**INSTANTES DE IDÍLIO/IDÍLIO POR INSTANTES** - TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis/POEMA: Manoel Ferreira Neto


Do oposto perdido
As visões de Janis Swazzer figuram presentes
São as que fazem o quotidiano das vadiagens
Andando na calçada de avenidas cabelos encaracolados,
Rebolado fresquinho, da hora,
À mercê do vento
Sorriso meigo e insolente, olhando de esguelha, de soslaio
Pensamentos dispersos, idéias sem quaisquer senso,
Sentimentos suaves, frágeis, serenos
Nada há para corroborar, nada há para negar
O tempo desliza livre - senti-lo apenas como uma dádiva
Por que o presente, se a liberdade alça vôos pelo que há-de ser?
Por que o futuro, se os mistérios do presente alegram, dão prazer?
Sentada na mesa de um restaurante, livre, pernas cruzadas,
Tomando chopp, olha os transeuntes,
Rindo de seus passos apressados,
De seus problemas inestimáveis.
Fez piquenique no bosque, à beira da lagoa
Arco-íris esplendido no céu de leste a oeste,
Nas nuvens brancas, visualizou imagens, pareciam de deuses
À noite, insone, bebendo Campari, sentada na mesa da varanda,
Sentiu a brisa, contemplou as estrelas, lua
À tarde, exultante de alegria, passeou de mãos dadas
Com o namoradinho, na pracinha pública,
Brincou de gangorra,
No banco de mármore, aquele beijo hollywoodiano
Na faculdade de Artes-Plásticas, apaixonou-se pelo Dadaísmo
Dadaísta, sem lenço, sem documento,
Pelo mundo de imagens e cores, pintando o sete sem eiras,
Sem beiras,
Nos próximos sessenta segundos, suspirando de tanto êxtase,
Uma vaga de sonho, as coisas mudaram,
Do lado esquerdo do Senna, Paris, correu de braços abertos
Debaixo de chuvinha fina, sob os olhares dos parisienses,
Admirados com a sua espontaneidade,
Na mesa de um "Café", fez um croqui dadaísta
Da chuva e do horizonte,
Nos braços de um jovem parisiense, num hotel,
Janela aberta, sentiu o que é isto a felicidade por segundos,
Por minutos,
Tomaria o avião pela manhã, retornando ao Brasil.



(**RIO DE JANEIRO**, 18 DE DEZEMBRO DE 2016)


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