, gargalhadas eminentes

Pela ausência de ironias, sarcasmos, cinismos,

Tão magnânimas utopias,  

Em qualquer cruzada da paragem da ALIENAÇÃO,

Da aragem do DESVARIO

Até que a criatura desbarate a causa dos DEVANEIOS

Experimentar, da chama, o raciocínio das EXPECTATIVAS.

O esto é o apreciar recôndito que traslada a insânia

E a existência

Sem contenda com o AMOR,

Sem torneios com os preceitos da CARNAÇÃO,

Sem tripúdios com os dogmas da DES-CARNAÇÃO,

Segue as vias das náuseas, com a morte na alma,

Querendo a todo custo algum ínfimo direito de Sursis,

Oh infeliz, adrego já confundiu

O encarniçamento e o clímax

No denotado de sua existência,

ÉGUA DA NEGLIGÊNCIA!

O despirocamento e a vaidade

No incognoscível dos absurdos,

VACAS DAS HIPÓCRITAS PROFUNDEZAS,

Abismáticas do nada são as ruminações das “mea culpa”!

A seiva de vossos úberes

Alimenta as carências abissais das trafulhas

Por divinizar condutas e posturas inda mais obtusas.

 

#RIO DE JANEIRO(RJ), 27 DE AGOSTO DE 2020, 10:05 a.m.#

 

 


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