**TECITURA DE PALAVRAS AVULSAS** - TITULO E ESCULTURA: Graça Fontis/AFORISMO: Manoel Ferreira Neto


Asas... Deixo os olhos distanciarem-se.



Aqui jaz...
Morto.
Palavras
Não conseguiram
Passo à frente.
Mudando o mundo.



Liberdade.
Acontecia dele.
Não se exteriorizava
Decurso impossível



Morto pelo projeto
De identificar-se
Silêncio.
De por trás
Tira-lhe a existência.
Vós, por vossas hipocrisias suspensas em aranhas a tecerem mais de teias em espaços vazios de aquém-em-aléns, por vossas omissões dependuradas nos cabides de outrora forasteiras, vós pensais que a imagem que se multiplica, a voz que emana de entre surdos ouvidos, vós pensais que sou equus asinus vivo e empreendo viagem a dimensões da alma que revelam os mistérios insolentes da loucura e sanidade, não podendo encontrar qualquer segurança.
Vós que outrora estivestes presentes em momentos em que punha a pena sobre a mesa, começava de cismar o silêncio envolto num gole de vodka ou underberg a descer a garganta rumo aos impropérios mais indeléveis de uma vontade de cobra que avança rumo ao abismo. Será que cairia nele? Creio que não. Se caísse, seria até um bocado engraçado assistir a uma cobra cair abismo abaixo. A queda eterna.
O pranto que se escondia atrás sons que se insinuavam na noite que se estendia ao longo de desérticas lembranças de uma nota de blues, e que alentece ao comprido de estradas inóspitas de uma nota de jazz. Quanta vez me tornava à idéia originária e ao correr de meus relinchos ia delineando as vozes que se espraiavam ao longo de um desejo de compreensão e entendimento de uma emoção de desejos ardentes. Sim, com efeito. O tempo ensinou-me a deixar as vozes dizerem a si mesmas, sem interferir em seus sentidos e símbolos, aprendi as vozes íntimas de uma afeição e carinho sui generis, o equus asinus do silêncio continua os seus passos.
E hoje, após tantos anos a dobrarem as esquinas de outrora em estrangeiras ilusões de um silêncio quase imperceptível a olhos nus, sou eminentemente capaz de trotear pelas ruas buscando delinear os relinchos, os pensamentos reunidos em balanços de pássaros que entoam seus cantos em gaiolas suspensas no arame suspenso no teto de todas as ilusões e fantasias.
Posso surpreender-me, senhores, de ainda hoje ser capaz de deixar os relinchos saírem espontâneos e livres da cachola instintiva, da consciência que se alonga em curvas que se refestelam avulsas no mudo som de uma língua a apertar a saliva no céu da boca com a exclusivíssima intenção de calar a fumaça de mistérios da paixão, o amor é a última estação da esperança que se a-nuncia em minhas patas vazias de rios que não têm margens.


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