**TENACIDADE E PERSPICÁCIA DELEITAM-SE NAS PALAVRAS** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/AFORISMO: Manoel Ferreira Neto


“Plenitude do tudo e do nada,
Galardão supremo e eviterno,
Na competição da existência,
Sumo apanágio da humanidade.

O quase, ausência de conquista, é a vitória
Inebriante de todos nós, perdedores!
Vencedores não existem. Ou existem?
Aos vencedores, humanos, as batatas.
Aos vencedores, equus assinus, as espigas de milho. 
O quase consagrou a todos com o mesmo gesto”.

A alma exaltada tem sede de liberdade, de espaço. Acima de minha cabeça, a abóbada celeste estende-se até o infinito, as estrelas calmas cintilam. Do zênite ao horizonte aparece, indistinta inda, a Via-Láctea. A noite serena envolve a terra. As torres brancas e as cúpulas douradas destacam-se sobre o céu de safira. As opulentas flores de outono, em redor da casa, haviam adormecido até a manhã. A calma da terra parece confundir-se com a dos céus, o mistério terrestre confina com o das estrelas. 
Estou disposto a sustentar com palavras e obras, até onde puder, que a persuasão de que devo indagar o que ignoro me tornará melhor, mais tenaz e menos indolente; nada mais insolente do que a opinião de que é im-possível des-cobrir a verdade e inútil procurá-la. Em dizendo deste modo, óbvio que expresso sobre o presente, como penso e sinto a mim, ajo e me relaciono comigo – pudesse sentir algum desejo de por momentos deixar de observar e con-templar essa relação com quem sou! Quem dera pudesse deixar de ser uterino – quanto mais uterino for o homem mais ele pode deitar sua cabeça no peito da humanidade, com a responsabilidade de buscar a sua revelação.
Há felicidade, satisfação, meiguice. Em tudo respiro de estarem na velhice ou na mocidade as virtudes. Penso ser hostis caracteres exprimirem os arranjos de estilo.

(*RIO DE JANEIRO*, 11 de dezembro de 2016)


Comentários