#SOBRE O MÁRMORE BRANCO CINZAS GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA ***

 

Esparramo cinzas sobre o mármore branco do banco no alpendre, frente à rampa de entrada, de um lado canteiros de flores di-versas e ad-versas, entre eles nalguns entardeceres ando a esmo, contornando-os um a um, tocando-lhes as folhas, do outro árvores de diversas frutas, em suas devidas ocasiões, chupo jaboticaba, manga, como goiaba, subindo nos pés, além da grade com portão de mola, a linha férrea da Estrada Férrea Central do Brasil, na solidão e silêncio carregadas de melancolias e lembranças do vir-a-ser o sonho pretérito que irradiaria de luzes fosforescentes as trevas e mistérios do vazio, fornicando com o nada, encapuzado de nonada, re-vestido de travessias do prazer e êxtase, perfeita dimensão libidinosa, a relação sin-crônica com o efêmero acaba-se assim, ana-crônica com os abismos de ausências e carências performa-se na sede de sabê-los - vazio e nonada fornicando nos interstícios dos instintos a presença eidética do a-temporal - a amizade harmônica da travessia, e há verbo de ser, termina-se assim - engabelando a carne do gozo, tripudiando o verbo do tesão, e no recôndito da natureza a forclusion íntima dos re-versos imperfeitos e mais-que-perfeitos subjuntivos do crepúsculo que brilha de sombras o entardecer, particípios do anoitecer que pro-jetam tempo de átimos da continuidade dos segundos habitando os limites-instantes aos confins do espaço de vácuos, habita na alma o desejo voluptuoso do caos apocalipsiando as chamas ardentes do inferno como sudário para esquentar as carências do absoluto, esfriar os medos do eterno de purgações entre as quatro paredes - se a purgação das mazelas e chulices da vida pretérita em síntese do inferno na transcendência se faz na linguística semântica da pena "ada" atitude de nad-ificar a vida por inter-médio de nihils desde o genesis à consumação do calipse das virtudes e valores, as virtudes e valores do pocalipse-a do genitivo vivencial que muda de cor no fim do arco-íris, também é a semântica linguística, em plena capachidade com as metáforas ornamentais da vida escusa, viperina, utopias e ideologias chinfrins, ação de des-cender o porvir às oratórias do clérigo aos limbos e sarjetas do estar-no-mundo que se revelou de gerúndios preterizados antes da terra, antes do mundo, antes do planeta, antes da vida, e na plen-itude do ser o não-ser são as cinzas que esparramei sobre o banco de mármore branco, e neste momento o brilho da lua e a cintilância das estrelas aderidas esplenderam, trans-versejaram, trans-versificaram, contingenciaram e contin-versaram a iluminidade, iluminis-cência, iluminismo das utopias dos medos de ec-sistir a verdade, de ser um orgulho das origens perfeitas da eternidade re-vestida de éticas do divino, preceitos do perene.



#RIO DE JANEIRO(RJ), 06 DE AGOSTO DE 2020, 21:30 a.m.#

 

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