**POÉTICA ENIGMÁTICA DISCORRE/DESVELA RAZÃO/SENTIDOS DA **ESPERANÇA**/ COMENTADO PELA ESCRITORA E POETISA Ana Júlia Machado


Neste escrito do escritor Manoel, acerca do inquirir no que concerne à esperança.o que é difícil de obter uma resposta, sendo a solução conceder a designação de ser…logo, hemos o enigmático, e surde a indispensabilidade de interpretá-lo, o que vai originar no nosso intelecto o arcano de o que somos…ou, o não se ser….
Apenas o vazio eterniza a fantasia
E para falar um pouco sobre a esperança…assim como a questão de que medito na meditação pois dado que o pensamento cogita…sou porque apalpo matéria. Mas posso ser um ser oco...e quantas vezes dou por mim a redigir horas a fio sem descansar;
Derramei pela página cã de minha existência, copiosos verbos coloridos de negro,
verbos que o arco-celeste se enjeitou matizar de claridade.
Verbos sem significado, concebidos de berros que ninguém escuta.
Verbos como a comoção que são entoados em todas as trovas,
melopéias de anelos, de devaneios...Verbos de fé sem expectativa.
Verbos de ternura, apinhados de enternecimento e gargalhares,
redigidos para oscular quem os interpreta, nem que seja um fugaz instante.
Ninharia achava-se exemplar. Rasguei o que havia concebido e voltei a redigir.
O alvo novamente surgia matizado somente a uma pigmentação, amargo, sem piada.
Então fui abdicando, um por um, dos verbos mais formosos.
Achavam-se no local equivocado. Não pertenciam-me
Deli cada sensibilidade e cedi somente os verbos ocos, colorido de meu espírito
Mas continuava a não satisfazer-me. Espreitava para eles e sofria bem no reentrante
da alma a mágoa de os provar... Não os pretendo em mim…
Quando observei outra vez, a página cã persistia cã, repleta de um vazio enorme...
Restava meramente um exíguo sinal distraído...
Era somente uma exígua gota salgada que tinha rolado pela face...
E, quantas oportunidades de viver insânias notáveis, a gente esbanja com essa enfermidade besta de cogitar?! De querer saber o que não é possível saber, o querer colorido o que não pode ser tingido, e a nossa caminhada assim é feita e chega-se ao final com as dúvidas que sempre teve…
Parabéns, amigo e escritor Manoel por mais um belo escrito.



Ana Júlia Machado



**POÉTICA ENIGMÁTICA DISCORRE/DESVELA RAZÃO/SENTIDOS DA **ESPERANÇA**
TÍTULO E PINTURA: Graça Fontis
POEMA: Manoel Ferreira Neto



Basta interrogar sobre o sentido da esperança, basta sentir o incompreensível de tudo, para que se ponha ao menos o problema de esse sentido ser possível. Perguntar para quê é pré-[s]-supor o “para alguma coisa”; afirmar que a esperança não tem sentido é pré-[s]-supor que o sentido dela deve ec-sistir; interrogar sobre o Mistério, ainda que nenhuma resposta se espere (e a profunda interrogação não a espera) é conferir-lhe o estatuto de ser, é ad-mitir o mistério e, portanto, a necessidade de decifrá-lo, ou seja, de esse enigma não ser.



Só, o nada efemeriza compactos idílios
Compactos idílios de nonadas adjacentes aos vazios do eterno.



Vales distantes, o vazio nadifica reduzidas sorrelfas
Sorrelfas de travessias de confins às arribas do tempo
Antes de quaisquer antes o silêncio
Perpassando abissais nostalgias do pleno,
Enraizando as miríades, sons
Ciciam volúpias de estesias, êxtases do belo
Luzes diáfanas de cintilâncias do eterno
Envelam as sombras do crepúsculo
Ad-nominado aos ad-juntos da eternidade
Riscando de giz o pó níveo
Das náuseas contingentes de solidão,
Inscrevendo na pedra de mármore do tempo
De agnísias as nonadas do silêncio desértico
Nonadas do nonsense
Nonadas do não-ser sendo a efígie do perene
Nonadas do interdito de esperanças
Nonadas do além-dito das utopias
Refestelando no aconchegante sudário
À lareira de efemeridades que epitafiam
As palavras de sentires da evasão
O texto da iluminação seivada de inspirações,
A prosa do iluminismo eivada de des-razões,
Ana-templando as nostalgias do pensamento
As melancolias das idéias e ideais
Permeadas de forclusions
Cogito ergo non sum
Ad aeternitatis
Penso o pensamento porque o pensamento pensa
Sinto o sentimento porque sentimento sente o paráclito da alma,
Sensibilizando a caritas das emoções
Parafraseadas de núbias percepções
Do advir de outras utopias, de outros verbos
Prefaciadas de safas sensações
Do lúdico, sensual,
Meu peito desértico, abismático
As lumínesis da subjetividade
As éresis da espiritualidade.



Nos olhos, olho as cintilâncias do ser...



Luzes que iluminam caminhos de trevas
São viagens ao infinito dos verbos de sonhos,
Explícitos e eternos,
Fogos e chamas imortais
Da fin-itude e morte;
Quero lúcido e lúdico, a travessia do “c” ao “d”,
o que há de mistério e inconsciente,
o que há de mítico e místico,
o que há de lenda e folk-lore,
o que há de mitológico,
do nada quiçá possa haver;



Olhos perdidos no espaço de todos os versos
E verbos da noite e do dia,
Da chuva torrencial e sol escaldante.



A vida é invisível, inaudita.
A ilusão acabou,
Os sonhos mergulharam no nada das ruas
Que foram de todos.



A esperança não é um conhecimento, pois todo conhecimento é ou bem o conhecimento do eterno excluindo o temporal e o histórico como indiferentes ou bem o conhecimento puramente histórico. Nenhum conhecimento pode ter como objeto este absurdo de id-ent-ificar o eterno e o histórico.



(**RIO DE JANEIRO**, 29 DE DEZEMBRO DE 2016)


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