//POR ONDE CAEM AS FOLHAS!...// - Título e Escultura: Graça Fontis/AFORISMO: Manoel Ferreira Neto


Simplesmente simples a simplicidade, se a simplicitude do simples for sentida simplesmente. Mas sentir a simplicitude do simples não é tão simplesmente simples, aliás simplesmente difícil, complica a visão do simples nas simplicidades da vida.
Num exemplo bem simples para figurar aqui nas letras escritas nas linhas dessa página, cito a folha seca na calçada do jardim público que o vento leva para lá ou ali. Simplesmente uma folha seca de árvore que o leva ou traz, traz ou leva. Surgem os questionamentos - ah, meu Deus, que náusea, angústia e depressão neste instante!: por que as folhas secam?, por que as folhas caem? Por que o vento as leva ou traz? Simplesmente surgem inúmeras explicações, justificativas, até mesmo teses filosóficas, poetas e escritores se inspiram nesta busca por toda a vida, entregam-se-lhes de corpo e alma, neste fenômeno da folha seca da árvore, na calçada do jardim público que o vento leva ou traz, obras-primas que elevam tais doutos à eternidade, à imortalidade.
A complicação, a hermeticidade trans-eleva o simplesmente simples aos auspícios do simplesmente filosófico, e o simplesmente filosófico da folha seca da árvore na calçada do jardim púbico deixa a simplicitude da filosofia com a calcinha na mão, deixou de ser simplesmente filosófico para ser pedra de toque ou angular do questionamento.
Simplesmente simples a simplicidade da simplicitude. Simples a simplicitude da simplesmente simplicidade. A vida e a morte existem em todas as dimensões do mundo.
Só as pedras não morrem, nasceram pedras, prolongam-se pedras por toda a eternidade, não há vida nas pedras, se não há vida não há morte. Estarão sempre no meio do caminho - e caminho não deixa de figurar nisto, o caminho estará sempre no meio, para trás nada, para frente, temos de trilhar as veredas e sendas -, nas florestas, abismos, nas serras e montanhas de que são feitas.
Simplicidades das simplicitudes são simplesmente simples nos verbos absolutos das pers simplésimas do vento na calçada da praça púbica levado pela folha.
Simplésimo? - divino e absolutamente simples.
Simples? - Simplésimo.


(*RIO DE JANEIRO*, 10 de dezembro de 2016)

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