**NO TEMPO BAILEI SOBRE OS TEMPOS** - TÍTULO e PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


No ser do sido
Esqueceram-me os sons da balada do sonho,
No sendo do ser
Lembraram-me os crepúsculos sonoros dos inauditos pretéritos
No sido do sendo
Pervaguei nos sentimentos absolutos do efêmero
No sido do ser
Deambulei pela solidão do silêncio, perscrutando do verbo eterno
O infinitivo atemporal da contingência
Perambulei silencioso pelas alamedas das melancolias,
In-vestigando o gerúndio do além.



No ser do além, mergulhei o espírito da alma
No sido da eternidade, silenciei o vazio abissal,
Sussurrei o eterno particípio da metáfora da esperança,
Murmurei o mais que perfeito infinitivo dos desejos
Da peren-itude revestida de fados e balalaicas do sublime
Cochichei a voz suave e serena do porvir de sons leves
No sendo da felicidade eivada da poesia da liberdade
Projetei o infinitivo gerundial do particípio das nostalgias,
O gerúndio do particípio infinitivo das saudades pretéritas do ser.



No sido dos sons, compus o ritmo da balada da alma
Ouvindo o trinar do passarinho "cabeça preta",
No sendo das músicas românticas e clássicas,
Compus a melodia da canção subjuntiva do horizonte
Perpassado das cores vivas do arco-íris,
No ser das notas musicais, dedilhando a cítara das ilusões,
Acompanhando o violino das esperanças,
Declamei o soneto das águas límpidas, cristalinas,
Acompanhando a harpa das vontades da verdade sonora,
Recitei o poema da fonte do rio sem margens,
Margeando as bordas do universo.



No sendo do ser sido, poetizei a harmonia,
Sin-cronia, sin-tonia da metáfora da rosa branca
Eivando de espiritualidade o alvorecer dos idílios da alma
Trilhando o silvestre dos campos,
O bucólico das sendas campesinas,
A arcádia das veredas-vedas dos pampas
Anunciando o resplendor da lua enamorada das ondas marítimas
No ser sido do sendo, proseei o êxtase,
Estesia, clímax, da poiésis do perfume das orquídeas
Orvalhadas da cintilância das estrelas e a neblina líquida das montanhas,
Alumbrei as miríades de luz, revestidas da transcendência do espírito,
No sido do ser sendo, verbalizei a estética linguística
Do perene des-elando o ossuário do deserto.
A poiésis metafórica da inspiração velando de diáfanas luzes
Versos e estrofes, ser tao e vedas da iluminidade dos desejos.



Ser sendo do infinitivo
Sido ser do particípio,
Sendo sido do gerúndio
Das linguísticas verbais do além,
Das poéticas prosaicas da contingência...



(*RIO DE JANEIRO*, 11 de dezembro de 2016)


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