**NO LIMIAR DA SOBERBA... O NÃO À SUBLIMIDADE** - Título e Pintura: Graça Fontis/Aforismo: Manoel Ferreira


"O único pecado original que os asnos têm são os homens..." (INCITATUS DA FAZENDA DOS BOIS)



São pensamentos originais, autênticos. Não sofreram interferência, influência de asno algum, pois esta raça só serve para puxar carroças e nada mais. São instintos puros e imaculados, nenhum pecado original, embora pense eu, Incitatus da Fazenda dos Bois, que o único pecado original que os asnos têm são os homens, pois que cada um puxa a vida a modo e estilo, e tentam convencer, persuadir os outros que estão mais do que certos, esta é a verdade absoluta do reino dos humanos.
Quando se ouve os meus pensamentos, a expressão de asno ávido por sublimidade não pára de retumbar no interior. Se não fosse blasfêmia, longe de mim este ato, apesar de que é difícil de interpretar, só à soleira de páginas cortadas, diria que a expressão de asno reflete aquela voz que, segundo o salmista, despedaça os cedros do Líbano e estremece o deserto de Cades. Por pouco não me torno mais eloqüente do que o silêncio de palavras que em mim habitam poeticamente.
Não desejo interromper... Mas, pensando bem, há momentos que as idéias fluem com facilidade indescritível, e não há como me recusar, furtar-me a buscar entender e compreender o que é isto, a sublimidade. Não há o que dizer, quem sabe as palavras faltem, quem sabe não me seja dado concatenar as idéias para as expressar; há o que sentir “a minha expressão de asno refletir a voz" que, “segundo o salmista despedaça os cedros do Líbano e estremece o deserto de Cades”. É deixar estas palavras transformarem os sentimentos, ir-lhes fundo, mergulhar-lhes, o novo se anunciando, revelando, e os olhos abertos e a boca sedenta de água, água límpida que corre no rio.



(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE DEZEMBRO DE 2016)


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